Um esclarecimento necessário. Secretário de Gaspar não é fonte de informações confiáveis - Jornal Cruzeiro do Vale

Um esclarecimento necessário. Secretário de Gaspar não é fonte de informações confiáveis

15/05/2019

Aqui mata-se a cobra e se mostra o pau

No texto abaixo, postado na quarta-feira, dia 15 de maio, afirmei que a Leila, mulher do prefeito de Gaspar, foi a Brasília, na viagem sem agenda antecipada pela prefeitura aos gasparenses. Ela não foi.

A própria prefeitura não desmentiu a informação da coluna e deveria tê-lo feita, no seu papel institucional, imediatamente. Há uma cara estrutura para isso. Ninguém esclareceu. Nem pediu retificação e que seria prudente, natural e necessário para casos assim.

Ao contrário, na guerrilha para encobrir suas falhas, estimulou terceiros – que dependem da prefeitura no empreguismo ou apoiam o poder de plantão por interesses ou questões partidárias - a fazer isso, informalmente, nas redes sociais, para desacreditar o portal que tem sido independente em relação ao governo, fato que lhe incomoda sobremaneira na propaganda enganosa.

Quem induziu ao erro da informação dada aqui e espalhada por outros nas próprias redes sociais a partir da informação disponível em um post de um membro do governo de Kleber? O secretário de Assistência Social, Santiago Martin Navia. ´

Esta é a postagem da confusão feita por Navia nas redes sociais sobre a viagem dele e de outros membros do governo a Brasília, foi o assunto com os possíveis acompanhantes foi tema da sua rede: “Santiago Martin Navia está se sentido animado com Marisa Tonet e outras nove pessoas em Aeroporto Internacional de Navegantes, em busca de sonhos”. E listou as pessoas, dando a entender que estava com elas no aeroporto com destino a Brasília. Agora, ele está explicando aos que lhe questionaram, que se trata de um rol de amigos a quem queria dirigir uma mensagem pública. Confira a imagem.

Quais as lições?

Você não pode confiar em fonte oficial da prefeitura de Gaspar. Ela produz fake news em suas redes sociais e entre eles mesmos. E quando o assunto se torna público, apressa-se em arrumar culpados que não a própria fonte.

O erro, na verdade, nasceu devido à falta de transparência da própria prefeitura e da equipe do prefeito Kleber Edson Wan Dall. Foi ele quem não divulgou – quem estaria na comitiva e o que cada um faria em Brasília, a favor dos gasparenses. E não é de hoje que há esse errático procedimento em algo que deveria ser público. É repetitivo. Trata-se esse assunto da transparência e da informação como algo menor.

A assessoria de imprensa da prefeitura é ente decorativo e já reportei isso aqui outras vezes. Ela não é capaz de produzir informações e esclarecimentos, quando deveria ser ela a primeira a acionar esta coluna ou a direção do portal e pedir a devida retificação. Não fez. Por incapacidade ou propositadamente para dar argumentos informações de contestações.

Como a notícia dada aqui teve repercussão, a prefeitura preferiu encobrir o seu erro acionando terceiros para atacar o portal. Tratou o caso como um fato político. E ele não é. É desencontro de informações com origem em membro do próprio governo. E por isso, a prefeitura estava obrigada ao esclarecimento

O erro não faz e nunca fez parte da história do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo e de maior circulação, bem como do portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado de Gaspar e Ilhota. E quando ele acontece, porque não está livre dele, esclarecemos não em nome dos políticos, dos empregados públicos que devem explicações e não as dão, mas dos leitores e leitoras, a quem pedimos desculpas quando isso acontece e em nome deles, retificamos as informações.

A falta de transparência, dados incompletos e dúvidas não esclarecidas são rotina atual gestão na prefeitura de Gaspar, basta ver como são, quando são respondidos, os requerimentos dos vereadores, a quem a prefeitura está obrigada pela lei a responder. Imagina-se quando essa obrigação não existe.

Finalizando.

A dona Leila não foi a Brasília. E quem, por puxa-saquimos e talvez não conhecer bem a língua portuguesa, ou tratar a sua rede social pessoal sem o devido cuidado e originou a confusão, foi o secretário de Assistência Social, Santiago Martin Návia. E acreditávamos que ele seria uma fonte confiável. Está provado que NÃO é. E quem devia esclarecer o equívoco no uso da rede por um membro do governo, a Assessoria de Imprensa da prefeitura, foi omissa. E ao mesmo tempo que esclarecemos, pedimos desculpas aos leitores e leitoras do portal e da coluna. Acorda, Gaspar!

Acordo com o Ministério Público retira embargo de prédio no Centro que estava ameaçado de demolição. Proprietário terá que recuperar área degradada e pagará uma multa de R$250 mil em prestações

Um acordo assinado entre a promotora do meio ambiente da Comarca de Gaspar, Lara Zappelini de Souza e André Oneda, da Oneda Administradora de Bens, liberou à conclusão do prédio na fica nas esquinas da Avenida Duque de Caxias e Rua Bertoldo Bornhausen, no Centro, e que servirá para a ocupação de uma Universidade.

Ele estava embargado desde o final do ano passado porque invadiu uma Área de Proteção Permanente, gerou muita polêmica, foi denunciado aqui – você pode consultar no artigo que escrevi no dia sete de janeiro -, nos órgãos ambientais e no próprio Ministério Público. Entretanto, foi só quando a denúncia chegou à ouvidoria do MP em Florianópolis é que o assunto andou e se interditou quase ao final da obra.

Um dos que mais se preocupou com a denúncia foi o vereador Cícero Giovane Amaro, PSD, funcionário público no Samae. Foram praticamente dois meses sem qualquer repercussão, com a prefeitura garantindo ao Ministério Público que tudo estava em ordem. E como se confirmou mais tarde, não estava.

Questionada pelo MP, a secretaria de Planejamento Territorial tocada por Alexandre Gevaerd e a Superintendente do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Gaspar, Rafael Andrade Weber que não fiscalizaram a obra. Só ao final dela, obrigados pelo MP sob questionamento da Ouvidoria, foram à nova vistoria e relataram o problema. A promotora aventou até a demolição da parte da obra que invadiu a APP ao lado do Ribeirão Gasparinho.

Cinco meses depois, muitas conversas, foi fechado um acordo entre as partes e que livra a prefeitura as sua omissão e responsabilidade em fiscalizar a obra, prevê que o investidor vai usar os 196m2 o que invadiu indevidamente, que depois de constatado, alegava ter sido um erro de execução por terceiros do qual não tinha controle. E para isso, em contrapartida, vai recuperar e isolar uma área 269,10m2 de Preservação Permanente; recuperar e isolar uma área contigua de 2.550m2 como compensação e que estava projetada para servir de estacionamento, bem como, pagar uma multa de R$250.000,00, em doze vezes.

Com isso, o processo foi suspenso, mas a Ação Civil Pública ainda não foi extinta até a conclusão do acordo, ou seja, da reparação que a Oneda se comprometeu nas duas áreas e o pagamento da multa.

Conclusão. O vereador estava certo. A ouvidoria do MP estava certa. O jornal Cruzeiro do Vale e esta coluna que não esconderam o fato da população para que até sirva de alerta e conscientização, mas foram tratados como ter metido o bico em coisa alheia, estavam certos. Errado estava o construtor, mas principalmente a prefeitura que não fiscalizou o que autorizou, e ainda tentou dizer colocar panos quentes neste assunto.

Este não é o primeiro prédio que se constrói em Gaspar com graves problemas ambientais, onde há clara solidariedade do município, que o Ministério Público ameaça demolir, e que depois tudo se resolve em acordo. Está dada a dica.

Se não houvesse publicidade antecipada neste caso específico, tudo ficaria como se nada tivesse acontecido, como está ocorrendo com a outra denúncia do mesmo vereador Cícero no caso do embarrigamento da barranca do Ribeirão Gaspar Grande, na foz do Ribeirão Gaspar Grande e a vista de todos. A prefeitura que o autorizou, diz que tudo está normal.

Se não houvesse publicidade, o caso da drenagem da Rua Frei Solano e outras, feita pelo vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, no Gasparinho, também teria passado em branco.

O Hospital de Gaspar na UTI pode comprometer os truques dos políticos na área da saúde para outubro do ano que vem, se houver eleições municipais

O prefeito Kleber Edson Wan Dall e o secretário de Saúde e prefeito de fato, Roberto Carlos Pereira, ambos do MDB, já avaliam à possibilidade de que o Hospital, mesmo sob intervenção municipal e comendo milhões dos impostos dos gasparenses, poderá se tornar um problema nas próximas eleições e contra os donos do poder de plantão.

A ordem é tirar este assunto da imprensa, “por bem ou por mal”, alertam internamente na ânsia de esconderem os resultados desastrosos. O prefeito foi a Brasília ontem, e como sempre acontece, sem mostrar aos gasparenses, previamente, a agenda que teria na capital brasileira. Aliás, com ele, foram mais de dez pessoas, numa farra amplamente documentada nas redes sociais. Entre os viajantes, estava Leila, a mulher do prefeito,

Voltando ao Hospital de Gaspar. E “tirar este assunto da imprensa”, não significa criar soluções aos múltiplos problemas, mas escondê-los do debate, da exposição e do julgamento da população, justamente a mais necessitada, a que mais precisa desse serviço que fará a diferença entre a vida, à qualidade de vida mínima para quem está doente, à sequela e até mesmo à morte.

A ampla reportagem, com depoimentos de casos reais, publicada pelo jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, acreditado, de maior circulação em Gaspar e Ilhota, bem como reproduzida no seu pioneiro e mais acessado portal, abalou à ufanista propaganda oficial, de que quase todos os problemas da caótica situação na saúde pública de Gaspar tinha sido debelado com a ida do advogado Roberto Pereira, para a secretaria.

Ele só foi para lá, depois que a poderosa secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, desenhada por ele na tal Reforma Administrativa, para ele mesmo, mas ficou enfraquecida, quando Kleber e ele, perderam a maioria na Câmara e justamente para um médico, funcionário público municipal e cria política do prefeito, Silvio Cleffi, PSC. Silvio venceu na articulação e no voto a candidata oficial de Kleber e Roberto, Franciele Daiane Back, PSDB.

Pior, o governo de Kleber não contava com o maciço apoio dos gasparense à reportagem, toda ela, fruto de relatos novos casos de erros e mau atendimento, bem como à alta desaprovação do serviço no Pronto Atendimento e Pronto Socorro do Hospital. Tudo ficou estampado e documentado nos comentários nas redes sociais onde a reportagem foi parar no final de semana, uma área em que a prefeitura investe e tenta dominar para esvaziar a imprensa sem rabo preso e que não está a serviço do poder de plantão.

De pouco adiantou e beirou ao ridículo, o contraponto sem argumentos de gente comissionada, aparentados desse tipo de empregado público. Foi identificado, exposto às razões pelas quais fazia à defesa e combatido nas próprias redes sociais. Na interação que é pública e pode ser conferida, mais de 80% confirmaram à preocupação, relataram novos casos e condenaram à forma como o Hospital atende a população doente, carente e sofrida.

Uma minoria defendeu o Hospital, sua gestão ou pediu votos de confiança, ou então condenou o jornal por expor as mazelas do Hospital que gostaria de vê-las escondidas e não resolvidas, desde que os atingidos não fossem eles próprios, seus entes e conhecidos.

GESTÃO ERRÁTICA

O Hospital de Gaspar, que trocou em menos de 30 meses no governo de Kleber quatro vezes de gestor, não conseguiu priorizar o seu Pronto Socorro – para urgências e emergências do Hospital como prometeu. E para piorar, misturou-o com o Ponto Atendimento, um serviço que deveria estar sendo prestado preventivo ou ambulatoriamente pela prefeitura num ambulatório geral ou UPA (que ela não tem), nos postinhos ou até mesmo, na Policlínica.

As reclamações iniciam exatamente na porta de entrada do Hospital e quando não se separam bem o atendimento ambulatorial do da urgência, pois a emergência está estampada aos olhos até de leigos, os problemas se ampliam. Há relatos de mau atendimento, demora sem justificativas e é recorrente, consultas com diagnóstico superficiais, como o que se tornou um drama familiar e comunitário, e qual resultou na morte de Ângela Maria Tanholi Schramm, motivo da reportagem do Cruzeiro do Vale da sexta-feira passada.

A família, inconformada, já avisou que não ficará apenas no testemunho que deu à imprensa e no impressionante relato ao Miro Sálvio, da Rádio Vila Nova. Está juntando provas para ir à Justiça contra o Hospital e a secretaria de Saúde que o administra.

É preocupante a atuação dos médicos residentes no Pronto Atendimento de Gaspar, numa “parceria” técnica com o Hospital Oase, de Timbó, segundo me relatou uma fonte que interage na prefeitura neste ambiente.

Não se trata de desqualificar esses candidatos a profissionais médicos vindos de outros estados. Contudo, eles estão agindo sem adequada supervisão, exatamente por falta de médicos plantonistas que dêem conta do recado no Pronto Atendimento e que se misturou com o Pronto Socorro E se não bastasse essa vulnerabilidade, faltam ainda exames, kits e equipamentos para dar validade e a mínima assertividade aos diagnósticos no Pronto Atendimento, os quais, normalmente, nascem com os residentes.

Este assunto é tabu no Hospital e na secretaria de Saúde que tudo encobre. É que todos os envolvidos conhecem os riscos, os limites, as responsabilidades e as consequências.

“É uma questão de gerência e gestão de saúde pública em Gaspar como um todo”, acentua, a minha fonte. “E tudo desemboca no Hospital”. E quem é o responsável por esta gestão, o secretário Carlos Roberto Pereira, que é advogado.

“Estão gastando dinheiro a rodo com a liberação de ultrassom, diversos e caros exames, consulta médica com especialistas tudo para diminuir determinadas filas de espera e fazer propaganda disso como se estivessem solucionando o que estava represado. Mas, o resultado não é o esperado. E por que”, pergunta e responde esta minha fonte especializada dando exemplos.

“Libera 50 exames de doppler para varizes, mas a cirurgia não acontece por falta de estrutura e cirurgiões no hospital ou até em mutirões. Então esse dinheiro público do “doppler” é jogado fora por falta de planejamento e coordenação. O exame possui uma validade. E se ele não é usado dentro de um período de segurança à cirurgia e ao cirurgião, tudo e terá que ser repetido. Nova fila, mais espera, mais dinheiro, mais reclamações, mais dor, mais desgastes. E assim vai”.

No fundo, o Hospital virou um grande posto de Saúde, quando mistura o PA e o Pronto Socorro, que são duas coisas distintas. E quando não há planejamento, o dinheiro que se gasta nesta confusão dobra e os problemas continuam. Parece proposital. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Está sobrando dinheiro na prefeitura? Uma dezena de funcionários efetivos e comissionados de Gaspar foi ontem a Brasília e inundou as redes sociais com a façanha. Agenda dessa gente por lá não foi divulgada com antecipação, como seria normal num ambiente de transparência com o escasso dinheiro dos pesados impostos de todos os gasparenses.

Neste quesito, Kleber e sua gente, imita o ex-prefeito petista Pedro Celso Zuchi, a quem cobravam e combatiam por essa reiterada prática. O que mudou mesmo?

Alguns – membros do atual governo -, envergonhados, ou experimentados, ou escaldados, chegam a dizer que estão atrás de dinheiro para Gaspar. É importante. Coisa velha e manjada, que não cola mais se não mudar e dar transparência a este ato.

Primeiro: se conseguem alguma coisa, não relatam. Estranho. Segundo, as notícias que estão sendo amplamente divulgadas, dão conta que o governo Federal está cortando ou contingenciando recursos aos bilhões porque está faltando dinheiro para cumprir o Orçamento deste ano. Então quais verbas estão disponíveis para Gaspar?

Ontem, especialmente, Brasília fervia e contra o governo de Jair Messias Bolsonaro, PSL, por teimosia, arrogância e falta de articulação política no Congresso. Então, não é uma semana própria para contatos no governo, tanto que muitas agendas – não apenas com os daqui - foram canceladas.

E se é verba de emendas parlamentares impositivas e as únicas com chances de serem liberadas em migalhas, quem precisa do prefeito, dos secretários e vereadores, é exatamente os deputados e senadores. Eles os têm como cabos eleitorais nas suas bases eleitorais. Senadores e deputados têm endereços em Santa Catarina e estão aqui de quinta a domingo, onde frequentemente não há sessões deliberativas exatamente por falta de quórum.

Então... Se os deputados e senadores estão por Santa Catarina e não em Brasília, a economia de passagens e estadias nas diárias dos políticos e das caravanas de assessores daqui, poderia reverter em benefício dos gasparenses e ao mesmo tempo na aproximação dos deputados e senadores com a comunidade. Ou eles, mais uma vez, só aparecerão às vésperas das eleições para nova surra nas urnas como a que tiveram em outubro passado? Acorda, Gaspar!

A vereadora Franciele Daiane Back, PSDB, faltou à sessão da Câmara ontem à noite. Estava em Brasília. Sintomático quando a caravana de Gaspar estava lá. Justificou que foi se encontrar com o ex-senador Paulo Bauer que está alojado no Palácio do Planalto, e em busca de verbas com a deputada Giovânia de Sá, ambos do PSDB. Tudo, uma semana depois da convenção estadual tucana, onde todos se encontraram.

A propaganda oficial do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e na imprensa que está obrigados a isso, está justificando às mazelas do Hospital de Gaspar denunciadas aqui, com o que acontece em outros hospitais. Vergonhoso. O governo de Gaspar se guia pelo pior e não pelos melhores exemplos nesta área, como no Hospital Santa Isabel?

A foto do secretário de Saúde, o advogado Carlos Roberto Pereira, com o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, na sala de embarque do aeroporto de Navegantes, publicada ontem cedo e intensivamente nas redes sociais, teve um objetivo claro. Criar um álibi para a sua ausência em audiência no Fórum. Deboche com a Justiça.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, por tática, vingança, orientação e desrespeito com a Câmara, sistematicamente vem atrasando o envio de informações pedidas pelos vereadores em requerimentos, na sua maioria aprovados por unanimidade.

A tática foi interrompida no ano passado quando o líder da oposição e hoje governista convertido, Roberto Procópio de Souza, PDT, resolveu obter as respostas via mandado de segurança.

A tática de atrasar as respostas foi retomada este ano. Com os atrasos, os vereadores oposicionistas se socorreram outra vez da jurisdição com despacho favorável da Justiça a favor dos edis. E Kleber teve que se coçar e responder os requerimentos.

O que está fazendo Kleber? Primeiro tomou tento, e em alguns está pedindo sucessivamente adiamento do prazo legal para dar as respostas. Aceitável. É do jogo. Entretanto, em casos onde o governo está explicitamente enrolado por procedimentos, Kleber está respondendo parcialmente, obrigando os vereadores questionarem-no novamente, por novo requerimento o que não foi respondido satisfatoriamente. Ganha-se tempo na enrolação.

Os vereadores estão colecionando esses casos para tipificar fraude, chicana e improbidade administrativa. E quanto mais Kleber dificulta à transparência, mais desconfiados estão os vereadores que começam a afundar os caminhos de Florianópolis. Acorda, Gaspar!

Interessante queixa. Antes os políticos torciam o bico para a imprensa independente. Agora, eles estão indo à tribuna da Câmara de Gaspar, para se queixar dos seus críticos – alguns não só sem educação, mas ferozes com o que fazem ou não fazem pela comunidade - nas redes sociais. Por que não acionam a Justiça como intimidam, cerceam, ameaçam e fazem com a imprensa?

E por falar em redes sociais, chega ser doentia e deprimente à obrigação, de que, agarrados às tetas feitas dos nossos pesados impostos em Gaspar se lançam a comentários em defesa de seus chefes, mesmo diante de clamoroso erro conhecido e reconhecido pela comunidade inteira.

Ato falho. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi no horário da liderança do PT e com a obrigação de defender o partido todo enrolado na Lava Jato admitiu que tem gente que roubou e ao menos por isso, segundo ele expressou, está presa. “E esses que estão roubando e estão soltos?”, questionou. Hum!

A politicalha que coloca as pessoas em risco, criar despesas e burla a lei. O vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, quer saber do Diretor Presidente da Celesc, em que base estão sendo feitas às novas ligações de energia em Gaspar, se Lei nº 3669, de 30 de setembro de 2015, no seu artigo 1º, diz que “as ligações de energia elétrica, água potável e esgoto, realizadas pela Celesc e pelo Samae só com a edição de alvará pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento”.

Para tanto, ele quer saber quantas ligações foram efetuadas em Gaspar nos anos de 2017, 2018 e 2019; se as ligações são efetuadas somente com autorização dos fiscais da Secretaria de Planejamento, conforme a Lei citada; e para que tudo não fique em vagas respostas, pediu para encaminhar cópia das ordens de serviços efetuadas com as autorizações dos fiscais no ano de 2017, 2018 e 2019. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

Herculano
16/05/2019 11:52
CARLUXO E OLAVO: A ARTE DE FAZER LAMBANÇA E DEPOIS SAIR PELA TANGENTE, por Rodrigo Constantino, no site Gazeta do Paraná, Curitiba

As duas maiores influências ideológicas do governo Bolsonaro são, sem dúvida, Carlos, o filho do presidente, e Olavo de Carvalho, seu guru. Um controla a militância virtual raivosa, pronta para xingar qualquer um que ouse discordar uma vírgula da seita, e o outro prepara a narrativa por trás dos ataques, lançando o osso para os chacais babões.

Os dois, juntos, conseguiram criar a maior balbúrdia, para usar termo da moda. Atacaram todos aqueles em torno do presidente, inclusive gente de sua confiança, como o vice-presidente Mourão, o ministro Santos Cruz e outros. Criaram também um clima permanente de guerra com a imprensa em geral e até com vários formadores de opinião da direita.

A estratégia evidente de ambos é a cizânia, o confronto, o combate. Dividir para conquistar. Destruir antes de construir, até porque nunca souberam construir nada. Falar em alunos prontos para a defesa da alta cultura após cursos de Olavo chega a ser uma piada: os bons alunos logo se mandaram ao perceber a farsa, permanecendo apenas bajuladores que se apagam diante da sombra do mestre. Xingar tudo e todos não pode ser jamais confundido com defesa da alta cultura.

Pois bem: com essa postura destrutiva, agressiva, os dois tumultuaram o governo, geraram desconfiança generalizada com suas paranóias, espalharam teses conspiratórias e se colocaram como os únicos reais defensores de Bolsonaro e do Brasil. E conseguiram, assim, afastar várias pessoas sérias do governo, jogar para a oposição muitos liberais e conservadores, e despertar a fúria dos militares dentro do governo.

Não obstante toda essa confusão causada pelos dois, eis que agora ambos resolveram "lavar as mãos" e se afastar da lambança que deixaram para trás. As áreas que mais geraram confusão para o governo Bolsonaro foram justamente aquelas que Olavo de Carvalho exerceu maior influência, indicando ministros. Mas deve ser só uma coincidência, claro. E o "filósofo" disse, numa entrevista, que vai agora se afastar da política, parar de fazer comentários, não vai mais se meter nesses assuntos. Será?

Enquanto isso, Carluxo postou esse comentário:

Lembro que não faço parte do governo e não pleiteio poder. Como qualquer um, apenas demonstro minhas opiniões e liberdade de expressão, mesmo que muitos tentem misturar as coisas propositalmente. O Presidente é o Presidente e eu sou apenas seu filho e não um influenciador.

Tirando o corpo fora agora?! Mas quem escreve na conta oficial do presidente, afinal? Michele Prado comentou:
"Fritando ministro publicamente, aliados, fazendo da conta do Presidente da República o seu playground, criando conflitos desnecessários, mas aí quando dá merda diz que não foi você quem fez. Tá parecendo esquerdistas que não assumem as responsabilidades pelos próprios atos".

Julio Severo também comentou: "O super-ministro invisível que não admite publicamente que tem mais poder do que todos os outros ministros, porque tem o privilégio incomparável de pegar carona no status presidencial do pai".

Mas como Olavo e Carluxo criaram seitas em torno deles, muitos continuam defendendo suas condutas não importa o que aconteça. Enzo Martins fez uma boa análise do modus operandi do "filósofo":

Olavo não está fazendo nada de novo. Ele só escolheu alvos mais importantes agora, mas já dava pra ver sua podridão moral quando ele detonava seguidores e ex-alunos por qualquer crítica que fizessem contra ele. Ele sempre induziu um comportamento de seita entre seus alunos, inibindo qualquer tipo de crítica e incentivando linchamentos virtuais.

É normal que um membro da seita demore a perceber a monstruosidade do sujeito, afinal ele sempre tenta se fazer de vítima. Mas na 1392137a vez que ele arruma uma treta com algum "inimigo interno" da direita, deveriam começar a desconfiar que talvez o problema seja ele.

A real é: até mesmo quando fiéis seguidores do Olavo fazem pequenas críticas ao comportamento dele, ele reage desproporcionalmente humilhando a pessoa, inventando apelidos, xingando, etc. Alguns topam engolir sapo e voltam a ser aceitos na seita. Os que não aceitam vender a alma, viram "persona non grata", e aí passam a ser atacados frequentemente pelo proprio Olavo e pelos demais membros da seita. Eu já vi esse processo acontecer incontáveis vezes.

Outra tática conhecida do guru dos Bolsonaro é a dialética marxista. Ele "nunca erra", está "sempre com a razão", pois defende pontos contraditórios simultaneamente. Dá uma no cravo e outra na ferradura. Aprendeu isso no marxismo e na astrologia de horóscopo. É assim que se coloca como a principal causa da vitória de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que se torna o maior crítico do governo. Se der certo é mérito seu, se fracassar, ele avisou. No meu dicionário isso se chama picaretagem.

Janaina Paschoal, que pediu ao presidente para parar de escutar seus filhos e seu guru, já chamou certos bolsonaristas de petistas com sinal trocado. E é isso mesmo. Os olavetes adotam métodos muito parecidos, partem para o assassinato de reputação, tentam intimidar, espalham discórdia e brigas, e depois ainda bancam as vítimas.

Em suma, os dois foram os maiores responsáveis por espalhar o caos, plantando vento para colher tempestade, e bolsonaristas ainda chamam seus críticos de "corneteiros do fracasso", como se alertar para o perigo dessa postura fosse desejar o pior. É o contrário! Esses críticos estavam vendo justamente a coisa degringolando por conta dessa mentalidade tribal de guerra. A quem interessa o caos? Alexandre Borges tocou nesse ponto:


Carluxo e Olavo prejudicaram muito o governo de Bolsonaro ao impedir qualquer união em prol de uma agenda comum. E agora se afastam de forma estratégica e covarde, como se não tivessem nada com isso. Bom, se o presidente realmente se afastar deles e mudar de postura, ainda há tempo para salvar seu governo. Mas alguém acredita mesmo que os dois vão sumir ou que o presidente vai ignora-los?
Herculano
16/05/2019 11:25
COINCIDÊNCIA?

De Rodrigo Constantino, no twitter:

As áreas que mais geraram confusão para o governo Bolsonaro foram justamente aquelas que Olavo de Carvalho exerceu maior influência. Mas deve ser só uma coincidência, claro...
Herculano
16/05/2019 11:17
O PELOTÃO BOLSONARO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

O presidente ainda não demonstrou claramente como pretende lidar com o Legislativo

Em sua relação com o Congresso, Bolsonaro vai sendo encurralado por questões sobre as quais não tem controle e não sabe como lidar.

Não há como o presidente Jair Bolsonaro se queixar de que não sabia. O sistema de governo brasileiro obriga um campeão de votos diretos (ele) a lidar com um Legislativo de baixa representatividade (o sistema de voto proporcional brasileiro garante a desproporção), fracionado entre dezenas de partidos políticos ?" alguns parecidos a quadrilhas ?" mas cheio de prerrogativas. Que fazem do presidente da Câmara dos Deputados uma espécie de primeiro ministro, até com pauta própria, enquanto o chefe do Executivo legisla por medida provisória.

Nesse "natural" embate não há, até aqui, a menor novidade. Nem mesmo no fato de o campeão de votos dar sinais contraditórios sobre como pretende enfrentar esse dado básico da natureza do sistema de governo. Que confunde mesmo. Por vezes, Bolsonaro acena com gestos políticos que são inerentes à necessidade de se entender com as forças dentro do Legislativo (eventualmente cedendo à pressão fisiológica por cargos). Por outras, despreza a prática da articulação política ?" a começar pela condução da própria bancada ?", qualificando-a como porcaria com a qual não quer se sujar.

Na prática, não está fazendo nem um nem outro. E vai sendo implacavelmente encurralado por prazos de tempo sobre os quais não tem controle. Arrisca-se a ver perdida a reestruturação administrativa por conta de votação de MP mal conduzida na Câmara. Arrisca-se a ver a crise fiscal esmagar ainda mais o espaço para o Orçamento, enquanto já vai atrasado na aprovação de alguma reforma na Previdência. Arrisca-se a entregar de bandeja a adversários políticos uma narrativa política de impacto, como o contingenciamento das verbas da Educação.

No conjunto da obra, está sendo desmoralizado ?" ajudou a enfraquecer o nome mais popular, o de Sérgio Moro, ao já nomeá-lo para o STF, e vai vendo o mundo legislativo e jurídico fazendo o mesmo gesto de atirar, só que, desta vez, é contra seu predileto decreto de flexibilização do porte de armas. Chega a ser perverso constatar, nesse contexto, que o "fundo do poço" ao qual se referiu o ministro da Economia ao falar da situação fiscal não está convencendo deputados a aprovar o que o governo quer, mas, sim, está dando a ideia a eles de que o governo não sabe o que fazer.

Não há dúvidas sobre a espúria motivação de nutrido grupo de parlamentares (a famosa área bandalha da Câmara) ao bloquear a reforma administrativa ou impor sucessivas derrotas ao governo. Ocorre que grande parte da relevância que esse chamado Centrão assumiu nas últimas quatro semanas é sobretudo o resultado de um vácuo político a partir da "base" de sustentação de Bolsonaro na Câmara. A constatação tem sido reiterada pelos próprios parlamentares governistas, não é "papo da mídia".

Aos apoiadores, o presidente e seus filhos têm repetido que "não há jeito", que uma maioria imbatível no Congresso se comporta "contra o Brasil", que a área política "não se deixa moralizar" e que ele está sendo encurralado por parlamentares bandidos e mídia podre e adversa a: a) ceder ao fisiologismo e bandalha, acabando na cadeia. Ou: b) a cometer um crime fiscal e ser "impichado". Se abraçada até as últimas consequências, essa percepção que Bolsonaro aparentemente tem das causas das dificuldades em realizar os projetos que considera mais valiosos, e de aprovar reformas que admite serem necessárias, o levará a agir de forma contundente.

Aí resta saber quem e quantos estarão no pelotão que irá atrás do capitão.
Herculano
16/05/2019 11:10
JÁ HÁ CLIMA MÍNIMO PARA PASSAR A REFORMA ADMINISTRATIVA DO GOVERNADOR CARLOS MOISÉS DA SILVA, PSL. MDB A DESTRAVOU, MAS ENFRAQUECEU A CONTROLADORIA GERAL. DOS 38 ARTIGOS PARA COLOCAR O DEDO NAS FERIDAS DOS ATOS E DINHEIRO PÚBLICO, SOBRARAM NOVE GENÉRICOS. QUE COISA!

Miguel José Teixeira
16/05/2019 08:22
Senhores,

"OLAVO DIZ QUE VAI ABANDONAR O DEBATE POLÍTICO"

Huuummm. . .alguém aí lembra se o "Homem de Virgínia" morre no final do seriado???
Herculano
16/05/2019 07:59
PENSANDO BEM...

Do blog Caneta Desesquerdizadora, no twitter:

Pobre não protesta por mais dinheiro para universidades estatais numa quarta-feira à tarde. Está trabalhando para pagar a faculdade privada feita à noite e o imposto que banca a universidade estatal da elite.
Pobre não pede "Lula livre" porque quer mesmo é ver bandido preso.
Herculano
16/05/2019 07:50
HORA DE O CONGRESSO AGIR CONTRA A CRISE, editorial do jornal O Globo

O Brasil só não cairá no 'abismo fiscal' com a ajuda de deputados e senadores nas reformas

O Congresso precisa entender a mensagem dada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e equipe ao comparecerem terça-feira à Comissão Mista de Orçamento. O motivo da visita já é sugestivo por si só: pedir a deputados e senadores que aprovem projeto de lei do Executivo com a permissão para o governo descumprir a "regra de ouro" e emitir R$ 248 bilhões a fim de pagar despesas correntes: folha de salários, benefícios previdenciários, despesas sociais e assim por diante.

Comparável à família que pede empréstimo para se manter: supermercado, feira, conta de luz, despesas fixas em geral. Nenhum centavo para investir em projetos que possam mais à frente permitir a geração de renda e o pagamento das dívidas. Neste caso, pode-se fazer o paralelo entre Estado e famílias.

A finalidade do sinal verde para a emissão de títulos da dívida já serve de estridente alerta: é necessária a permissão do Congresso porque o governo está impedido, por força constitucional, de usar recursos provenientes de endividamento para pagar gastos de custeio. Mas ser preciso levantar dinheiro no mercado financeiro para manter a máquina pública minimamente funcionando já é alarmante.

Voltam as críticas ao teto, também constitucional, corretamente criado no governo Temer para conter o crescimento descontrolado do déficit das contas públicas, a força que empurra para o alto a dívida pública. Ela está na faixa dos 80% do PIB, e continuará a subir. Era 50% no final da gestão Dilma, a responsável pelos desmandos de política econômica que deixaram de herança esta disparada do endividamento. Quanto ao teto, revogá-lo serve apenas para maquiar a difícil situação das finanças públicas, sem qualquer resultado positivo, pelo contrário.

A defesa do projeto de lei serviu para o ministro realçar a importância da reforma previdenciária: "a Previdência virou um buraco negro fiscal que ameaça engolir o Brasil". O país está à beira de "um abismo fiscal", reforçou.

O momento é adequado para todos entenderem o que acontece no país. Por trás da incapacidade de a economia reagir ?" caminha-se para o terceiro ano consecutivo de virtual estagnação ?" está a catástrofe fiscal que impede a volta de investimentos, porque não há confiança no futuro.

E, sem investimentos, a economia perde fôlego, não gera empregos e reduz a arrecadação de tributos. Em março, por isso, o governo anunciou um contingenciamento de R$ 29,7 bilhões ?" que poderão ser convertidos em cortes efetivos ?" e já se prevê mais R$ 10 bilhões para até o fim do mês. No boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, as projeções de analistas do mercado financeiro, para o PIB deste ano, já retrocederam para abaixo de 1,5%.

A situação, porém, representa para o Congresso uma chance especial de exercer um papel exemplar no combate à crise. Já ficou no passado, felizmente, o tempo em que a sociedade aguardava o lançamento de pacotes econômicos pelo Executivo. Nenhum deu certo.

O Plano Real funcionou, mas, além de uma engenharia econômica refinada, passou pelo Congresso, onde ganhou legitimidade. A era dos pacotes acabou, e o que se trata agora é de deputados e senadores, conhecida a proposta de reforma da Previdência, já em debate, darem seu aval à indiscutível necessidade de modernização do sistema. É também uma oportunidade para deputados e senadores trabalharem juntos com a equipe econômica a fim de construir outras medidas que ajudem a destravar a economia, cujo cenário é preocupante.
Herculano
16/05/2019 07:48
A AULA DO STJ AOS JUSTICEIROS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Não tem sido difícil encontrar, nos últimos tempos, excessos nas decisões da Justiça.

Não tem sido difícil encontrar, nos últimos tempos, excessos nas decisões da Justiça. Sob o pretexto de combater a corrupção e a criminalidade, alguns juízes têm ido muito além do que a lei permite e, com interpretações que se afastam da razoabilidade e da técnica jurídica, pretendem impor suas idiossincrasias justiceiras. A esses que se arrogam o direito de fazer justiça por seus próprios métodos ?" e não pelos caminhos legais ?", a 6.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu, no julgamento do habeas corpus impetrado em favor do ex-presidente Michel Temer, uma verdadeira aula de Direito. A decisão de terça-feira passada, que suspendeu a prisão preventiva de Temer e do Coronel Lima, não apenas cessou uma flagrante ilegalidade. Ela reafirmou importantes garantias e liberdades de um Estado Democrático de Direito.

Acompanhando o voto do relator, ministro Antonio Saldanha Palheiro, os integrantes da 6.ª Turma do STJ reconheceram que a prisão preventiva não pode ser usada como antecipação de pena. Não é porque uma pessoa está sendo investigada por um crime grave que ela deva ir para a prisão. "Não se discute a gravidade das condutas investigadas, porém o que está em questão não é a antecipação da pena, mas a verificação da necessidade de medidas cautelares, em especial a prisão preventiva", afirmou a ministra Laurita Vaz.

Esse respeito aos tempos do processo penal é parte essencial de uma Justiça isenta, que busca a verdade dos fatos e, portanto, respeita a presunção de inocência. Como lembrou o ministro Nefi Cordeiro, presidente da 6.ª Turma, "manter solto durante o processo não é impunidade, como socialmente pode parecer. É uma garantia, somente afastada por comprovados riscos legais". A lei prevê os casos em que a Justiça pode determinar a prisão preventiva, como, por exemplo, o risco concreto e contemporâneo da destruição de provas.

Os ministros entenderam que os fatos apurados, que teriam ocorrido quando Michel Temer ocupava a Vice-Presidência da República, são "razoavelmente antigos" para justificar a prisão preventiva. "Não foi tratado nenhum fato concreto recente do paciente para ocultar ou destruir provas", afirmou o relator, Antonio Saldanha Palheiro. "Sem essa contemporaneidade, a prisão cautelar se torna uma verdadeira antecipação de pena", disse.

No julgamento, recordou-se que uma delação, tomada isoladamente, não pode servir de fundamento para a prisão de uma pessoa. O depoimento de um delator "é mero meio de obtenção de prova", disse o relator. Esquecido com frequência, esse ponto tem dado causa a abusos ?" toma-se por verdade o relato do delator ?" e a investigações frágeis ?" autoridades contentam-se com o que foi afirmado na delação. Para que o processo penal possa revelar o que de fato ocorreu, é preciso que a delação seja ponto de partida da investigação criminal, e não a sua conclusão.

Ao suspender a prisão preventiva, a 6.ª Turma do STJ impôs a Michel Temer e ao Coronel Lima medidas cautelares alternativas à prisão, como a proibição de manter contato com outros investigados, mudar de endereço, ausentar-se do País ou ocupar cargo público ou de direção partidária. Assim, o STJ reafirmava outra verdade habitualmente ignorada nos tempos atuais: a prisão preventiva não é o único meio previsto pela lei para proteger a instrução criminal, havendo outras medidas menos gravosas.

Por isso, antes de decretar a prisão preventiva, o juiz deve analisar adequadamente a possibilidade de aplicar as outras medidas cautelares diferentes da prisão. Sem essa rigorosa análise, o decreto de prisão é ilegal ?" infelizmente, tal prática é assustadoramente comum. "Não se pode falar em mera conveniência da restrição de liberdade, mas em efetiva necessidade da medida cautelar mais grave", lembrou o ministro Rogerio Schietti Cruz.

O STJ é a Corte responsável por uniformizar a interpretação da lei federal em todo o País. Que a lição de terça-feira passada, dada pela 6.ª Turma, não seja ignorada pelas demais instâncias do Judiciário. Sem lei, não há liberdade.
Herculano
16/05/2019 07:44
OLAVO DIZ QUE VAI ABANDONAR O DEBATE POLÍTICO

Conteúdo de O Antagonista. Olavo de Carvalho, em entrevista a uma página bolsonarista, prometeu abandonar temporariamente o debate político:

"Já era previsível para mim a transformação do general Santos Cruz numa espécie de supergovernante. Ele sempre lutou por isso e conseguiu o que queria. Não sei como, não sei que argumentos ele usou com o presidente. Eu sei que, depois de terem sido detectadas condutas irregulares - e até criminosas - dele, ele foi promovido.

O que eu posso fazer? Então, o que estou decidindo hoje é me ausentar temporariamente do debate político nacional."

Ele disse também que sua página no Facebook foi bloqueada:

"Meu Facebook foi cancelado, foi bloqueado. Taparam a minha boca. Não tem problema, vocês se virem aí, fiquem com o Santos Cruz, serão governados pelo Santos Cruz e serão felizes."
Herculano
16/05/2019 06:50
JANAÍNA PASCHOAL PEDE QUE BOLSONARO PARE DE OUVIR FILHOS E OLAVO, por Rodrigo Constantino, no site Gazeta do Povo

Em nota publicada nas redes sociais, a deputada Janaina Paschoal atacou FHC e aqueles que já falam em impeachment de Bolsonaro após menos de 5 meses de governo, e também aproveitou para pedir união aos que votaram no presidente, apelando para que ele pare de ouvir Olavo e seus filhos, que costumam gerar mais cizânia do que união. Eis o texto na íntegra:


Muito curioso, quando eu pedi o impeachment de Dilma Roussef, com base em crimes graves, fartamente demonstrados, FHC saiu em defesa da ex-Presidente, diminuiu minha denúncia, mesmo confessando não ter lido... depois, serviu como testemunha de defesa de Lula em vários processos.

Agora, no nascedouro do governo Bolsonaro, ele diz aos sindicalistas, que o impeachment pode ser inevitável. E ainda tem quem diga que FHC era o líder da oposição ao PT!? FHC é o mais letrado dos petistas!

Acreditem, as manifestações de hoje não têm nada a ver com cortes na educação, nem com reforma da previdência. Os infiltrados usariam qualquer desculpa para criar o factoide da insatisfação, com o fim de derrubar Bolsonaro. Peço, encarecidamente, àqueles que ajudaram a elegê-lo que parem de brigar entre si. É isso que eles querem. É assim que se fortalecem. Parem de brigar internamente! A briga com os verdadeiros opositores (que estão unidos) está só começando!

Afastem as teorias da conspiração da mente... Não houve um único grupo (ou pessoa) responsável pela vitória de Bolsonaro. Houve um povo cansado que se uniu e abraçou nossa única alternativa naquele momento. Caiam na real!
Peço a Bolsonaro que pare de ouvir Olavo. Ele tem uma obra incrível, mas a obra não se confunde com o autor. Peço a Bolsonaro que pare de ouvir os próprios filhos. Siga amando seus filhos, mas os afaste, por favor.
Muitos querem derrubar Bolsonaro, mas não somos nós! Nós enfrentamos todos os riscos para dar uma chance ao país. Bolsonaro, reflita! Eu nunca menti para o Sr! O Sr sabe!

Enquanto isso, o próprio Carlos Bolsonaro tuitou falando em possível queda do pai:

A questão que surge é: a postura de Carlos e sua militância virtual ajuda ou atrapalha o governo de seu pai? Eis o ponto. Muitos vêm alertando que esse clima de guerra propagado pelo próprio bolsonarismo vai dificultar o governo de Bolsonaro, e aumentar o grupo dos que falam em impeachment.

Os bolsonaristas, com alguma razão, dirão que é um golpe do establishment contra as mudanças propostas pelo presidente com o apoio do "povo". Mas os críticos honestos poderão argumentar que era previsível ou mesmo inevitável esse resultado se a estratégia escolhida fosse o confronto direto com o Congresso.

Contar apenas com a "pressão popular" (na verdade, militância virtual) para vencer a própria democracia, com todas as suas imperfeições e com esse centrão fisiológico, mas eleito, era um sonho ingênuo e perigoso, pois populista e autoritário. Renan Santos, do MBL, gravou um vídeo com boa análise sobre essa guerra de Bolsonaro, apontando para o eventual fracasso dessa tática dos "templários".

Diante das derrotas do governo na Câmara, William Waack gravou um comentário sobre esse embate, sem analisar o mérito, mas concluindo que dificilmente Bolsonaro sairá vencedor dessa batalha

O resumo da ópera (bufa) é que os bolsonaristas, ainda que com boas intenções, acharam ser possível dobrar o Congresso "podre" com a pressão "popular" (militância virtual), desprezando não só o fato de que deputados e senadores da "velha política" foram eleitos de forma legítima e representam parcela do povo, como a força do Parlamento. Queriam uma espécie de déspota esclarecido, mas isso não vai vingar - nem deveria. As mudanças em nosso país serão graduais, reformistas, não por meio de uma revolução "redentora".

Em suma, a campanha jacobina do próprio bolsonarismo foi criando resistências não só no centrão fisiológico e no establishment, como nos círculos liberais e conservadores, já que muitos ficaram assustados com o grau de autoritarismo e intolerância dos bolsonaristas, em especial dos próprios filhos do presidente e de seu guru. Quem tem alimentado a narrativa de impeachament, portanto, é justamente a turma que acha que está salvando o presidente e o Brasil. Quem planta vento colhe tempestade, e quem alimenta corvos terá os olhos arrancados.

Não foi por falta de aviso...
Herculano
16/05/2019 06:42
da série: o jogo dos políticos - deputados federais e senadores, inclusive os de Santa Catarina - no Congresso com os nossos votos, dados para nos representar, mas que usam contra os cidadãos que lhes paga muito com os escassos pesados impostos.

Está na coluna Painel, de Daniela Lima, no jornal Folha de S. Paulo

Verga,mas não quebra?
Mesmo intercalando momentos de tensão, a ida do ministro Abraham Weintraub (Educação) à Câmara nesta quarta saiu melhor do que o previsto. Na noite anterior, deputados falavam em "fuzilamento", mas o economista saiu vivo.

Meu plano
O centrão comemorou. "Mudamos a pauta e colocamos a bola no meio do campo. Mas a oposição perdeu o gol", comentou um líder.
Herculano
16/05/2019 06:23
da série: um erro de avaliação e comunicação poderá ser o estopim de um desastre que não era necessário: o enfraquecimento do governo Bolsonaro. Era preciso contingenciar verbas para a educação. Outros governos já fizeram isso. Todos os ministérios têm verbas sendo contingenciadas. Falta dinheiro, se não forem feitas as reformas - que a oposição dificulta no quanto pior melhor - ou se aumentar ainda mais os pesados impostos de todos nós e que pega mais nos mais pobres. Era preciso dizer que o corte de 3,5% da educação, e que espertamente virou 30% para a oposição e depois de ajustou para 24%, era uma represália à suposta balburdia nas universidades? Qual a razão da provocação? Agora aguenta. E nós, mais uma vez, com a conta dessa insensatez.

RUA VOLTA A ASSOMBRA O MUNDO POLÍTICO, E BOLSONARO DOBRA APOSTA, por Igor Gielow no jornal Folha de S. Paulo

Se espraiamento de atos furar bolha da esquerda, presidente terá de rever tática

A rua voltou a assombrar o mundo político brasileiro, que até hoje não conseguiu efetuar a simbolização do movimento gigantesco de 2013.

Desde então, ela foi central para a queda de Dilma Rousseff (PT) em 2016. No vácuo do sistema político, arrasado pela Lava Jato, ela ajudou a dar materialidade ao fenômeno eleitoral Jair Bolsonaro (PSL).

Políticos de diversas matizes se entreolharam ao ver imagens na televisão e telas de celulares nesta quarta (15). A rua que ajudou a parir o bolsonarismo se movimentou de novo, com o sinal trocado. Ironia histórica? Seja como for, vale o senso comum em Brasília para as Comissões Parlamentares de Inquérito: todo mundo sabe como começa, ninguém sabe como acaba.

Bolsonaro fez o que se esperava: apostou na radicalização. O presidente parece ignorar as imagens e o sentido do que está acontecendo ao chamar os manifestantes de imbecis. Se nas redes sociais que lhe são favoráveis, reduto ao qual sua popularidade parece ter se retraído, na vida real algo aconteceu com o espraiamento dos protestos pelo país.

Isso porque não parecem ser apenas os tradicionais aderentes de sindicatos e partidos de esquerda que se manifestaram. É notável como suas pautas preexistentes, como o combate a reformas como a trabalhista no governo Temer e a previdenciária, agora, falharam miseravelmente em galvanizar os círculos fora do mundo dos "mortadelas".

O mesmo pode ser dito do movimento Lula Livre, que pede a soltura do ex-presidente petista condenado por corrupção: zero adesão fora do círculo combalido da esquerda.

Nesta quarta, são incontáveis os registros de estudantes de classe média, dos quais muitos pais certamente votaram em Bolsonaro, nas ruas. Será a educação o novo R$ 0,20 de aumento da tarifa de ônibus que marcou o estopim dos protestos de 2013?

Se assim for, Bolsonaro pode estar fazendo o que Dilma fez quando os grupos à direita egressos de 2013 foram às ruas pedir sua cabeça. Demonização de adversários, naquele caso "viúvas da ditadura", "defensores da intervenção militar" e "fascistas", sempre foi uma especialidade do PT.

Com a articulação no Congresso inexistente, derrota após derrota, o governo parece apoiar-se na cartilha da chamada ala ideológica do bolsonarismo. A narrativa da guerra santa contra o marxismo tenderá a dominar o canal usual do grupamento, as redes sociais.

Em vez de explicar o buraco nas contas públicas que força contingenciamentos todos os anos, e neste de forma aguda, Bolsonaro preferiu usar o bloqueio como arma ideológica para espezinhar a conhecida esquerdização do meio acadêmico. Raspou o crime de responsabilidade, daí os recuos atabalhoados até o tropeço em Dallas.

Só há uma coisa que assusta parlamentar no Brasil: rua. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu uma senha poderosa ao relativizar o teto de gastos, ainda mais falando a investidores nos EUA. O Congresso tenderá a buscar a ocupação de espaço que o Planalto parece ignorar, especialmente se matar logo a fatura de alguma reforma da Previdência.

Bolsonaro, apoiado em sua prole e ministros ditos ideológicos, parece acreditar que haverá um movimento contrário a emular a onda que o levou ao poder. Lula também achava isso quando a rua pediu a cabeça de sua protegida, embora seja necessário estabelecer a diferença de momentos econômicos: Bolsonaro parece rumar para um naufrágio, Dilma já presidia sobre um.

Agora é esperar o que vai acontecer com a onda que bateu nas costas do bolsonarismo. Se ela de fato for ampliada para além da agenda da esquerda, rejeitada em duas eleições seguidas (2016 e 2018), o presidente terá de reavaliar o tom beligerante de seu discurso se não quiser ver o Congresso ainda mais às suas costas.

Por óbvio, Bolsonaro ainda tem capital político, afinal tem menos de cinco meses de governo. Só que o raciocínio vale inversamente: ele só tem esse período no cargo e já carrega o desgaste de anos no poder.
Herculano
16/05/2019 05:59
A INGENUIDADE DA DIREITA QUE PREFERE A OFERTA DE DISTRAÇÃO DA RINHA DA ESQUERDA, À INTELIGÊNCIA

De Fernando Holliday, vereador pelo DEM paulista, membro do MBL

A pior coisa que a direita pode nesse momento é subestimar a capacidade da esquerda de enganar a população.

É preciso expor as mentiras e não fingir que elas não existem.
Herculano
16/05/2019 05:52
É PARTE DO POVO

De Rodrigo Constantino, no twitter:

A maioria era mesmo massa de manobra, muitos levaram pautas absurdas como "Lula Livre" e contra a reforma previdenciária, e uma turma ainda partiu para violência e depredação, típico da esquerda. Mas um fato é inegável: era bastante gente. E eis o ponto: isso também não é povo?
Herculano
16/05/2019 05:49
BOLSONARO ERRA AO CONFINAR NA ESQUERDA OS PROTESTOS DA EDUCAÇÃO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente tenta tingir manifestantes de vermelho, mas não consegue apagar fatos

Jair Bolsonaro decidiu enfrentar as ruas. Dos EUA, ele disse que a maioria dos manifestantes que protestavam contra o congelamento de gastos na educação "não tem nada na cabeça". "São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona", atacou.

O presidente tenta confinar à esquerda a primeira grande mobilização contra seu governo. Para se blindar de desgastes, ele sugere que alunos e professores não têm motivo para reclamar de sua gestão. São só alvos de uma manipulação política por parte de seus adversários.

Bolsonaro nunca está errado. Se alguém se opõe ao decreto para facilitar o porte de armas, certamente é um militante que pretende cercear direitos do cidadão de bem para transformar o país numa Venezuela. Se um manifestante defende as universidades, deve ter feito estágio em Caracas para doutrinar estudantes. Reclamações sobre a extinção de conselhos públicos? Venezuela.

De certa maneira, Bolsonaro remodela a polarização que o ajudou a romper a bolha conservadora e consolidou sua vitória na eleição de 2018. O presidente busca desqualificar seus críticos ao vinculá-los aos interesses políticos da esquerda.

Na sabatina a que foi submetido na Câmara, o ministro Abraham Weintraub até conseguiu se esquivar de polêmicas maiores, mas fez questão de dizer que a culpa dos cortes era do PT: "O orçamento atual foi feito pelo governo de Dilma e Temer. Não somos responsáveis pelo desastre da educação, não votamos neles".

Ao tingir seus opositores de vermelho, o governo trabalha para esvaziar seus argumentos. A politização cega da realidade, no entanto, não é capaz de apagar os fatos.

O método é especialmente arriscado no caso da educação. Bolsonaro resolveu encarar de frente um setor que transborda classes, regiões e preferências partidárias. Caso o bloqueio de gastos prejudique o funcionamento de laboratórios ou o fornecimento de água, não haverá coloração política que proteja o governo.
Herculano
16/05/2019 05:45
DELAÇÃO COMPLICA PROJETO PRESIDENCIAL DE MAIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A delação de Henrique Constantino, chefão da empresa aérea GOL, pode complicar o projeto do deputado Rodrigo Maia, que ele próprio havia confirmado a esta coluna, de disputar a presidência da República em 2022. Também atrapalha o governador de São Paulo, João Dória, outro pretendente ao cargo, em razão do envolvimento do ex-ministro Bruno Araújo, por ele escolhido para o cargo de presidente do PSDB.

CANDIDATÍSSIMO
Rodrigo Maia disse que será candidato a presidente em qualquer quadro, "para ganhar ou para perder", como enfatizou.

MAIA NEGA RELAÇÃO
Constantino implica Rodrigo Maia no recebimento de propinas. O presidente da Câmara nega e diz que nem conhece o homem da GOL.

CONTAMINAÇÃO
João Dória não está implicado em qualquer caso de corrupção, mas os aliados temem "contaminação" do Bruno Araújo, citado na delação.

RENOVAÇÃO
Simpático à expulsão de Aécio Neves e Beto Richa, Doria precisaria incluir Bruno Araújo na lista para se livrar do risco de "contaminação".

MORO FICARÁ MAIS TEMPO NO STF DO QUE FOI JUIZ
Quando de fato for indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para integrar o Supremo Tribunal Federal, em 1º dia de novembro de 2020, o ministro Sérgio Moro (Justiça) terá 48 anos de idade e, com isso, poderá permanecer na Corte até 2047, pelo período 27 anos, cinco a mais do que o tempo em que ele foi juiz federal. Moro vai assumir a vaga do ministro Celso de Mello, já sob a presidência de Luiz Fux.

TRINTA ANOS NO STF
No próximo dia 1º, o ministro decano Celso de Mello estará a 17 meses da aposentadoria. Ele completa 30 anos no STF em 17 de agosto.

AINDA TEM MAIS UM
Em seu governo, Bolsonaro ainda vai nomear outro ministro no STF. Será em julho de 2021, com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio.

PRóXIMOS PRESIDENTES
Fux vai presidir o STF até setembro de 2022. Posteriormente, será sucedido pelos ministros Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

PROFESSOR QUE NADA
No protesto de ontem, dezenas de ônibus à espera mostrou que os "mortadelas" voltaram à Esplanada dos Ministérios. Eram 6 mil pessoas no auge do protesto, diz a PM. Para o PT, que o organizou, "100 mil".

VAI PERDER SEMPRE
Bolsonaro deve ter apreciado briga de rua, quando moleque. Só isso explica a disposição de se expor ao "quebra-queixo" de repórteres em Dallas (EUA), ontem. Não tem o menor perigo de se sair bem.

SÍNDROME DE DOM QUIXOTE
O Superintendente Regional do Sebrae-DF, Antonio Valdir Oliveira, deu uma aula a esquerdistas sobre privatização de empresas deficitárias: "Criamos 'inimigos imaginários' para alimentar interesses corporativos".

POLÍTICO ATLETA
Ex-vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Fillippeli circulou no Congresso, esta semana. Impaciente, desceu o prédio do Anexo IV da Câmara de escada, mostrando fôlego pouco habitual para um político.

FICOU INSUPORTÁVEL
O senador Oriovisto Guimarães (Pode-PR) estava radiante na Comissão Mista de Orçamento. É que o ministro Paulo Guedes (Economia) não poupou elogios ao parlamentar, que é empresário.

MUITO CEDO
Experiente parlamentar, o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) ironizou quem, na oposição, duvida dos 308 votos necessários à aprovação da reforma da Previdência. "A discussão mal começou", avisou.

CENTRÃO E PT, TUDO A VER
Partidos do "centrão" viraram heróis do PT. A Fundação Perseu Abramo, do partido, celebrou a fofoca de que líderes do bloco, que agem como reservas morais, desmarcaram encontro com Bolsonaro.

TROPA DE CHOQUE DO GOVERNO
O deputado Alexandre Frota (PSL-SP) publicou foto às 14h15 desta quarta (15), na primeira fileira da comissão especial da reforma à Previdência. As luzes ainda estavam apagadas e os lugares, vazios.

PERGUNTAR NÃO CORTA PONTO
Por que protesto de funcionário público nunca é organizado no fim de semana?
Herculano
16/05/2019 05:39
BOLSONARO DOMINA A FóRMULA DE FAZER ÁGUA, por Roberto Dias, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Presidente conseguiu soterrar um debate legítimo com uma sucessão de bobagens

Jair Bolsonaro conhece algumas fórmulas, talvez até a da água.

Uma que ele agora demonstra dominar é a fórmula para determinar o nível intelectual dos opositores. É um teste simples - trata-se de tomar tabuada, mais especificamente a multiplicação de 7 por 8.

Poderia se resumir a uma grosseria, mas acaba sendo mais do que isso. Expressa por quem nomeou um ministro da Educação que se atrapalha com a ortografia, a fórmula do presidente provavelmente resultará negativa se aplicada a seu governo.

O que só faria confirmar outra fórmula, essa levada ao estado da arte por Bolsonaro: a de acertar tiros no casco de seu próprio navio.

Ele conseguiu soterrar um debate legítimo (as universidades públicas são eficientes?) com uma sucessão de bobagens que, agrupadas, produziram imagens de protesto na rua, país afora, da avenida Paulista à fronteira com a Colômbia. Nem os tuítes de Olavo de Carvalho tinham derivada tão alta.

Para atacar a educação, o governo recorreu a outra fórmula que conhece como ninguém, a das metáforas. Até Onyx Lorenzoni aprendeu: disse que cortar nas universidades é como economizar para comprar um vestido de festa.

Bolsonaro, aqui, trocou as variáveis. Deixou de lado as metáforas casamenteiras e mirou logo o estômago. Talvez por não considerar que o investimento na educação seja algo assim, digamos, essencial, ele e Abraham Weintraub decidiram compará-lo ao gasto com chocolates.

A cena de apresentação da metáfora diz muito sobre o governo. Para defender o contingenciamento, o ministro discorreu sobre a importância de, em determinados momentos, guardar o chocolate para comer depois. "Deixa para depois de setembro, segura um pouco", afirmava ele. Bolsonaro não esperou setembro chegar. Enquanto o ministro falava, o presidente já mastigava o pedaço que enfiara correndo na boca. As fórmulas teatrais acabam por contar mais do escrito no roteiro.
Herculano
16/05/2019 05:01
Não entendi. Quem fez o discurso na Tribuna Livre da Câmara, foi o funcionário Alan Luciano.Claro e corajoso. Mas, ele falando dele mesmo aqui?
Alan Luciano dos Santos
15/05/2019 16:45
Acompanho a coluna "Olhando a maré" e não me furto em concordar com o colunista da mesma. É interessante notar que a reação da população ante os fatos apresentado dá uma prévia do que possivelmente teremos como resultado na próxima eleição municipal(Prefeito). não sou do tipo que torce pelo erro para que as minhas especulações ganhem forças, porém os fulanos se direcionam ao fracasso por eles mesmos.Triste é a realidade do nosso Hospital,mais triste ainda é ver que as mazelas do mesmo constantemente são maquiadas afim de esconder o que está escancarado e visto ao vivo e a cores pelos usuários. Ontem estive na Câmara de vereadores e pude acompanhar o discurso, muito bem feito diga-se de passagem,de um funcionário da prefeitura. A administração foi questionada a respeito da bolsa de estudos concedida a funcionários efetivos. Essa bolsa promove uma enorme desigualdade por que não beneficia aux. de serviços gerais,zeladores e servente/merendeira. Gostaria de ver o Herculano discorrer sobre esse assunto.
Herculano
15/05/2019 11:55
ESTAMOS DIANTE DE UMA DILMA DE CALÇAS? OS NÚMEROS SÃO PREOCUPANTES. NÃO É A TOA QUE BOLSONARO JÁ SUGERIU AS APURAÇÕES PRECISAM SER REVISTAS PARA NÃO SEREM COMPARADOS E CONFUNDIR O DISTINTO PÚBLICO.

A FAMÍLIA BOLSONARO NÃO ENTENDEU QUE O SUCESSO DO GOVERNO ESTÁ RELACIONADO A VOLTA DO EMPREGOS DE MAIS DE 14 MILHÕES QUE O PT COM DILMA, A ESQUERDA DO ATRASO E O CENTRÃO COLOCOU NO OLHO DA RUA; QUE SÃO NECESSÁRIAS AS REFORMAS, QUE É PRECISO COMPOR, CRIAR BASES, CEDER DIANTE DE POLÍTICOS BÁRBAROS MAS QUE ESTÃO LÁ COMO ELE ESTEVE FAZENDO BARBARIDADES - INCLUSIVE NA OMISSÃO - NO CONGRESSO POR QUASE 30 ANOS

OS PRIMEIROS NÚMEROS DE HOJE QUE RETRATAM O PRIMEIRO TRIMESTRE DESTE ANO MOSTRAM QUE ATÉ O EX-PRESIDENTE MICHEL TEMER, MDB, FOI MELHOR DO QUE ELE NA SINA DE TIRAR O PAÍS DO BURACO. ESTAMOS NOS ENTERRANDO DE NOVO.

'PRÉVIA' DO PIB DO BANCO CENTRAL INDICA QUE ECONOMIA BRASILEIRA RECUOU 0,68%

Resultado oficial do PIB será divulgado pelo IBGE em 30 de maio e, se retração for confirmada, será a primeira em dois anos.

Conteúdo do portal G1. Texto de Alexandro Martello, do G1 de Brasília. A economia brasileira registrou retração de 0,68% no primeiro trimestre de 2019, indica o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), uma espécie de "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pelo Banco Central nesta quarta-feira (15).

O recuo de 0,68% entre janeiro e março deste ano foi verificado na comparação com o quarto trimestre de 2018. O número foi calculado após ajuste sazonal, uma "compensação" para comparar períodos diferentes de um ano.

Quando a comparação é feita com o resultado do primeiro trimestre de 2018, porém, o IBC-Br do primeiro trimestre de 2019 indica alta de 0,23% (sem ajuste sazonal). Em 12 meses até março deste ano, também sem ajuste sazonal, os números do BC indicam uma expansão de 1,05%.

O IBC-BR é um indicador criado para tentar antecipar o resultado do PIB, que é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números oficiais do PIB do primeiro trimestre serão divulgados no dia 30 de maio.

A retração registrada no primeiro trimestre deste ano, se confirmada, será a primeira desde o quarto trimestre de 2016, quando a economia brasileira registrou um tombo de 0,6%.

IBC-BR X PIB
O cálculo do IBC-Br é um pouco diferente do usado no PIB. O indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os resultados do IBC-Br, porém, nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais divulgados pelo IBGE.


Além disso, o IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. O crescimento ou desaceleração da economia influenciam na inflação, que o Banco Central busca controlar por meio da taxa Selic.

BC e Paulo Guedes
O próprio Banco Central já havia alertado, nesta terça-feira (14), por meio da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que "indicadores disponíveis sugerem probabilidade relevante de que o PIB tenha recuado ligeiramente no primeiro trimestre do ano".

Também nesta terça-feira, em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a economia do país está no "fundo do poço" e, na avaliação do ministro, está "nas mãos" do Congresso tirar o Brasil dessa situação, com a aprovação de reformas propostas pelo governo.

"Então, não adianta achar que nós vamos crescer por fora, que vamos crescer 3%. Não é a nossa realidade. A nossa realidade é o seguinte: estamos lá no fundo. Agora, está nas mãos da Casa [Congresso Nacional] nos tirar do fundo do poço, com esse equacionamento fiscal [com a aprovação da reforma da Previdência, entre outras medidas]", acrescentou ele, na ocasião.

Em linha com as estimativas do mercado financeiro, que prevê uma expansão de 1,45% para a economia neste ano, o ministro também indicou que vai revisar de 2,2% para 1,5% a previsão oficial do governo de alta do PIB em 2019. Com um crescimento menor, a equipe econômica tem alertado que será necessário um novo bloqueio de gastos no orçamento de 2019.

O que dizem os analistas
Alguns economistas do mercado financeiro também alertam que os dados sobre o desempenho da indústria, do comércio e dos serviços nos primeiros três meses do ano apontam que o resultado do PIB do período pode vir negativo.
Herculano
15/05/2019 11:42
CHUTE NOS ALIADOS, por Ruy Castro, escritos, no jornal Folha de S. Paulo

E se Bolsonaro quiser ser abandonado por todo mundo para governar 'com o povo'?

Os aliados de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral deviam ter desconfiado quando, assim que foi empossado, ele jogou no mar seu amigo, seguidor e devoto Magno Malta. Todos se lembram da importância de Magno Malta, então senador pelo Espírito Santo, na vida do candidato. Quando Bolsonaro levou a facada em Juiz de Fora, foi Magno Malta quem se debruçou sobre ele no leito do hospital, quase o asfixiando, e fez uma reza braba ?"digo, oração?" pela sua recuperação. O país inteiro assistiu. Magno Malta olhou para o teto em busca de Deus e, com seus poderes de pastor evangélico e cantor de pagode gospel, só faltou ordenar a Bolsonaro: "Levanta-te e anda! Levanta-te e anda!".

Seja como for, deu certo. Bolsonaro levantou-se, andou e, um ou dois dias depois da posse, chutou Magno Malta de volta para o limbo de onde ele nunca devera ter saído ?"sem mandato, por não ter sido reeleito senador por seu estado, e sem o ministério que esperava ganhar por sua devoção. Dura perda para quem, um dia, sonhara até ser o vice de Bolsonaro.

Para Bolsonaro, aliado de campanha é uma coisa e, no governo, outra. E isso vale para todos os escalões. Sergio Moro e Paulo Guedes, por exemplo, eram decisivos para elegê-lo, daí os epítetos de superministro para o primeiro e de Posto Ipiranga para o segundo. Na prática, Bolsonaro tem se dedicado, com sucesso, a sabotar um e outro, com declarações que atrapalham que realizem seus projetos. Bolsonaro não vê a hora em que eles, tristinhos, peçam demissão.

Bolsonaro parece trabalhar contra si próprio, ao deixar que o Congresso derrube seus decretos, o Judiciário lhe faça cara feia e os militares se magoem com os insultos que recebem. Mas só parece. O que ele quer é que todos saiam da sua frente para que, dizendo-se incompreendido, possa governar com os filhos e "com o povo", através das redes sociais.

Resta ver se combinou com o povo.
Herculano
15/05/2019 11:40
CRISE EM GESTAÇÃO, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Recusa de Bolsonaro à negociação parlamentar baseada em programa se parece com início do governo Lula

Estamos assistindo, já há algum tempo, a um embate entre o Congresso e o governo Bolsonaro potencialmente gerador de crise institucional. O governo vem sofrendo seguidas derrotas parlamentares, e não parece equipado para essa disputa. Há um clima de desconfiança mútua difícil de ser desanuviado.

O sentimento generalizado entre os congressistas é de que, uma vez aprovada a reforma da Previdência, o governo Bolsonaro voltará a seus ataques ao Congresso. Eleito em nome de uma suposta "nova política", Bolsonaro procura alardear distância do fisiologismo, logo ele, que durante 27 anos frequentou o baixo clero, a parte mais sem credibilidade de uma Câmara que veio se desgastando ao longo do tempo.

Parecia ir no caminho certo quando montou seu ministério alegadamente com base técnica, sem levar em conta pressões políticas. Logo se viu que as escolhas não tinham nada de técnicas, baseavam-se majoritariamente na ideologia radical por que parte de seu eleitorado ansiava, inclusive os filhos e ele próprio.

Sua recusa a uma negociação parlamentar baseada em programa de governo se parece muito com o começo do governo Lula. José Dirceu organizou as negociações com os partidos para formar o ministério, e foi desautorizado por Lula, que não queria a participação do PMDB.

Lula, que havia sido deputado constituinte, denunciava que o Congresso tinha pelo menos 300 picaretas, ou seja, mais da metade de seus integrantes.
O que parecia ser uma medida saneadora foi, na verdade, o embrião do mensalão, que desaguaria no petrolão. Lula, assim como Collor, assim como Dilma, queria o controle do Congresso, sem ter que dividir o poder. Collor e Dilma não tinham apoio partidário, nem sabiam lidar com os políticos.

Não por serem contra a barganha por baixo do pano, mas porque eram ambiciosos, Collor com ganância pelo dinheiro, Dilma pelo poder. Lula, pragmático, quando viu que não governaria sem o apoio do PMDB, e que os "picaretas" desejavam carne fresca, decidiu dar-lhes o que queriam, e montou um governo fisiológico pluripartidário.

Comprando o apoio parlamentar com a divisão do butim, Lula corrompeu o sistema partidário que estava pronto para ser corrompido, deixando a melhor parte para si e os seus, como ficou comprovado.

O mesmo acontece agora com Bolsonaro. Sua bandeira eleitoral, ao encontro do desejo de uma ampla gama de cidadãos, foi a renovação política, compreendida de diversas maneiras pelo eleitorado. Uma boa parte entendeu que derrotar o PT favoreceria uma nova política parlamentar, e acreditou na renovação do Congresso para alcançar um governo de centro-direita que a eleição negara.

Outros quiseram renovação em direção oposta, levando uma direita raivosa ao poder, com gosto de sangue na boca, literal e metaforicamente. Bolsonaro teve a habilidade política de circular por esses dois mundos, diametralmente opostos, prometendo-lhes o que aspiravam.

Por isso, sua aparente incoerência, ora defendendo a liberdade de expressão, ora a intervenção governamental nas escolas e universidades. Há vezes em que parece um liberal na economia, mas logo dá passos atrás, lembrando-se de sua história parlamentar estatista.

A retórica da violência que dominou sua atividade parlamentar, e a dos filhos, continua presente, encoberta às vezes por medidas sensatas. A presença dos militares no governo, num primeiro momento, pareceu a montagem de um esquema paralelo.

Viu-se, no entanto, que aqueles militares não estão ali para referendar movimentos golpistas, pretendem aproveitar a oportunidade para consolidar uma imagem democrática das Forças Armadas.

Foi assim, por exemplo, com a crise na Venezuela. A ala que defendia uma invasão, tendo os Estados Unidos como líder, foi controlada pelos generais. Mas não era isso que a ala radicalizada dos bolsonaristas queria.

Desde o início do governo a relação de Bolsonaro com o Congresso, especialmente a Câmara, tem sido errática, com o presidente atribuindo aos deputados interesses puramente fisiológicos, para em seguida aceitar criar mais dois ministérios, ou retirar a Coaf de Moro.

Qual o interesse dos políticos em tirar o Coaf do Ministério da Justiça? Por que políticos querem indicar outros políticos para novos ministérios? Qualquer resposta cheira a fisiologismo, e dá boas razões para que Bolsonaro jogue no Congresso a culpa por um fracasso.
Herculano
15/05/2019 11:39
PROPINA PODE EXPLICAR FAVORES ÀS EMPRESAS AÉREAS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta quarta-feira nos jornais brasileiros

A delação de Henrique Constantino, chefão da GOL, pode ser a chave para entender os muitos favores do poder público às empresas aéreas. Na Câmara, por exemplo, investigação pode desvendar o que mantém na gaveta, desde dezembro de 2016, o projeto do Senado que anula a cobrança de bagagem em viagens aéreas. O projeto nunca foi votado. E tem o fim da reserva de mercado, que só se viabilizou quando as aéreas "nacionais" passaram a ambicionar investimentos estrangeiros.

PROPINAS DA ABEAR
No Anexo 7, Constantino citou supostas propinas por meio da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) a políticos importantes.

MAIA E CIRO
Constantino delatou Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, entre outros.

TUCANO ENROLADO
O ex-ministro de Cidades Bruno Araújo (PE), atual presidente nacional do PSDB, também foi citado pelo dono da GOL por receber propina.

TUTTI BUONA GENTE
Romero Jucá (MDB), os petistas Marco Maia (RS), Vicente Cândido e Edinho Silva (SP) e Otávio Leite (PSDB-RJ) também são denunciados.

FARRA NO METRô-DF PRODUZIU ROMBO MILIONÁRIO
Em greve por aumento e para reduzir a carga horária para apenas 6 horas, uma moleza, funcionários do Metrô-DF fingem não saber o que fazem: o custo deles já representa 135% das receitas operacionais da estatal. Isso sem contar com os demais gastos. Só em 2018 o contribuinte teve de desembolsar R$233 milhões para bancar o rombo. A certeza é que há apenas uma saída para o Metrô-DF: a privatização.

ROMBO Só CRESCE
Em 2018, a folha salarial do Metrô-DF saltou de R$195,5 milhões para R$220,4 milhões, para uma arrecadação de R$163,8 milhões.

FARRA COM NOSSO DINHEIRO
Pagando R$20 mil a bibliotecário e o triplo dos salários do Metrô de São Paulo, o Metrô-DF acumula prejuízos de R$731 milhões.

AINDA QUEREM MAIS?
Com a receita em declínio acentuado, em razão da crise, o governo do DF não tem mesmo condições de bancar qualquer reajuste.

VELHA POLÍTICA
Grupo de parlamentares que adoram uma boquinha, o "centrão" avisou o governo que só indicará um nome para ministério se for de porteira fechada, prática que deu origem aos escândalos do PT.

O TEMPO TRANSFORMA
Ativistas e ongueiros atacam a política ambiental, mas silenciaram nos governos do PT. Marina Silva abandonou o partido se queixando do governo Lula, que a desautorizava para agradar empreiteiras.

PORTA-VOZ MANDA BEM
Jair Bolsonaro não deve se deixar contaminar pelo preconceito contra militares dentro do próprio Planalto. O fato de Otávio Rêgo Barros ser general não o desqualifica. Foi um irrepreensível chefe de comunicação do Comando do Exército e sua atuação como porta-voz é marcante.

MOTIVO DA SOLTURA
A unanimidade no STJ no julgamento do habeas corpus de Temer confirma a estranheza da prisão. O relator Antônio Saldanha falou em ausência de motivos e prisão fundada em "meras conjecturas".

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA
Causou alvoroço a senadora Leila Barros (PSB-DF) ao lado de Jair Bolsonaro. Seu marido, o medalhista olímpico Emanuel, sem ajuda da musa do vôlei, foi nomeado secretário nacional dos Esportes.

ME ENGANA QUE EU GOSTO
A esquerda promove nesta quarta (15) atos "em defesa da Educação", repetindo a mentira dos "cortes de 30% nas universidades". Os cortes incidem apenas sobre 20% das despesas "discricionárias". O corte foi de apenas 3,4%, quase um sexto dos 19,3% no governo Dilma (PT).

CONTO DO VIGÁRIO
Há cinco meses a Visa enrola uma cliente que precisou usar, em janeiro, o seguro de viagem oferecido pelo cartão. Já foram dez ligações e cinco e-mails. Mas nada de solução do problema.

NOVO AMIGO
A deputada Flávia Arruda (PR-DF) acompanhou a Nova York os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli. Ela vem ganhando a confiança de Maia.

PENSANDO BEM...
...o julgamento do "HC" de Michel Temer no STJ foi o único fato que conseguiu tirar holofotes da presença de Paulo Guedes ao Congresso.
Miguel José Teixeira
15/05/2019 11:34
Senhores,

Na mídia:

"Após cortes na educação, governo Bolsonaro enfrenta hoje 1ª greve nacional"

Sei não. . .mas pelo que já vi na televisão, esta gente está corroborando com o dito do Ministro:

"B A L B Ú R D I A"

oPTaram pela paralização antes da conversaçao.

Atitude típica da escória das escórias: a corja vermelha!
Herculano
15/05/2019 11:32
O DESAFIO DO PRESIDENTE, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Quando um presidente admite não saber como formar sua base é o caso de dar razão aos que estão pessimistas.

O presidente Jair Bolsonaro desafia "a grande mídia" a lhe dizer como deve formar sua base de apoio no Congresso. Nem é preciso dizer que tal bravata piora a percepção de fragilidade política do governo, além de atribuir a terceiros uma responsabilidade que Bolsonaro recebeu junto com os poderes presidenciais - e que é, tal como estes, pessoal e intransferível.

O presidente parece incomodado com as críticas sobre a desarticulação de seu governo no Congresso, mas a única resposta que conseguiu dar a elas foi esse desafio pueril. "Não estamos formando aquilo que a grande mídia ainda fala, que tem que ter uma base", disse, em seu estilo peculiar, à Rádio Bandeirantes. "Eu queria que a mídia dissesse como é que é feita essa base, já que eles criticam tanto, né? ?" presidente, a base é feita dessa maneira, o ingrediente é esse, vai fazer ou não vai? Então eu quero isso deles. Mas eu falo: a turma critica que eu não tenho interlocução, que sou falho nessa questão e não formei uma base. Agora, a resposta está na ponta da língua, qualquer um sabe dar, agora eu queria que a grande mídia me dissesse claramente como eu formaria essa base."

Quando um presidente da República admite não saber como formar sua base parlamentar, algo que está na essência da governabilidade, é o caso de dar razão aos que estão pessimistas com o futuro do País. Economistas ouvidos pelo Estado dizem que a situação brasileira, já grave, se torna ainda mais preocupante na medida em que o governo demonstra mais traquejo para gerar crises do que para extingui-las. A confiança, fundamental para a retomada do crescimento, está ficando cada vez menor em razão da incapacidade de Bolsonaro de fazer o que dele se espera como presidente ?" isto é, liderar o governo, dando diretrizes firmes sobre suas propostas e indicando aos governistas como defendê-las no Congresso.

Bolsonaro, ao contrário, deixou claro que, para ele, é cada um por si. Na referida entrevista, o presidente disse que "muita gente lá (no Congresso) tem consciência do que tem que fazer". Ou seja, Bolsonaro simplesmente espera que o apoio parlamentar às medidas propostas pelo governo seja dado somente porque essa seria a coisa certa a fazer, sem necessidade de convencimento político ?" que, para o presidente, é sinônimo de corrupção.

"Com todo o respeito que eu tenho aos deputados e senadores, mas até o governo passado os grandes partidos se reuniam com o chefe do Executivo e distribuíam diretoria de banco, ou presidência de estatais, era assim que era feita (a formação da base), e a mídia sempre criticava essa forma de fazer a base eleitoral", disse Bolsonaro, referindo-se ao fisiologismo que reinou em especial na era lulopetista. Tem toda a razão o presidente ao dizer que "essa forma de fazer política não deu certo", mas a forma que o presidente escolheu de fazer política ?" tratando quem dele discorda como inimigo, como impatriota ou como degenerado ?" é tão deletéria quanto o toma lá dá cá que o eleitor rejeitou nas urnas.

As maiores críticas a essa opção do presidente, que contribui para demonizar a política, partem justamente dos parlamentares que se dispõem a apoiar o governo. Suas queixas se centram na falta de disposição de Bolsonaro e de compartilhar o poder ?" e isso nada tem a ver com fisiologismo, e sim com o fato de que o presidente não tem poderes absolutos, ainda que possa se considerar, como Bolsonaro, instrumento da Providência divina.

A cada declaração de Bolsonaro hostil à formação de uma base parlamentar, compreendem-se as reticências dos governistas em cerrar fileiras em favor dos projetos mais ambiciosos do Palácio do Planalto, em especial a desgastante reforma da Previdência ?" a respeito da qual, insista-se, Bolsonaro jamais demonstrou convicção, nem agora nem no passado. Com isso, o presidente contribui para ampliar seu isolamento, sintoma de desgoverno.

O presidente não precisa desafiar a "grande mídia" a lhe provar a importância de formar uma boa base parlamentar, pois a história recente infelizmente mostra o que acontece quando presidentes acham que podem governar sem uma.
Herculano
15/05/2019 11:31
BRASIL À BEIRA DO ABISMO FISCAL, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

Paulo Guedes foi ao Congresso dizer que o país está à beira do colapso fiscal, e o secretário de Fazenda falou em "arrocho" e "garrote"

O ministro Paulo Guedes foi com sua equipe ao Congresso dar uma coleção de más notícias. As palavras foram fortes. O ministro afirmou que o Brasil está à beira do abismo fiscal, e o secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, falou em "arrocho" e "garrote" nunca vistos na sociedade brasileira para o que vai acontecer em função do teto de gastos. Em Nova York, o deputado Rodrigo Maia avisou que o teto de gastos pode causar um "colapso social" no país.

Afinal, eles são contra ou a favor da Emenda 95 que estabeleceu o teto no governo Temer? Eles defendem, mas avisam que vai doer muito. E que a solução será aprovar as reformas que o governo Bolsonaro apresentou e ainda apresentará. Guedes e todos os seus homens - a equipe é quase integralmente masculina - estavam na Comissão Mista do Orçamento para pedir liberdade para emissão de dívida. Mais precisamente, foram pedir licença para os créditos suplementares. Essa seria a única forma de descumprir com autorização a regra de ouro, disseram.

?" A regra de ouro impede que se endivide para pagar despesa primária. Ela está certa. O endividamento tem que ser para investir. Mas estamos aqui para pedir R$ 248 bilhões de créditos suplementares para pagar aposentadorias do Regime Geral, Bolsa Família, Plano Safra, BPC. Isso mostra o drama social brasileiro. Estamos pedindo crédito para não quebrar a regra de ouro ?" afirmou o ministro.

Para entender toda a cena é preciso lembrar fatos da vida recente do país. Uma das acusações contra a presidente Dilma foi emitir crédito suplementar sem autorização prévia do Congresso. Ela alegou que foi para pagar esse mesmo tipo de despesa. Mas não teve perdão. O ministro Paulo Guedes, durante a campanha e na transição, dizia que iria zerar o déficit tão logo chegasse. No primeiro ano. Os velhos jornalistas de economia duvidaram - como esta aqui que vos escreve - mas ele dizia que dinheiro havia e ele venderia imóveis públicos e privatizaria tudo para reduzir a dívida.

A realidade ele mostrou ontem. O país ao fim do governo Bolsonaro estará no nono ano de déficit primário, em um cenário sem reformas. É verdade que a projeção é de que esse déficit será decrescente por causa de leis aprovadas nos governos dos últimos 30 anos - que ele tanto critica por serem "social-democratas". A regra de ouro e a Lei de Responsabilidade Fiscal no governo Fernando Henrique, e o teto de gastos no governo Temer.

O ministro Guedes tem razão quando fala em abismo fiscal. O Brasil caiu no buraco fiscal em 2014 e desde então não conseguiu sair dele. Mesmo assim, o déficit cairá por essa imposição que o secretário de Fazenda chama de garrote e arrocho nunca vistos na sociedade brasileira, e que Rodrigo Maia diz que poderá levar a um colapso social. O resultado negativo cairá de R$ 139 bilhões este ano para R$ 31 bi em 2022. O teto, esse remédio extremo, ao ser acionado, impedirá que as despesas cresçam além da inflação. No último slide, no entanto, o secretário avisou que não vão contratar pessoal, mas vão aumentar os salários dos militares.

Quanto às privatizações e vendas de ativos, não temos notícia. Ou temos. Notícia de que empresas não serão privatizadas. O governo social-democrata de Fernando Henrique privatizou Vale, Telebras, grande parte do sistema Eletrobras, o resto da siderurgia e da petroquímica. O que será que o governo que se diz liberal venderá, além de algumas refinarias da Petrobras?

O crescimento esperado não veio neste começo do novo governo. O ministro diz agora que via com ceticismo essa possibilidade. O Banco Central na Ata do Copom de ontem avisou que o primeiro trimestre deve ter tido um PIB negativo, e que os indicadores estão aquém do esperado. O secretário de Fazenda disse que a previsão para este ano, que estava em 2,2%, vai ser reduzida no dia 22, quando as contas forem refeitas. Mas Guedes já contou qual é o novo número: 1,5%. E há estimativas piores, como a do Itaú, que cortou para 1%. Menos crescimento é igual a menos receitas e mais cortes.

Como solução para esse drama brasileiro, o ministro Paulo Guedes aponta para as reformas que ele ainda não apresentou. No mercado futuro de reformas tem o que ela chama de PEC do Pacto Federativo, que é a desvinculação geral do Orçamento, a reforma tributária, a abertura da economia. Tudo isso, segundo ele, vai "desentupir" os canais de investimento. Com os canais entupidos, o país discute a primeira reforma, a da Previdência.
Herculano
15/05/2019 11:29
GOVERNO ESTÁ PERDIDO NO MEIO DE SUAS PRóPRIAS CORTINAS DE FUMAÇA, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Bolsonaro busca distrações absurdas para encobrir retrocessos e falta de rumo

O partido do presidente se empenhou. Enquanto monarquistas batiam boca com o movimento negro numa sessão alusiva à Lei Áurea, Eduardo Bolsonaro gravava tudo com o celular. O líder do PSL dançava, fazendo corações com as mãos, e o deputado da família real subia à tribuna para relativizar a escravidão e defender a princesa Isabel.

O governo Jair Bolsonaro se perde no meio de suas próprias cortinas de fumaça. O presidente e seus aliados insistem em buscar distrações absurdas para encobrir retrocessos reais e esconder o fato de que não conseguem levar adiante políticas públicas importantes para o país.

No momento em que bolsonaristas se curvavam à realeza só para irritar ativistas rivais, o ministro da Educação defendia o congelamento de despesas nas universidades e o presidente mantinha firme seu decreto que expandiu o porte de armas.

Sem enxergar o caminho pela frente, a turma do Palácio do Planalto bate de cara no muro. A equipe de Bolsonaro nem viu quando deputados articularam uma convocação relâmpago de Abraham Weintraub para explicar o bloqueio do orçamento das instituições de ensino superior. A ida do ministro à Câmara no dia do protesto contra a política educacional tende a desgastar o governo.

Nos últimos dias, o Congresso também se movimentou para modificar o ato de flexibilização das armas de fogo e trabalhou para retirar o Coaf das mãos de Sergio Moro.

Ao acumular derrotas, o bolsonarismo reclama que velhos políticos impedem o presidente de implantar o programa vitorioso nas urnas. Não consegue, porém, explicar um corte de gastos severo ou o sentido do decreto que formaliza o bangue-bangue. Também não conta aos eleitores que o governo mal se mexeu para defender a vontade de Moro.

Na última semana, Bolsonaro disse que alguns reveses são como "tsunamis". Faltou dizer que, quando entra em brigas inúteis e leva o país por estradas perigosas, é ele quem provoca os terremotos que dão origem às ondas de devastação.
Herculano
15/05/2019 11:26
A HORA DO VENDAVAL, por Carlos Brickmann

É uma das maiores investigações financeiras de nossa História: por ordem do juiz Flávio Nicolau, do Tribunal de Justiça do Rio, foi quebrado o sigilo bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro, o filho 01 do presidente da República, de sua esposa e filho, da empresa em que é sócio da esposa, de 88 ex-funcionários, de seu ex-assessor Fabrício Queiroz, esposa e filhas. O sigilo fiscal está quebrado de 2008 a 2018 e o bancário de 2007 a 2018.

Flávio Bolsonaro diz que a quebra dos sigilos servirá para explicar um vazamento ilegal já ocorrido; e que o objetivo é atacar seu pai. A explicação oficial é investigar a movimentação de R$ 1,2 milhão por Fabrício Queiroz, em um ano (em três anos, R$ 7 milhões). Há um depósito de Queiroz na conta de Michele, esposa de Bolsonaro; e Queiroz disse que pedia parte do salário do pessoal do gabinete para contratar, sem registro, mais assessores. Há 48 depósitos de R$ 2 mil cada na conta de Flávio Bolsonaro. A suspeita é de que houvesse entrega ao chefe de parte do salário de cada funcionário.

É investigação para durar muito tempo: pesquisar contas bancárias de mais de dez anos, de 95 pessoas, é exaustivo. Não deve haver surpresas enquanto as investigações evoluem. Mas haver investigações contribui para a piora do clima político, e talvez leve parlamentares de hábitos flexíveis a exigir mais do Governo em troca de seu apoio e de seus votos. Em bom português, haverá quem exija tratamento mais generoso por seu apoio.

COINCIDÊNCIA

A investigação sobre Flávio Bolsonaro acontece na ocasião em que está próxima a votação da reforma da Previdência. Acontece também, ao mesmo tempo, a delação premiada de Henrique Constantino, um dos donos da empresa aérea Gol, em que cita propinas que teria pago a Rodrigo Maia, hoje presidente da Câmara e principal articulador da votação da reforma. No Governo anterior, faltavam poucos dias para a votação quando explodiu a delação premiada de Joesley Batista, que gravou conversa com o presidente Michel Temer (com isso, a reforma da Previdência ficou para o Governo seguinte).

Mas, afinal de contas, coincidência é coincidência. Acontece, não?

TEMER LIVRE

Como de hábito, haverá choro e ranger de dentes. Mas a libertação de Michel Temer nos tribunais superiores era inevitável. Isso não quer dizer que não tenha cometido os atos de que o acusam, ou que não possa, mais à frente, vir a ser considerado culpado (e, aí sim, receba uma sentença de prisão). Mas estava preso sem julgamento. Prisão preventiva não é antecipação de pena e pode ser aplicada em circunstâncias específicas: destruição de provas, por exemplo, perturbação da ordem pública, ameaça de fuga? bom, se Temer não destruiu provas como presidente, iria fazê-lo agora? Nunca tentou buscar asilo ou sair do país. Portanto, que espere o julgamento em liberdade. Se condenado, a coisa muda. Enquanto não for condenado, fica livre.

O CERCO A PERILLO

O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, derrotado amplamente nas eleições, vê apertar-se o cerco do Ministério Público sobre ele. Na semana passada, o MP moveu-lhe mais uma ação civil pública por improbidade administrativa (servidores eram contratados sem concurso público). Há 17 ações do MP contra Perillo, desde junho de 2018. Incluem de contratação de funcionário fantasma até irregularidades na aprovação de leis. Perillo viu seu candidato a governador ser batido por Ronaldo Caiado, não conseguiu se eleger senador, embora houvesse duas vagas, e na eleição presidencial foi o coordenador da candidatura tucana de Geraldo Alckmin.

O CAMINHO DE MORO

O presidente Jair Bolsonaro criou um problema para seu superministro da Justiça, Sérgio Moro: garantiu que ele será indicado para o Supremo tão logo surja uma vaga, e deixou entrever que houve um compromisso seu com Moro para indicá-lo. Moro rapidamente disse que não houve acordo algum e que, quando houver alguma vaga no STF, Bolsonaro poderá ou não indicá-lo e ele poderá ou não aceitar um eventual convite.

Mas abriu-se campo para que políticos como Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, voltassem ao tema de que Moro condenou Lula a pedido de Bolsonaro. A tese é falsa: primeiro, porque Moro condenou Lula pela primeira vez quando ninguém imaginava que a candidatura Bolsonaro cresceria como cresceu: segundo, porque todas as sentenças de Moro foram confirmadas pela segunda instância, no Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, e os recursos de Lula foram seguidamente recusados nos tribunais superiores.

O TRABALHO DE MORO

Quando Moro assumiu, Bolsonaro sabia que ele era indemissível. Mas o trabalho que desenvolve ainda não apareceu para o público. Até seu pacote anticorrupção está sendo analisado junto com um anterior, de Alexandre de Moraes, e a tendência é unificá-los. Moro não é unanimidade em Brasília
Herculano
15/05/2019 11:21
BOLSONARO, O BOM, E AS FORÇAS OCULTAS, por Vinicius Torres Freire, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Presidente quer evitar corte na educação, mexer no ir e fazer outras bondades

Não vai haver mudança na tabela do Imposto de Renda. Não vai haver controle do preço de diesel. Não vai haver redução de taxas de juros em bancos públicos. Não vai haver divisão de receita ordinária do governo federal com governadores e prefeitos. Etc.

Esse monte de "nãos" são promessas, anúncios e devaneios de Jair Bolsonaro furados pelos tiros do mínimo senso comum da economia. Haverá mais. O presidente quer agora evitar o corte na educação. É possível. Mas vai tirar dinheiro de onde? Dos submarinos da Marinha? Não se sabe, nem o assunto foi levado ao Ministério da Economia.

O presidente não sabe o que diz, mas talvez saiba o que faz. Como em uma rede social, "compartilha" aflições e promete bondades, o que não resolve problema algum, mas "posts" podem fazer espuma política. No limite, Bolsonaro pode dizer que forças ocultas atrapalharam seu governo, terceirizando a responsabilidade.

O presidente já até ensaiou a jogada, dizendo que "no fundo não gostaria de fazer a reforma da Previdência". Os militantes virtuais do bolsonarismo, por sua vez, acusam gente do governo de estelionato eleitoral, pois impediriam Bolsonaro de cumprir seu verdadeiro programa. Por ora, militares são o alvo. Amanhã, pode ser um economista.

O desvario é também mais um sintoma da tensão política causada pela disputa terminal por recursos públicos. No presente ritmo e sem "reformas", antes do final do governo Bolsonaro não haverá um tostão para gasto em obras ou, então, partes do governo vão parar de vez.

A greve da educação prevista para esta quarta-feira (15), as queixas de caminhoneiros, prefeitos, ruralistas ou de empresários do Minha Casa Minha Vida, as pontes que caem, o remédio que falta para transplantados, tudo é mais ou menos efeito da pindaíba final.

Sim, reajustar a tabela do Imposto de Renda e diminuir a carga de impostos são objetivo do ministro da Economia, Paulo Guedes. Assim também é a ideia de redividir a receita federal com estados e municípios, aos poucos e quando houver dinheiro. Porém, em uma perspectiva realista, tais projetos devem ficar para o programa de uma campanha da reeleição.

Nesta terça-feira (14), Guedes disse a obviedade necessária em audiência no Congresso: o reajuste da tabela do IR tira do governo dinheiro que não existe.

É possível que saiam remendos, até para fazer um agrado ao presidente? Talvez. Mas corrigir os valores da tabela pela inflação de um ano apareceria como um troco nos contracheques e provocaria talho considerável de despesa pública.

Sim, deve haver algum dinheiro extra para estados e municípios, mas a partir do ano que vem, a depender de certas condições, recursos que, no máximo, pagam contas atrasadas.

Parte do dinheiro do megaleilão do petróleo previsto para fins de outubro, uns R$ 20 bilhões da arrecadação estimada de uns R$ 100 bilhões, deve ficar com governos locais (um terço de tudo vai para a Petrobras). A partir do ano que vem, talvez o governo federal abra mão de parte de royalties e outros rendimentos da exploração do petróleo.

Receitas extraordinárias, como as de concessões e de privatizações, pois, podem tapar uns rombos críticos, tais como esses que ameaçam as universidades federais. São uma boia que evita o afogamento em 2020. Mas, mesmo com reforma da Previdência e a volta de algum crescimento (mais de 2%), a dureza não vai diminuir grande coisa até o fim deste governo.

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