05/03/2018
O jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação e credibilidade em Gaspar e Ilhota, o que tem coragem, mostrou em três reportagens, como determinados funcionários públicos efetivos são mais privilegiados dos que os outros na prefeitura, no Samae e na Câmara de Gaspar. Ou como seus salários são altos se comparados à média do mercado, mesmo fora dos tempos de crise. E tudo dentro na lei, aprovada na Câmara, independente do prefeito que a sugeriu ou sancionou.
A primeira reportagem, baseou-se em informações que o jornal pediu à própria prefeitura, uma fonte supostamente confiável. As demais, o jornal as rechecou em fontes públicas de transparência disponíveis.
O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar – Sintraspug -, defendeu essa indecência para poucos custeada pelos pesados impostos de todos, quando o senso deveria ser do coletivo e não da exceção. Pior mesmo, foi ver servidores que não possuem tais privilégios, como o vereador Cícero Giovani Amaro, PSD, funcionário licenciado do Samae, do bloco oposicionista, condenar tal ato de transparência da reportagem do Cruzeiro.
“Parece matéria encomendada”, qualificou ele à reportagem na última sessão da Câmara, como se fosse essa uma prática conhecida sua no exercício da política e do seu mandato. Tudo que lhe afeta ou abala nas suas convicções pessoais, corporativas ou partidárias é feito sob encomenda de outrem.
Assim o jornal e porta Cruzeiro, para ele e seu discurso manjado, não teriam personalidade, autonomia e liberdade próprias. A não ser naquilo que eles lhe servem, é claro. E que não foram poucas; nenhuma delas, encomendadas como o próprio vereador Cícero testemunhou até aqui, principalmente nesta coluna.
“Estranho que esse assunto venha exatamente próximo as discussões salariais [dos funcionários públicos de Gaspar]”, argumentou com indignação o vereador que não se tem beneficiado pelos privilégios, mas que estranhamente, defende-os para poucos que foram amigos do rei.
É de se perguntar ao vereador, que não manda na redação do jornal, mas tem garantido generosos espaços favoráveis exclusivamente por suas boas ideias, argumentos e ações, inclusive nesta coluna, ou seja, “nada por encomenda ou paga”, qual seria mesmo a hora do Cruzeiro do Vale tratar desse assunto para seus leitores e leitoras, os pagadores desses privilégios?
Nunca, provavelmente. Assim, estariam garantidas mais aberrações daqui para frente e os pagadores desses desatinos, alijados do conhecimento e do debate.
OS VEÍCULOS ESTÃO MAIS INVESTIGATIVOS
O jornal e o portal Cruzeiro do Vale são porta-vozes da comunidade e não da verdade. É um provocador. Estabelece-se no debate. Analisa cenários. Está claro, pelas circunstâncias do mundo digital que vivemos e no Brasil, especialmente, devido a Lava Jato e do estrume que virou o ambiente da gestão pública tocada por políticos sem caráter ou preparo – do qual, o vereador não deve estar inserido -, que há uma maior consciência e exigência dos cidadãos sobre os gastos dos seus pesados impostos no ambiente da representação e gestão pública.
Ou o vereador Cicero, eleito como fiscal desse desatino, é contra se esclarecer e debater as injustiças, os privilégios e a mal aplicação dos recursos dos cidadãos?
Ao que interessa no jogo com os eleitores, partidário e na sua posição de opositor do atual governo, o vereador Cicero, até aqui, tem se mostrado um defensor da transparência e combate os supostos erros. Entretanto, no que toca aos servidores públicos, num corporativismo de malabarismos claros, estabelece-se naquilo que é condenado pela ética, o que prejudica os mais fracos, os que não possuem padrinhos poderosos, e entre os próprios servidores.
Vou repetir, o que já escrevi aqui várias vezes. Se os veículos de comunicação formais não mudarem, insistirem em meros replicadores de press releases, notas sociais ou de interesses de supostos amigos de ocasião, serão engolidos na audiência, credibilidade e economicamente – hoje já um ponto crucial - pela realidade da nova mídia: a instantaneidade das redes sociais feitas de profissionais da comunicação e principalmente pelos cidadãos comuns, divergentes e já alfabetizados.
Se a premissa professoral do vereador Cícero prevalecer, ele que não tem a obrigação nenhuma de bancar o negócio nessa área, aí sim, os veículos de comunicação perderão credibilidade, audiência e dinheiro, mais do que já vem acontecendo nas últimas décadas.
Políticos, poderosos e imbecis, felizmente, perderam a força que tinham nos tempos de ouro sobre esses veículos, que por serem canais exclusivos nas suas comunidades – sem a concorrência das redes sociais e da pluralidade das mídias -, tinham “margem” de negociação com agentes econômicos, políticos e sociais.
Acabou. E Cícero fala de um tempo que não existe mais. E culpa quem os políticos, os agentes públicos e até mesmo os poderosos anunciantes, não conseguem mais controlar: a transparência e nova mídia, as quais a mídia tradicional, como o jornal e o portal, apenas refletem.
Hoje a realidade instantânea e plural midiática, eliminou essa influência do poder quase completamente. Os donos de veículos (e seu núcleo de jornalismo, quando há) já perceberam e se adaptam como podem. E muitas vezes lidam com um mundo desconhecido e um futuro incerto, mas que custa dinheiro e gera responsabilidade.
Resta ao poder de plantão, ao gestor público e ao político com mandato então apenas à coerência, a atitude e o reconhecimento de que também está exposto e sendo fiscalizado. Não pelo veículo de comunicação, mas pela sociedade com as suas múltiplas ferramentas instantâneas de controle.
OS POLÍTICOS FIGEM NÃO ENTENDER
Já os políticos, poderosos, imbecis antigos e novos, resistem; fingem não entender, apesar de todos usarem, minimamente, as mídias sociais e a pluralidade mídiatica. E estão perdendo a batalha não para a mídia tradicional, mas para os seus ambientes de interesses. Numca antes, a transparência e a coerência foram as formas mais adequadas de sobrevivência nesses mundos distintos: do jornalismo, do poder e do consumidor de tudo, inclusive de notícias e análises.
Voltando. A discriminação também o acompanha Cícero. “Por que não colocaram os salários dos procuradores”?, insinuando que dali teria partido a pauta, as informações, num jogo de adivinhação. É de se perguntar: o que mesmo está errado nos vencimentos dos procuradores? Qual o penduricalho que está encaixado neles que viu o vereador e não enxergou o jornal Cruzeiro do Vale até agora?
Ou seja, o vereador Cícero, falou duas vezes: combateu a reportagem que coloca luz e chama para o debate os atores comunitários e ao ver uma suposta distorção, feita de funcionários da mesma corporação, preferiu esconder mais uma vez o erro, se há, do seu ponto de vista nos vencimentos dos procuradores. Ou seja, além de não esclarecer, mais uma vez se omitiu na solução. Bonito, isso!
Isonomia é a palavra chave nesse processo. Mas, não apenas entre os servidores, mas no pacto com os cidadãos. A sociedade está cansada de colocar a mão no bolso sempre vazio, cada vez mais exigido, e com seus pesados impostos suportar, aquilo que nem de longe, ela tem acesso no recheado leque de privilégios distribuídos entre os servidores de todas as categorias em Gaspar, Ilhota, outros municípios, estados e no Brasil.
Mas, isonomia no serviço público tem outra conotação e principalmente serventia. Cria-se um privilégio, silencia-se intencionalmente, e tempos depois, exige-se o tal direito adquirido para todos. Há inúmeras situações. Foi o caso, por exemplo, do Vale Refeição em Gaspar, onde a omissão criou uma distorção jurídica e “incorporou-o” informalmente” aos vencimentos.
Ou então, a isonomia estabelecida na própria Câmara de Gaspar, onde gente que fez concurso recentemente para 40 horas, baixou-se para 30 e o salário foi aumentado para se igualar aos de 40 horas, mas que agora só cumprem 30. Tudo com o aval do vereador. Não tinha muita coisa diferente a fazer: o erro e a esperteza já tinham se estabelecidos e por gente bem esclarecida. É sempre assim, como o caso do auxilio-moradia para juízes, promotores...
É no fundo, esse o fantasma que assunta os detentores de privilégios, todos criados dentro da lei, ou sustentado por teses e liminares individuais e principalmente das guildas corporativas contra a lógica, os cidadãos comuns: a mudança de comportamento da sociedade que não atura mais a farra, e os que a defendem no ambiente do serviço público, do fornecimento de serviços e materiais e até na iniciativa privada com suas parcerias de sacanagens.
Há um limite para tudo, inclusive financeiro e que comprometem a gestão pública ao mínimo, como na oferta de Saúde Pública descente, creches, Assistência Social e até simples obras de manutenção. Vai faltar dinheiro para o custeio da máquina, do obrigatório, do pagamento de ativos e principalmente de inativos. Olham o presente. Desprezam o futuro, que será drástico e triste. Simples assim!
Uma pergunta que não quer calar: o vereador Cícero pode dizer ao seu público quantas reportagens e temas ele me encomendou? Nem sugerir, sugeriu.
ALIENADOS?
Agora, estranho mesmo foi o comportamento da agora minoritária bancada do MDB na sessão de terça-feira. O líder do partido, Francisco Solano Anhaia, reafirmou óbvio para ele governo: de que a matéria “não foi encomendada”, mas que o jornal, independente que é, teve à disposição para consultas o Portal Transparência. Teve, mas no caso da prefeitura, pediu informações e se baseou nelas.
Agora a piada, e se não for, revela como e porque o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, e Carlos Roberto Pereira ainda não se encontrou.
O líder do governo, Francisco Hostins Júnior, escolado nesse assunto, advogado, reconhecidamente antenado na cidade (não apenas no governo onde está encurralado por ser minoria na Câmara), ao defender o governo nesse assunto na terça-feira, foi cômico, no mínimo. Não convenceu ninguém. Se auto-incriminou.
Disse que ao falar num encontro casual com o proprietário e editor Gilberto Schmitt, soube, que o jornal faria reportagens não apenas sobre os vencimentos dos funcionários públicos da prefeitura nesse assunto, mas com os do Samae e da Câmara. Avisado, na tribuna, de que isso já teria sido publicado há semanas, Hostins desconcertou tudo: “preciso ler mais os jornais e ficar atualizado”.
Hostins precisa ler não só o jornais, os portais e as redes sociais, ouvir rádios, onde tudo foi amplamente debatido.
Como um líder de um governo que está sendo fortemente questionado, está acuado e em minoria na Câmara, pode Hostins atestar que não está atualizado e principalmente diante do jornal de maior circulação de sua cidade e no portal mais acessado? Ele não tem canais na prefeitura a orientá-lo ou no velho e bom clipping? Não possui assessoria? Ou estava fazendo cena para tergiversar em algo que sabe ser solidário na fonte oficial que foi a prefeitura? Como se vê, esta administração dá atestados todos os dias, inclusive de isolamento, esperteza pontual até mesmo naquilo que claramente lhe favorece e que faz parecer aos adversários como uma “encomenda”.
E governo de Kleber, Luiz Carlos e Pereira diz que não entende a razão pela qual a comunicação não está funcionando. Será? Amanhã, aliás, troca o nome da titular. Apenas o nome. Acorda, Gaspar!
Hoje o vice do MDB de Gaspar, o empresário Walter Morello, assume a presidência da executiva local no lugar do advogado, secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, secretaria da Saúde, e prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira.
Morelo já está acostumado a esse vai-e-vem, há décadas. Ele é a cara do partido por aqui. Tem raiz. Morello já viu tantas coisas acontecerem e do seu jeito manso, vai comendo pelas beiradas. Volta e meia está no centro do jogo. Ele e Ivete Mafra Hammes, Celso Oliveira... Morello elegeu por exemplo, Adilson Luiz Schmitt, foi seu chefe de gabinete e se voltou contra Adilson. A história é uma repetição, constatam os historiadores.
Nada muda. Nada mesmo! Apesar do clima não estar bom. Muitos caciques. Muitos interesses. Poucos capazes. É o que sinalizam as minhas fontes dentro do próprio MDB de Gaspar, entre elas, aquelas que anteciparam que Sílvio Cleffi, PSC, seria o plano B para a presidência da Câmara. E foi. Um B, que deu um nó no governo e nos próprios planos “eternos” de poder do MDB. E este 2018 é perigoso: é ano de eleições, amarras, acertos e avaliações.
E qual a razão da arrumação então no partido? É que o doutor Pereira, finalmente está entendendo que para ter poder não é preciso acumular títulos como a sua vaidade exige e está pagando caro por isso. Vai tentar mandar nos mesmos locais dentro da administração como vinha mandando, sem, no entanto, ter o título da cadeira. Vai tentar fazer funcionar gente sua.
Vai ser assim na super-secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, de onde “sairá”; será assim na procuradoria geral, onde tem o seu representante; na Ditran, na Defesa Civil, na de Planejamento Territorial – onde a coisa está manca e amanhã escrevo sobre isso; e agora terá a Saúde. Ali o doutor Pereira vai estar de corpo e alma. Já os coveiros desalmados estão esperando o novo corpo fresco. Avisado está.
O doutor Pereira vai ficar no governo com apenas o título de secretário da Saúde, mas no fundo comandará tudo em que se metia. Com essa tática, evitará ainda mais o seu desgaste público e dos próprios próximos e familiares do prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall. Eles não aguentam mais ouvir que o prefeito de fato é o doutor Pereira.
Contudo, o gestor e o político Kleber, que não se preparou para governar, ficou dependente do doutor Pereira, querem-no no governo. E por enquanto, não têm outra alternativa.
Por outro lado, o lance do doutor Pereira é audaz, é correto e faz sentido como tentativa de reverter o quadro que ele e o próprio Kleber criaram, deixando a Saúde Pública chegar onde chegou.
Esta imagem e resultados ruins estão corroendo a imagem do governo, dos gestores. O decorrente caos está sendo usado por um ex-aliado, cria de Kleber - o médico e presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC -, como discurso político, para as chantagens corporativas e não apenas dos interesses eleitoreiros da dita oposição que se bandeou para lhe apoiar e dar uma lição de articulação ao governo de plantão.
Até agora, o doutor Pereira que não é dado à transparência, mas afeito à vingança, as quais não melhoram os resultados do governo para povo sofrido, não abriu os seus planos para colocar ao funcionamento mínimo a área da Saúde de Gaspar, nem, principalmente, como ele vai resolver e por fim no sumidouro à montanha de dinheiro público que é o Hospital e assim fazer funcionar de fato em favor dos gasparenses desprotegidos dos planos de saúde, os postinhos, policlínica e à farmácia básica.
Enfim. O diretório do MDB de Gaspar com Walter Morello, fica onde sempre esteve. Vai fazer política, ainda mais em ano de eleições, composições etc e tal. Enquanto isso, Carlos Roberto Pereira vai tratar de governar e desatar o nó onde a administração de Kleber Edson Wan Dall está metida e muito próxima dos resultados dos seus Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho e Adilson Luiz Schmitt. Acorda, Gaspar!
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