21/03/2018
Ontem, o artigo aqui neste espaço, no portal mais antigo, atualizado, acreditado e por isso, o mais acessado de Gaspar e Ilhota, o Cruzeiro do Vale, tinha como título: “na guerra da comunicação, oposição dá um banho em Kleber e Pereira”.
Kleber resolveu inverter o “banho”. Exatamente no dia de sessão da Câmara, quando sabia que levaria outro baile da dita oposição.
Ela tinha armado o palanque na quinta-feira, com o anúncio do mandado de segurança impetrado na Justiça devido a não ter recebido algumas respostas de um requerimento que enviou ao Executivo em outubro do ano passado.
Desarmou um circo e pode de armado outro. E pela comunicação.
Enquanto o meu artigo entrava “no ar”, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e o advogado secretário da Saúde, Carlos Roberto Pereira, presidente licenciado do MDB de Gaspar e ainda acumulando formalmente a poderosa secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, que fez para melhor se encaixar via a Reforma Administrativa, além de informalmente tocar outros setores da atual administração, foram a forra. Lançaram um programa chamado “Gaspar mais Saúde” num ambiente restrito, numa solenidade relâmpago.
Ou seja, começou em segredo, sem transparência – que diz será o ponto forte do novo programa, ufa! –, inesperada e por isso falha no protocolo e na comunicação. Perguntas? Zero!
Marketing. Anunciaram um show de mágica. Tiraram coelho da cartola. Repito, a comunicação não é o forte da prefeitura e seus gestores. E o que se anunciou se não for bem explicado, vai ainda voltar contra
A OPOSIÇÃO FICOU SEM CHÃO JÁ CRIOU OUTRO DISCURSO
Volto ao segundo ato. Sabe o que aconteceu a tarde na sessão da Câmara? Surpreendida, a oposição em maioria não se deu por rogada. Qualificou o tal ato do prefeito Kleber e do secretário de Saúde, como “resultado” do seu polêmico “Pacto pela Saúde, unindo Gaspar”, lançado há duas semanas pelo médico, cria e ex-aliado de Kleber, hoje presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC.
Ou seja, a oposição acusou o golpe e já assumiu, indiretamente, a paternidade daquilo que não conhece pois à primeira vista diz ser isso que queria e antevê resultados positivos para os cidadãos, cidadãs e a cidade. Será?
O tal “pacto” dessa mesma oposição, palanque político com o caos da saúde pública onde Gaspar está metida, não uniu todos como diz o próprio falso slogan. Afinal, ele só aceitou os da oposição. Montou-se ele para o doutor Silvio fazer política num ambiente que ajudou a fragilizar quando estava do lado de Kleber. Rir é pouco: da esperteza manca da oposição e da ingenuidade do governo.
No artigo de ontem, mostrei como é falha a comunicação do governo. E não escrevo exatamente da superintendência de Comunicação onde até trocaram a titular, mas do senso de percepção de governo. Aliás, a sessão de ontem da Câmara retratou isso em vários momentos. E a falha começa no próprio protocolo. Se ele não exclui propositadamente, deixa essa impressão aos próximos e principalmente aos adversários que sentem e usam o golpe para se tornarem vítimas.
Voltemos ao caso do anúncio programa “Gaspar mais Saúde”. Onde a ação prometida com Kleber se parece com o pacto proposto pelos vereadores de oposição? Aparentemente nada, a não ser o de que ambos, querem “resolver” os graves problemas para a população, para não perder ou para ganhar votos. Nada mais.
E isso é bom!
Entretanto, se olhado, assim, tão rápido quanto foi apresentado, mais parece o plano da primeira secretária de Saúde, Dilene Jahn Mello dos Santos e que Kleber botou para correr por “sugestão” do próprio doutor Silvio. Interferia diretamente no setor. Tudo para proteger o Hospital, o sugadouro de verbas que deveriam estar nos postinhos, policlínica e farmácia básica. Conclusão: perdeu-se 15 meses e o povo sofrido pagou o pato.
SÓ NÚMEROS SUSTENTARÃO INTENÇÕES E AÇÕES
E porquê o programa “Gaspar mais Saúde” é, por enquanto, uma peça de propaganda? Porque foi mal comunicada, exatamente por ser uma peça de propaganda. Por detrás de toda a ação prometida terá que haver uma complicada engenharia no Orçamento Municipal.
Ele é de R$238 milhões para este ano. Se a Saúde terá mais R$20 milhões neste ano para cobrir tudo o que se quer, num ambiente orçado de R$41 milhões para se atingir os 15% obrigatórios (no ano passado o realizado foi de R$39,8 milhões), alguém vai ficar sem dinheiro, mesmo havendo um brutal aumento da Receita que se distribuirá compulsoriamente à Educação e ao duodécimo da Câmara.
E a propaganda, feita às pressas, foi apenas para estancar os desgastes do governo Kleber e do doutor Pereira, o prefeito de fato, com a área nas cobranças dos opositores em maioria na Câmara e nas redes sociais. Mas, o que falha, como relatei ontem, não é Saúde às pessoas e o funcionamento inadequado de outros setores, como o de simples manutenção da cidade como martelou ontem a oposição, trocando rapidamente a faixa do disco, depois de perder a bandeira da Saúde e ter ficado meio tonta. É a estratégia, a prioridade e a forma da comunicação para enfrentar às dúvidas reais, as plantadas e as próprias de um ambiente conflagrado.
Depois de ver o vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, liderando a oposição ao vivo na TV com um mandado de segurança para obter respostas do prefeito e da secretaria que ele não conseguia desde outubro, o “plano” dentro da prefeitura se acelerou. O “trem foi autorizado a partir da estação”. Entretanto, está à vista de todos também, que será na viagem que ele vai ser testado e ajustado.
Se chegar à próxima estação sem alguns vagões, vai ser execrado. E se isso acontecer antes de outubro, toda estratégia eleitoral contida no plano do doutor Pereira, Kleber e Luiz Carlos estará comprometida. E a oposição, surpreendida agora, vai se esbaldar amanhã.
O improviso começou no convite: em cima da hora. Deu até a desculpa que o médico, o presidente da Câmara e representante de um poder, Silvio Cleffi, precisava: ele não foi ouvir a exposição do secretário e do prefeito num ambiente em que ele diz entender e tanto pede solução ao Executivo.
Cobrado pelo vereador Francisco Solano Anhaia, líder do MDB, Silvio disse que recebeu o convite às 8h23min e já tinha outra agenda. Não especificou se era profissional ou política. Fez bem!
HOSPITAL, O COMILÃO DE RECURSOS PÚBLICOS
E para encerrar. Estou de alma lavada outra vez. No dia anterior, ou seja, na segunda-feira, o administrador do Hospital de Gaspar e trazido por Silvio Cleffi como a salvação da lavoura -e do grau e capacidade resolutiva não se duvida pelo passado que traz no currículo-, Vilson Alberti Santin, fez na Câmara um relato daquela casa de saúde, a qual ninguém sabe de quem é, mas está sob a intervenção do município desde 2015, feita pelo PT de Pedro Celso Zuchi. O relato, como sempre escrevi aqui e sou combatido por isso, o Hospital está comendo dinheiro bom a rodo, apesar de escasso, dos gasparenses.
Essa montanha de dinheiro é exatamente a que está faltando nos postinhos, policlínica e farmácia básica para tocar um Hospital cheio de eternos problemas de gestão e que nunca se resolvem. Só se ampliam. E aos milhões de reais.
Primeiro faltou transparência na apresentação. Os números essenciais da planilha de cálculo e que suportam os grandes números, não apareceram. Contudo, a grosso modo, a prefeitura coloca lá R$600 mil por mês. Uau! Vem mais R$400 mil de outras fontes (particulares, convênios, doações, verbas estaduais e federais). E pasmem, mesmo assim, quase R$200 mil é o fica de buraco todo mês. Meu Deus!
E pensar que a intervenção do PT foi feita porque ele não queria repassar R$200 mil por mês. Hoje se obriga com a intervenção a R$600 mil em menos de três anos? E por que? Presumia o governo petista que era muito e achava que lá dentro do Hospital tinha ladrão desse dinheiro público. Interveio, bancou, criou uma auditoria, trouxe especialistas e nunca achou esses tais ladrões desses recursos públicos. Hoje a prefeitura repassa ao Hospital R$600 mil e o buraco está em R$200 mil por mês?
Segundo. Garanto a vocês, pois essa ladainha conheço desde os anos 1980. Se cobrirem esse rombo mensal de R$200 mil do Hospital, virão – quase do nada - outros. Sempre foi assim. É insaciável.... Enquanto a prefeitura atende os médicos do Hospital, um local que acolhe mal os pacientes, segundo os relatos diários nas redes sociais, com falta de plantonistas e gente de sobreaviso, aumentam-se as filas nos postinhos, na farmácia básica e nas especialidades da policlínica e que é a obrigação do prefeito, do município, para com os cidadãos, as cidadãs mais pobres, doentes, fragilizados e desassistidos.
GOVERNO DOS AMIGOS OU DOS CIDADÃOS?
Agora, serão necessários outros milhões de reais para cobrir o que está desassistido e que politicamente deixou exposto o governo Kleber por ele aceitar a armadilha armada pelo PT, ouvir amigos curiosos e ficar refém de um populismo sem nexo.
Gaspar na área de Saúde, bem como em todas as outras, precisa de menos marketing do político e de menos jogadas eleitoreiras de ambos os lados em ano eleitoral, as quais se armam para 2020. O prefeito Kleber precisa escolher profissionais para se salvar, ter um plano de governo, metas possíveis, refundar a sua gestão, criar à nova governabilidade e se livrar de amigos palpiteiros e com sede de vingança, livrar-se das armadilhas deixadas pelo PT, criar um caminho próprio. Um desses “amigos”, por exemplo, é o líder da “nova” oposição e não foi porque o barco estava com água! Oportunismo. Virão outros. Acorda, Gaspar!
AS FACES BOAS E RUINS DE UM MESMO TEMA. DEPENDE DA VISÃO IDEOLÓGIA
A esquerda do atraso, como bêbado, atrapalha-se nas próprias pernas quando discursa. Não é à toa que o seu público preferido sempre são os analfabetos, os ignorantes e os desinformados.
Há duas sessões, o vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, discorreu na Câmara sobre o case de sucesso empresarial, perseverança e lição de vida e empreendedorismo da sua tia. Comovente. Interessante. Aplaudo. Tanto que ela foi homenageada por sua coragem e exemplo pela secretaria de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo de Gaspar, na Semana da Mulher.
Entretanto, o vereador trocou os passos. Para ele, só gente de Gaspar, que supostamente deixa o lucro nas suas empresas criadas aqui, é merecedora de reconhecimento.
O sucesso da sua tia desmente a tese do vereador. Ela se instalou em outras cidades. E pela teoria torta, deveria ser descriminada onde foi se alongar no seu negócio pelo simples fato de ter enxergado oportunidades e se lançado aos riscos, incluindo o de fracassar em terras que não eram do seu berço.
A esquerda do atraso é sempre assim: só o fraco, o pequeno, os locais possuem valor. São mais “manobráveis”, digamos assim. Todos que se tornam comunitários e que vem de fora, que respeitem a comunidade e contribua para a sua pluralidade econômica e geração de riquezas, em maior e menor grau, devem ser reconhecidas.
O lucro de um empreendimento não se mede exatamente por quanto ele deixa no bolso do seu dono (ou sócios) e aí ele supostamente gastar aqui. É um pré-requisito essencial de sobrevivência, é claro, mas há vários indicadores, como por exemplo, o lucro social que é aquele que ele gera como dar empregos e quanto ele estimula a cadeia econômica em seu negócio e entorno onde está. Isto sem falar na capacidade de inovar e provocar concorrência, exatamente por sua competência, capacidade e diferenciais.
Grande ou pequeno, nascido em Gaspar ou não, o desenvolvimento se faz com agregação de valores e não com discriminação. A discriminação deve se abster ao que está expressamente na lei como os que não pagam ou sonegam impostos para a comunidade, ou se estabelecem na concorrência desleal, ou os que praticam atividades criminosas, ilícitas, poluidoras, perigosas, predadoras etc.
O resto, num mundo em evolução tecnológica e criativo no ambiente de negócios, discriminar origem dos empreendedores, é algo do atraso e de quem ainda não entrou no século 21. Não é à toa que esse discurso foi capaz de desempregar 14 milhões de trabalhadores e tendo o Ministério do Trabalho como sua fortaleza política nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Vana Roussef. Acorda, Gaspar!
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