14/02/2019
Uma cidade é feita de pessoas. São elas que votam, que pagam os pesados impostos, que criam o tal círculo virtuoso de desenvolvimento. Os políticos antigos as tratam como tolas, como objetos e as manipulam para o voto e assim alçarem e permanecerem no poder de plantão. Os gestores públicos comprometidos com resultados, consideram-nas como cidadãs. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, jovem, ex-vereador, líder religioso numa das denominações neopentecostais e comunitário, foi candidato e perdeu antes de ganhar. O discurso dele como o novo e o da mudança, está na promessa que registrou na Justiça Eleitoral. E naquele papelinho estão as pessoas, exatamente porque elas estavam fora do eixo de resultados da gestão que ele queria mudar. Kleber e os seus percebiam as queixas e às obviedades. Fizeram letra e música aos ouvidos bem ao gosto da moda. Contudo, tudo o que Kleber fez até agora, depois de patinar dois anos para as obras físicas mínimas, necessárias e prometidas, ele e os seus tratando o cidadão como um problema e despesa.
As pessoas já descobriram que não são elas a prioridade da cidade no atual governo. O primeiro ato foi tentar rapar as verbas do Fundo da Infância de Adolescência. E para que? Economizar! E para “economizar” foi se maltratando as pessoas nos postos de saúde, hospital, nas creches, fechando-se escolas, tentando-se acabar com a Casa Lar e passar a obrigação de cuidar das crianças vulneráveis para lares desajustados. Aparelhou-se áreas técnicas de contraponto social numa cidade dormitório, de forte migração e carente para uma Assistência Social tomada por políticos; fez-se interferência partidária no Conselho Tutelar. É uma lista longuíssima, onde “economizar” dinheiro, atinge todos os setores. Tudo para se fazer obras faraônicas, a toque de caixa, nos dois últimos anos de governo, e assim tentar impressionar à população e buscar à reeleição. O que assusta é como se gasta milhões num dia, e se arrebenta as “novas” obras no outro, como não se termina o que se começa, como se expõe os trabalhadores a riscos, como se joga bens fora (paralelepípedos), como não se faz a manutenção mínima e necessária, além da falta de transparência, como se emprega, se aparelha e se rotula tudo isso como competência. Basta lembrar que se obra grandiosa valesse voto, o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, teria feito sucessor, exatamente o seu secretário de Obras, Lovídio Carlos Bertoldi, com a ponte do Vale.
As entidades empresarias e comerciais da cidade, que se renovam com a juventude é a melhor notícia disso tudo. Elas precisam abrir o olho e enxergar e interpretar os números oficiais. Uma pesquisa no ano passado feita para a ACIG mostrou claramente como as pessoas não faziam parte do resultado da gestão pública. Todos ficaram assustados, mas não se emendaram pelo jeito. E se formos aos dados do IBGE, disponíveis para qualquer um, sabe-se que o comércio e de serviços é uma área fragilizada exatamente por essa ameaça. É que o município não possui uma política estruturada de atração de empresas e oportunidade que gerem valor agregado e para fazer circular riquezas em Gaspar. Somos uma cidade de renda extremamente baixa, dependente de assistência aos carentes e que o poder público “economiza”, pois os vê como problema e despesas. Querem números oficiais do IBGE? Numa população de 67.391 habitantes, 12.992 não possuem rendimentos (menores e desempregados); 6.440 ganham até um salário mínimo (menos de R$1 mil bruto); 20.090 moradores de Gaspar ganham de um a dois salários mínimos. Feitas as contas, simplesmente a maioria da cidade “ganham” de zero a dois salários mínimos. Ou seja, mal se suprem, possuem dependências extremas de serviços públicos e não criam valor para si e à cidade, pois lutam pela sobrevivência. Simples assim! Só o poder público é quem não percebe, ou se percebe, perversamente, manipula essa gente para seus interesses eleitorais e de poder, inclusive na propaganda enganosa.
Outros números: 9.054 ganham de dois e três salários mínimos; 5.891, de três a cinco; 2.909, de cinco a dez; 671, de dez a 20 e apenas 159 moradores daqui, ganham mais de 20 salários mínimos por mês. E do outro lado estão outros números preocupantes. Eles demonstram como o foco do governo e Gaspar está errado ou como está obrigado à mais investimento na área social, saúde, saneamento e educação, sem falar na segurança que não é a sua obrigação: 4.360 são crianças de zero a quatro anos; 4.621, de cinco a nove anos e 5.569, de dez a 14 anos. Na outra ponta, a chamada terceira idade que também pede assistência, estão 3.490 de 60 a 69 anos e 2.371 com mais de 70 anos. Se um investidor na área comercial e de serviços olha estes números e os compara com os nossos vizinhos, Gaspar é sensivelmente prejudicada e se atrasa. E o que está sendo feito para se reverter de verdade este quadro vicioso e letárgico? Respostas vagas! Esta sim é a verdadeira obra que não aparece, mas transforma uma cidade, desenvolve-a, agrega valor e favorece a cidadania e os cidadãos. As entidades como a Acig, CDL e os Sindicatos patronais deveriam se unir para reconstruir Gaspar como uma cidade atrativa, diversificada, viável e cidadã. Acorda, Gaspar!
Sintomático. Coincidência ou não, bastou esta coluna começar a mostrar supostas dúvidas na contratação de produtos e serviços, com documentação baseada nos links do próprio site da prefeitura de Gaspar, para o Portal Transparência deixar de funcionar a favor da cidade, dos cidadãos e sem qualquer explicação pelo próprio administrador do serviço.
Para lembrar. O Portal da Transparência é uma obrigação estar em pleno funcionamento. É lei. Em Gaspar, ele só passou a ser uma ferramenta a favor da cidadania depois da interferência do Ministério Público. Se tiraram do ar para esconder ou modificar os links e documentos denunciados, a emenda poderá sair pior que o soneto.
O sub-tenente da reserva do Corpo de Bombeiros Evandro de Mello do Amaral, Superintendente da Defesa Civil de Gaspar, foi a Florianópolis, “prestigiar” a troca de comando da instituição. Foi junto Ana Janaina Medeiros de Souza, assistente social, nomeada em 16 de outubro do ano passado, 12ª colocada no concurso, para a secretaria de Assistência Social.
Ana Janaína ainda está no período probatório e foi deslocada, sem portaria para tal, para a Defesa Civil. O documento (reprodução) que autoriza o veículo levar Evandro a Florianópolis, Ana Janaína não está listada como passageira. O evento terminou pela manhã e o retorno a Gaspar se deu às 16h.
Três observações: Com a Rua Anfilóquio Nunes Pires entrando no modo emergencial, Evandro preferiu fazer Relações Públicas corporativamente longe daqui; qual a motivação para não relacionar um passageiro num carro oficial? E se acontece um acidente para o caso de se acionar o seguro? Se fosse na caserna, isso teria consequências graves. Finalmente: a transparência não é o que rege a atual gestão. Acorda, Gaspar!
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