O apoio a medidas coletivas ou sustentáveis de transporte cresce na mesma proporção dos engarrafamentos nas pequenas e grandes cidades do país. Neste sentido, o transporte público é sempre o principal alvo dos discursos. Especialistas e gestores públicos colocam a mão no fogo para defender que qualquer solução para a infraestrutura urbana e para o deslocamento da população passa por formas coletivas de transporte, o que torna o carro individual um obstáculo a ser superado.
O raciocínio é interessante. País desenvolvido, como dizem, é aquele em que ricos usam o transporte público, não o modelo contrário. No entanto, é preciso reconhecer que faltam ações para convencer o cidadão comum a optar pelo transporte coletivo. Falta seduzir o usuário, apresentar os pontos positivos, aprimorar as deficiências e ouvir as queixas principais de quem usa ônibus quase que diariamente e sente na pele os efeitos dos serviços oferecidos por empresas e administrações públicas.
Cientes dessa necessidade, os principais autores deste processo já manifestam preocupação com as melhorias no sistema. Em cidades de maior porte já não é mais raridade encontrar veículos com ar-condicionado e a espera no ponto de ônibus tem ficado cada vez menor. Um ponto, porém, ainda é um desafio tanto para verdadeiras megalópoles como São Paulo ou para cidades com ares interioranos como Gaspar: a tarifa.
É certo que os custos para manter o sistema operando são altos, mas o peso da passagem no orçamento do usuário não fica por menos. O principal debate não deve ser se o valor é ou não justo, mas sim o impacto que pode causar na onda de apoio ao transporte coletivo propagada por especialistas. Se com um serviço totalmente otimizado o preço já despertaria reclamações, quando há deficiências a serem aprimoradas as queixas são ainda maiores.
Edição 1443
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