Ex-professores de informática da Prefeitura de Gaspar, Admitidos em Caráter Temporário, que tiveram contrato não renovado devido ao vencimento contratual em meados em dezembro, estão se sentindo prejudicados devido boa parte dos alunos ficarem sem a orientação de um profissional licenciado em informática e também sem as instruções corretas no manuseio de tecnologia nas escolas municipais de Gaspar.
Os professores, que preferiram preservar suas identidades com receio de retaliações, ressaltam a contradição da Secretaria de Educação de Gaspar em desligar 15 professores ACT´s e contratar apenas dois de seis vagas disponibilizadas via concurso público de 2015. “A Secretaria de Educação simplesmente desligou os profissionais, contrariando os critérios do Programa Nacional de Tecnologia Educacional, o Proinfo, que pede profissional licenciado em informática para lecionar e auxiliar o ensino-aprendizagem em informática”, argumenta um dos professores.
Os dois docentes contratados via concurso público, irão trabalhar em duas escolas de tempo integral do município, a Angélica Costa e a Aninha Rosa. “Em Gaspar, os professores trabalhavam nos laboratórios no ensino-aprendizagem de informática e também cooperavam nos métodos de pesquisa de acordo com o conteúdo programado em cada disciplina”, aborda um professor licenciado em informática.
Segundo os professores de informática, eles transmitiam conhecimentos de internet e informática para o melhor manuseio das ferramentas. “Os professores de informática nos educandários davam suporte necessário para os alunos e até manutenção dos computadores”, conta um dos docentes de informática.
Os docentes de informática questionam como ficará a situação dos professores que contribuíram com a educação desde o ensino infantil até o 9º ano. “Como vão ficar as crianças em um mundo onde a tecnologia está cada vez mais presente?”, indaga um dos professores. Ainda segundo eles, os alunos são os mais prejudicados. “Os professores de informática de Gaspar estão unidos e farão uma última tentativa de reversão da decisão da secretaria com um abaixo-assinado. Pedimos o apoio dos professores e de toda comunidade escolar para unirmos forças nesta luta”, relata um dos docentes.
De acordo com os professores de informática, embora cada escola tenha uma tela digital que os professores das disciplinas poderão utilizar, o aluno não irá interagir diretamente com as mídias tecnológicas, como ocorreria nos laboratórios, pois os professores manusearão o equipamento, sem suporte e capacitação para utilização das ferramentas.
Na época das aulas nos laboratórios de informática, cada dois alunos utilizavam um computador. Nas aulas interativas com as telas, os professores de todas as matérias dão o conteúdo de suas disciplinas e, se assim quiserem, podem permitir o masuseio da tela por parte de algum aluno.
Os professores de informática contam ainda que os diretores das escolas teriam duas opções. Ou os professores regentes utilizam a sala de informática sem um profissional da área ou, com o aval da secretária de educação, poderiam distribuir os computadores pela escola, como sala dos professores, biblioteca, entre outros setores. “Os computadores foram adquiridos com verba do Governo Federal, pelo Programa Nacional de Tecnologia Educacional, para uso exclusivo de alunos. Fato é que agora os professores de outras disciplinas acumularão funções”, dispara um dos professores.
Após reuniões com vereadores, os professores acionaram o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar. De acordo com o presidente do Sintraspug, Jovino Masson, o caso foi levado à assessoria jurídica. “O sindicato dará um parecer oficial na próxima terça-feira, 2 de fevereiro, sobre este caso”, informa.
Além do Sintraspug, o Ministério Público foi acionado nessa sexta-feira, dia 29, pelo grupo de professores. O MP irá averiguar se há irregularidade no desligamento dos professores e se as demissões contrariam a Lei Municipal 76/2014, que segue orientação do Proinfo e que, segundo os docentes de informática de Gaspar, devem ser utilizados como ferramenta pedagógica por meio de professores licenciados em informática, entre outros critérios exigidos.
De acordo com a secretaria de Educação Marlene Almeida, o que houve foi uma reestruturação nas orientações pedagógicas do manuseio dos equipamentos de informática. Segundo Marlene, o ensino de informática e uso dos laboratórios não foram retirados dos educandários e não haverá reaproveitamento dos computadores em outros setores. Marlene frisa que todas as salas de aulas têm a tela interativa para o professor lecionar sua disciplina e que a secretaria entendeu por bem que não há mais motivo para ocorrer as aulas em laboratórios e o prolongamento contratual dos ACT´s desligados, haja vista a realização do concurso público.
Ainda de acordo com Marlene, os professores das escolas municipais de todas as disciplinas, como por exemplo português e matemática, que quiserem utilizar os laboratórios para lecionar suas aulas, terão os espaços do laboratório à disposição, além de poderem também fazer pesquisas pedagógicas nos horários cabíveis em sua carga horária. “Os desligamentos dos professores de informática ocorreram devido ao vencimento de seus contratos temporários em meados de dezembro. O trabalho realizado pelos docentes ACTS´s que lecionaram informática foi ótimo, mas houve necessidade de reestruturação. Como fizemos concurso público e foi aberta seis vagas para docentes em informática, dois já foram chamados para lecionar na Angélica Costa e a Aninha Rosa, escolas de tempo integral. Os outros quatro professores serão chamados dentro da validade do edital do concurso, que é de dois anos. Os professores de todas as matérias terão o preparo para manusear a tecnologia e auxiliar os alunos na questão da informática”, sublinha Marlene.
Ainda segundo a secretária, não haveria sentido continuar com os professores de informática contratados em regime de ACT´s se as aulas não será mais em laboratório, e sim nas salas de aula com tela interativa. “A perspectiva no ensino-aprendizagem de informática nas escolas de Gaspar é muito positiva, e não negativa. Temos as telas interativas com acesso à internet já na maioria dos educandários, faltando apenas em algumas que serão colocadas até o mês de março”, argumenta Marlene.
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