A Educação é um dos campos afetados pela pandemia. Quando se fala em aulas não-presenciais, diversos fatores são levados em consideração e a sua eficácia divide opiniões. A verdade é que, no momento, existem poucas alternativas. Isso significa que o planejamento de milhares de alunos foi afetado. Aos matriculados no terceiro ano do Ensino Médio, as consequências podem ser ainda mais significativas, já que boa parte almeja uma vaga na universidade.
Tradicional em Gaspar, a Escola Professor Honório Miranda, localizada no Centro, é um exemplo de instituição que se reinventou para manter a qualidade do conteúdo repassado aos alunos. Desde abril, as aulas não-presenciais são disponibilizadas pelos professores na plataforma Classroom. Para isso, é necessário seguir um cronograma semanal de postagens e muita atenção às novidades propostas pelo corpo docente.
De acordo com o diretor Dioney Luiz Fernandes, os professores trabalham focados em assegurar o avanço de cada aluno. Inclusive, quem não possui acesso à internet (cerca de 10% dos estudantes) recebe atividades impressas que devem ser devolvidas na sede da escola após preenchidas. “Estamos dando nosso melhor. Nos readaptando e aprendendo a minimizar prejuízos”, resume.
Fernandes comenta que o planejamento das aulas vai além das matérias diárias. “Nossa escola sempre incentiva os alunos dos terceiros anos a conhecerem as faculdades da região, por exemplo. Precisamos estimulá-los, ligar para as famílias e resgatar adolescentes dispostos a desistir”. Isso porque a pandemia exigiu que muitos estudantes ingressassem no mercado de trabalho e lidassem com uma nova realidade.
Ainda conforme o diretor, é importante que todos os alunos, independentemente de prestarem vestibular ou não, se dediquem à leitura. “Leiam livros, revistas, jornais... É uma excelente forma de ampliar seus conhecimentos gerais. Como diz Leonardo Boff: cada um lê com os olhos que têm”. Aos interessados, centenas de livros foram somados ao acervo da Escola Honório Miranda e já estão à disposição dos alunos. Basta agendar a retirada.
A pandemia prejudicou o planejamento de Leonardo Schell, de 18 anos. Aluno da Honório Miranda, o jovem de 18 anos acabou desistindo de prestar o vestibular. A insegurança é o principal motivo. Isso porque, mesmo que a prova não aconteça em breve, ele teme que a absorção do conteúdo aprendido à distância não tenha sido suficiente. “Não me sinto confiante. Será que estou conseguindo aprender tranquilamente as matérias pela internet? Eu sempre fui uma pessoa que duvidava da eficiência do EAD. No final deste ano, terei a resposta. Com certeza, a nova realidade prejudicou muitas pessoas”.
Apesar disso, ele está fazendo a sua parte. Leonardo mantêm a rotina de estudos. Na parte da manhã, conteúdos extras. À tarde, liga o computador e fica atento às postagens dos professores. Para ele, o apoio da escola tem sido fundamental: “A unidade de ensino agiu com extrema agilidade e eficácia. Pois, em duas semanas, reformularam o todo nosso processo de aprendizado”.
Já Leonardo dos Santos, também formando do Honório Miranda, vai manter seu plano inicial. Aos 18 anos, o jovem ainda está em dúvida entre qual profissão seguir. Ele cogita cursar Direito ou Administração Pública. Para realizar o sonho de ingressar o Ensino Superior e ter o diploma em mãos, é preciso focar na conclusão do terceiro ano.
Com a intenção de fazer o Enem, ele se dedica aos estudos diariamente. “Toda semana têm aulas à distância para tirar dúvidas e passar conteúdo. Mas, a cada dia, têm atividades e trabalhos para entregar”, afirma o aluno que chegou a fazer um curso sobre Direito Trabalhista antes da pandemia.
O estudante quer ir além. Paralelo aos temas trabalhados em aula, ele procura se informar e correr atrás de novos conteúdos por conta própria: “Costumo usar os livros didáticos disponibilizados pela escola para complementar meu aprendizado”, conclui Leonardo.
Micaeli Luchini tem 17 anos e sonha em ser médica. Ciente da alta concorrência do curso de Medicina, a aluna da Escola Professor Honório Miranda está se dedicando muito para realizar a prova do Enem. Sua rotina de estudos é baseada no cronograma de vestibular. Além disso, durante a noite, a jovem também assiste aulas online. Nos fins de semana, é hora de resolver atividades propostas pelo corpo docente.
Diante da pandemia, Micaeli afirma que, assim como os colegas de turma, foi bastante prejudicada. “Os professores estão dando o máximo de si. Mas não é o suficiente. Nada irá superar a aula presencial”. Sua fala vem de encontro com o que outros estudantes também enfrentam. “Algumas pessoas acabaram se desmotivando. Principalmente por não conseguirem estudar em casa, seja pela falta de material adequado ou até mesmo por falta de internet”, diz.
Ainda de acordo com a futura médica, o terceiro ano é o mais importante para um vestibulando. “Essa pandemia afetou gravemente a vida de quem deseja ingressar no ensino superior. Inclusive na questão psicológica. O que me assusta é que muitos não estão pensando no depois, ninguém fala como iremos recuperar nosso ano letivo”, relata.
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