Se você acha que termos corriqueiros como “pagar o pato” e “puxar o saco” são coisas da atualidade, está muito enganado: a maioria desses dizeres tem pelo menos um século de idade, com vários datando do Brasil colonial e até da Idade Média. Sem blá-blá-blá e sem trocar as bolas, saiba de onde vêm as coisas que você fala todo dia.
– Confiar totalmente
Na Idade Média, uma das formas de testar a inocência de um acusado era fazê-lo segurar uma barra de ferro em brasa ou algo do gênero. Se não acontecesse nada, ele estaria livre.
– Conversa desinteressante
Na língua francesa, “blablabla” é uma onomatopeia (palavra que tenta imitar um som) influenciada pelo verbo “blaguer”, que significa dizer coisas ridículas. O verbo veio de “blague”, ou seja, farsa.
– Fingir que fez algo ou fazer mal feito
Por interesses econômicos, a Inglaterra tentou abolir a escravidão no mundo na primeira metade do século 19. O Brasil estava entre os alvos, mas os escravos eram uma das bases da nossa economia. Para enganar a potência, o Império colocava navios no litoral com a suposta missão de ir atrás das naus negreiras, mas, na prática, nada acontecia a elas. Era uma encenação “para inglês ver”.
– Estar sem dinheiro
Eiras eram lugares nas proximidades das antigas aldeias portuguesas onde se estendiam, ao ar livre, os legumes e os cereais que estavam sendo preparados para consumo. Como alimento sempre foi privilégio de pessoas com mais posses, os pobres se caracterizaram por não terem nem a beira de uma eira para preparar sua comida.
– Armação
Uma forma de fazer o doce do marmelo render mais é misturar o insípido chuchu a ele. Assim, parece que o doce é maior, com a vantagem de ninguém perceber o gosto do vegetal ali. Como isso não deixa de ser uma forma de enganar o cliente, “marmelada” virou expressão que indica algo fajuto.
– Isentar-se de uma responsabilidade
Outra história da Bíblia. Na Páscoa judaica, era tradição um preso ser libertado. O magistrado Pôncio Pilatos deixou a decisão de solttar Jesus ou o ladrão Barrabás para a multidão que acompanhava o julgamento. Como se sabe, Jesus acabou crucificado. Pôncio então abdicou da responsabilidade enxaguando as mãos e dizendo: “Estou inocente desse sangue. Lavo as minhas mãos”.
– Primeira vez em uma situação difícil
Nos tempos da Inquisição, quem não era batizado da maneira tradicional corria risco de ser condenado à fogueira mesmo sem fazer nada – os fanáticos acreditavam que, assim, tais pecadores conseguiriam a purificação. No século 19, Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, não pegou o espírito da coisa e passou a usar a expressão com seus soldados novatos que iam pra guerra.
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