26 de abril marca 524 anos da primeira missa realizada no Brasil - Jornal Cruzeiro do Vale

26 de abril marca 524 anos da primeira missa realizada no Brasil

26/04/2024
26 de abril marca 524 anos da primeira missa realizada no Brasil

Um marco na história do nosso país, a primeira missa celebrada em terras brasileiras aconteceu em 26 de abril de 1500. Muitas pessoas até hoje não sabem, mas naquela data, as águas serenas do litoral do Brasil testemunharam um evento que, ao longo dos séculos, ganharia um grande significado. A expedição portuguesa liderada por Pedro Álvares Cabral, que havia desembarcado no litoral sul da Bahia algumas semanas antes, se reuniu na praia para a cerimônia religiosa. A missa foi presidida pelo Frei Henrique de Coimbra, acompanhado por outros membros do clero e pelos próprios navegadores.

O local exato da primeira missa é ainda objeto de debate entre os historiadores, com especulações sobre se teria ocorrido em Porto Seguro ou em outra área próxima. No entanto, a importância simbólica do evento transcende sua localização precisa. Para os colonizadores portugueses, a celebração da missa representava não apenas um ato de devoção religiosa, mas também o estabelecimento do domínio espiritual sobre as terras recém-descobertas. Era o primeiro passo na tentativa de cristianizar os povos indígenas e legitimar a presença portuguesa na região.

Para os povos indígenas que habitavam as terras brasileiras, a chegada dos europeus e a celebração da missa representavam o início de uma transformação radical em seu modo de vida. Muitos não compreendiam os rituais cristãos e as intenções dos colonizadores, e a chegada dos portugueses marcou o início de séculos de conflitos e mudanças irreversíveis para as sociedades nativas. A primeira missa no Brasil, portanto, foi um evento carregado de significados múltiplos e complexos. Ao mesmo tempo em que representava a expansão do domínio europeu sobre o Novo Mundo, também assinalava o início de uma história de encontros e confrontos entre diferentes culturas e civilizações.

Influência da Igreja Católica

Após a realização da primeira missa no Brasil, o catolicismo desempenhou um papel central na formação da identidade nacional do Brasil e na história do nosso país. Desde os primeiros momentos da colonização até os dias atuais, a presença e influência da Igreja Católica moldaram profundamente a sociedade brasileira. No período colonial, a Igreja Católica trabalhou na conversão dos povos indígenas ao cristianismo, parte integrante do projeto de colonização portuguesa. Missionários católicos, muitas vezes pertencentes a ordens religiosas como os jesuítas, também se dedicaram na catequese e na organização social das comunidades indígenas.

Durante os séculos seguintes, o catolicismo continuou a exercer uma influência dominante na vida religiosa e cultural do Brasil. A Igreja Católica foi importante para a educação, saúde e assistência social, estabelecendo escolas, hospitais e instituições de caridade em todo o país. O catolicismo também se tornou uma parte essencial das festividades e tradições brasileiras. As festas religiosas, como o Carnaval e as festas juninas, misturam elementos cristãos com influências culturais locais, refletindo a sincretismo religioso que é uma característica marcante da religiosidade brasileira.

Chegada de outras religiões

No entanto, o catolicismo no Brasil também enfrentou desafios ao longo de sua história. A chegada de outras religiões, como o protestantismo e as religiões de matriz africana, trouxe uma diversidade religiosa crescente ao país, desafiando a posição dominante da Igreja Católica.

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado mudanças significativas na paisagem religiosa, com um aumento no número de brasileiros que se identificam como não religiosos ou que aderem a outras tradições religiosas. Porém, o catolicismo ainda permanece como a maior denominação religiosa do país, mantendo uma influência significativa na sociedade brasileira.

Assim, a história do catolicismo no Brasil tem uma trajetória de continuidade e mudança, de influência e adaptação. Desde a primeira missa celebrada em terras brasileiras até os dias de hoje, a presença da Igreja Católica é uma parte indissociável da identidade nacional do Brasil e da vida religiosa de seu povo.

“A missa é a celebração central da nossa Igreja católica”
Artigo por Frei Pedro da Silva, Pároco da Igreja Matriz São Pedro Apóstolo, de Gaspar

“A missa teve a sua origem na noite da Quinta-feira Santa, com a Última Ceia de Jesus; aquela refeição que se tornou inesquecível para os Apóstolos, e por isso, a Igreja jamais deixou de repeti-la, a pedido do próprio Jesus: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19b).

A Missa está dividida em duas grandes partes: Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística. Melhor entendendo: são as duas MESAS onde o Senhor alimenta o seu povo: a Mesa da Palavra e a Mesa do Pão. Pela Palavra, o Senhor aquece os nossos corações e na Mesa do Pão partido e repartido Ele abre os nossos olhos para reconhece-lo vivo e ressuscitado, como nosso companheiro de viagem.

Missa e Domingo estão muito ligados até hoje, porque para a maioria, o Domingo ainda significa o ir à missa; e não estão errados, porque este foi sem dúvida o sentido principal que sempre se procurou dar ao Domingo. Convém lembrar que o próprio Jesus, ao sentar-se à mesa, estava também celebrando a memória de um acontecimento muito importante para o povo judeu: sua libertação da terra do Egito, comemorada com a refeição do cordeiro pascal. Jesus é agora o novo Cordeiro Pascal, imolado por toda a humanidade. E nós, fazemos aquilo que Jesus fez, celebramos a nossa própria libertação.

Depois que Jesus ressuscitou, os apóstolos e os primeiros cristãos repetiam sempre o gesto de Jesus de repartir o pão. Para comemorar a ressurreição de Cristo e sua presença, os apóstolos e os primeiros cristãos se reuniam sempre no primeiro dia da semana, o qual deu origem ao nosso Domingo, que quer dizer: Dia do Senhor. Isto é significativo para nós, pois temos também a certeza da presença do Senhor Jesus em nosso meio, todas as vezes que celebramos a Eucaristia. Assim, aos poucos, a missa foi-se estruturando, até chegar à forma atual, mais completa, como a temos e a celebramos hoje. A Eucaristia, ou a Missa, é o coração do domingo, a páscoa semanal dos cristãos. Por isso, “Domingo sem missa, é semana sem graça”, diz um ditado popular!”

Curiosidades do catolicismo em Gaspar

Você sabia que a primeira missa celebrada em Gaspar aconteceu na Quinta-feira Santa do ano de 1850, em uma capelinha de madeira que ficava na margem esquerda do Rio Itajaí? Hoje, essa capela não existe mais. Mas, de acordo com o frei Jhones Martins, antes mesmo da construção da primeira igreja, havia cultos e celebrações na casa de João Klocker e Nicolau Deschamps. Ele também conta que Frederico Guilherme Schramm, líder nato, conseguiu juntar os colonos para começarem a construção da primeira Igreja, sendo inaugurada em 1850 na missa da quinta-feira Santa. “Quem presidiu foi, provavelmente, Padre Francisco Hernando, espanhol que era vigário em Itajaí, e nesse dia veio celebrar a primeira missa em Gaspar”.

Outra informação importante é de que a primeira comunidade São Pedro foi construída no terreno de João Klocker, com o nome de Capela em Honra a São Pedro. Quem celebrou Foi Padre Francisco Hernando. Só na Igreja Matriz São Pedro Apóstolo já foram realizadas cerca de 40 mil missas. Ainda segundo Frei Jhones, 23 gasparenses já foram ordenados padres, sendo que cinco desses se tornaram bispos. Além disso, mais de 50 moradores de Gaspar já foram para o seminário. Ele reitera que, ao todo, mais de 50 padres já passaram por Gaspar ao longo dos anos.

Atualmente, Gaspar tem quatro paróquias: São Pedro (Centro) e mais 16 comunidades; Imaculada Conceição (Bela Vista) e mais duas comunidades; Nossa Senhora do Rosário (Barracão) e mais quatro comunidades; e Sagrado Coração de Jesus (Belchior) e mais quatro comunidades.

Frei Jhones cita uma frase de Santo Afonso: “A missa é o que de mais belo existe sobre a terra”. Diante da reflexão, ele afirma que a Missa foi instituída no Quinta-feira Santa, também chamada de Lava-pés. “Jesus mesmo disse para que até a sua volta: “Fazei isto em memória de mim”. Deste modo, a missa é algo que primeiramente Jesus Cristo quis e deixou a nós. A sua importância vale que a cada missa, o corpo e sangue de Cristo é feito memória e assim podemos comungar do seu próprio corpo. A missa primeiramente é um memorial da entrega de Cristo a nós, sendo assim a cada missa caminhamos com Cristo no seu calvário. O padre é o Cristo que se oferece na cruz e no altar e o povo que assiste esse mistério é como se estivesse no calvário assistindo a morte de Cristo na cruz. Portanto, a cada missa celebramos e fazemos memória da entrega de Cristo por nós e no final, ainda comemos do seu Corpo e Sangue que são alimentos da nossa alma”.

 

 

 

 

Edição 2150

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