Caminhoneiro de Gaspar sequestrado em SP fala com exclusividade ao Cruzeiro do Vale - Jornal Cruzeiro do Vale

Caminhoneiro de Gaspar sequestrado em SP fala com exclusividade ao Cruzeiro do Vale

07/02/2020

O que era para ser mais um frete corriqueiro para o gasparense Irineu Chiminelli Junior, de 27 anos, se transformou em momentos de terror. De quarta para quinta-feira, dias 5 e 6 de fevereiro, o jovem foi vítima de um grande assalto seguido de sequestro na cidade de Guarulhos, em São Paulo. Foram 15h de tensão, angustia e apreensão.

Às 10h30 de sexta-feira, dia 7 de fevereiro, menos de um dia após ser libertado, ele dirigia seu caminhão Iveco de volta para casa (foto). Ao lado da esposa Carla Klabunde, falou com exclusividade ao Cruzeiro do Vale e contou detalhes dessa grande ação criminosa.

Como tudo começou

Junior estava em São Paulo quando acessou um aplicativo de fretes e fechou negócio com uma transportadora chamada Valle Express. O acordo foi para que ele levasse uma carga de produtos agrícolas de Guarulhos/SP até Curitiba/PR.

Às 22h de quarta-feira, dia 6 de fevereiro, ele chegou até o local combinado: um galpão na cidade de Guarulhos. Lá, foi recebido por dois homens, que pediram para que ele descesse do caminhão para conferir onde estava a carga. Nesse momento, o assalto foi anunciado e ele percebeu que, na verdade, tudo era uma armação.

Na sequência, outros quatro bandidos se juntaram à dupla e a quadrilha levou Junior até uma quitinete. Lá, ele passou as 15 horas seguintes.

Localizador ajuda a encontrar caminhão

Apesar de estar acostumado a fechar fretes deste tipo, Junior sentiu que algo estava estranho. Por isso, avisou a um amigo de Blumenau sobre o trabalho e pediu para que ele ficasse atento à localização do caminhão. E foi o que o amigo fez. “Eu fiquei desconfiado do endereço e do estilo da contratação, mas aceitei. Avisei um amigo de Blumenau e ele ficou em cima do localizador do caminhão. Quando ele viu que eu sumi, acionou a polícia”, detalha.

O caminhão de Junior foi encontrado logo em seguida abandonado em frente ao galpão. Os criminosos vasculharam a cabine e roubaram as lonas da carroceria.

Na quitinete

Durante todo o tempo em que ficou sequestrado, Junior diz ter sido bem tratado. “Eles não me vendaram em nenhum momento e também não me machucaram. Ofereceram água, comida e até droga. Como eu não uso essas coisas, não aceitei. Mas eles usaram”.

Junior passou todo o tempo acordado e os bandidos estavam de cara limpa. Dois aparentavam ter idade entre 25 e 30 anos. Os outros pareciam mais velhos, com cerca de 40. “Todos estavam armados. Uma arma era um revólver calibre 38. Eu não conheço muito de armamento, mas vi que os outros estavam com a arma na cinta”.

O período em que esteve sob a mira dos criminosos serviu para que fossem feitos saques em sua conta bancária. “Quando eu cheguei eles já abriram o aplicativo do banco e começaram a fazer movimentações. Estou voltando para Gaspar para ver ao certo quando roubaram”.

Em nenhum momento do sequestro Junior saiu da quitinete. Todas as transações bancárias feitas pelos criminosos foram online.

A liberdade

Por volta das 13h de quinta, os bandidos pediram o número do celular do pai de Junior. De um telefone celular desconhecido, eles mandaram uma mensagem informando que deixariam Junior em um ponto de ônibus. O reencontro foi emocionante. “Enquanto estava lá, preso, passaram mil coisas na minha cabeça. Foi uma emoção muito grande poder reencontrar minha família”, detalha.

Para voltar para casa, Junior teve a companhia da esposa Carla. Logo atrás do caminhão, os pais também retornavam para Gaspar depois de horas de muita preocupação. “Agora, vida que segue. Eles não me machucaram e não levaram o caminhão, e é isso que importa. Isso não vai interferir no meu trabalho. O mundo não pode parar. Infelizmente, não fui o primeiro e não vou ser o último a passar por isso”.

 

 

Edição 1937
 

Comentários

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.