Comerciantes sofrem consequências do isolamento e se reinventam - Jornal Cruzeiro do Vale

Comerciantes sofrem consequências do isolamento e se reinventam

03/04/2020
Comerciantes sofrem consequências do isolamento e se reinventam

O isolamento social, orientado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e decretado pelo Governo Estadual de Santa Catarina para combater a transmissão do novo coronavírus, já completa duas semanas. Nesse momento, paralelo ao medo da doença, outro problema toma proporções maiores: a paralisação do trabalho.

Muitas empresas e indústrias da região temem as consequências financeiras e já estão atuando com metade dos funcionários ou, quando possível, aderem à estratégia do home office. No caso de restaurantes, bares e estabelecimentos que vendem alimentos, o delivery foi adotado como forma de driblar a crise.

Mas, se tem um setor bastante prejudicado nessa história é o comércio. Em Gaspar, os lojistas estão seguindo à risca as determinações impostas. Na rua Coronel Aristiliano Ramos, no Centro, onde se concentra grande parte das lojas do município, o movimento é quase nulo. Com todas as portas fechadas, as poucas pessoas que passam pela região se restringem à ida ao banco e lotérica.

As vendas na loja O Boticário, por exemplo, cessaram. Apesar da grande estrutura, a interrupção do atendimento vai gerar impacto financeiro significativo ao negócio. “Sem vendas nos próximos meses, não haverá recursos no caixa. Medidas internas terão que ser tomadas para enfrentar com segurança o que há por vir e evitar demissões”, afirma Cilene da Silva Beltramini, gerente-geral da franquia.


Se adaptando à nova realidade

Da necessidade de se reinventar, Rosana Venena traçou um novo método para comercializar seus produtos. A proprietária da loja MJM, desde segunda-feira, 30 de março, faz entrega de chocolates a domicílio. Além disso, instalou em sua residência um balcão para atender no estilo drive thru. “O cliente não entra, apenas escolhe o produto pelo lado de fora e nós levamos. Estamos tomando todos os cuidados possíveis de higiene. Usamos máscaras, luvas e temos álcool à disposição”, conta.

De acordo com ela, a mudança está sendo de grande impacto. Isso porque a loja vai ter que reduzir sua variedade de produtos e focar em uma outra demanda, a da Páscoa. “Ainda é cedo para falar em números. Com certeza haverá queda nas vendas. Mas para nós, que estamos com a loja fechada, é uma esperança de recomeçar”, afirma a lojista que há cerca de 20 anos atende no centro de Gaspar.

A expectativa de Rosana é que sua equipe, formada por sete pessoas, volte à atividade normalmente na próxima quarta-feira, dia 8 de abril. “Enquanto isso, vamos levando conforme podemos. Temos ótimos clientes e vamos atendê-los da melhor maneira, assim como é feito na loja”, conclui.

Foco no delivery de roupas

Sayonara Hostins também precisou se reinventar. Dona da loja Enjoy, revendedora autorizada da marca Hering em Gaspar, ela decidiu comercializar seus produtos de um jeito diferente. Nesse período conturbado, a venda de roupas femininas e masculinas será feita pela internet. “O atendimento online pode parecer algo fácil e prático. Porém, não é. São passos de formiguinha”, destaca a lojista.

Atualmente, as redes sociais são suas principais aliadas na divulgação dos produtos e novo serviço prestado. “O Instagram é minha maior ferramenta de trabalho no momento, principalmente por facilitar o contato com os clientes. Tento sempre ser otimista. Porém, não posso deixar de ser realista: no meu ramo, com certeza haverá uma queda”. Segundo seu levantamento, nos últimos 15 dias, as vendas não chegam a 10% das que eram efetuadas com as portas abertas.

Positiva quanto um retorno em breve, Sayonara reitera o compromisso com seus clientes. “Antes mesmo de sair para a entrega, já lavo as mãos e passo álcool em gel. Quando chego na residência do cliente, faço outra higienização. Logo após a entrega, mais uma. Se uso máquina de cartão também repito o procedimento”, garante.

Do tradicionalismo ao WhatsApp

Com aproximadamente 40 anos de experiência no comércio, José Rovere Passos, proprietário da loja Rovere Tecidos, é outro exemplo de trabalhador que se reinventou no período da quarentena. Seu estabelecimento está fechado desde o dia 17 de março e, nesta semana, passou a atender com delivery. O serviço é organizado por hora marcada, através do WhatsApp.

Ele acredita que, em breve, as atividades retornem ao normal na cidade. “Que logo a população gasparense possa se sentir mais aliviada e, enfim, as coisas voltem gradativamente. Teremos tempos complicados, mas vamos vencer”.

Governo estadual planeja retomada

Diariamente, o Governo do Estado se reúne para discutir o plano de convívio, que inclui atividades econômicas. Logo após a edição do decreto 535/2020 e a prorrogação do isolamento social em Santa Catarina, foram adicionados aos encontros representantes da Federação Catarinense de Municípios (Fecam) e entidades empresariais. No momento, os debates giram justamente em torno do futuro após a pandemia.

De acordo com o secretário da Fazenda, Paulo Eli, é preciso resolver três questões essenciais com rapidez: O que será aberto imediatamente? A partir de quando? Com quais medidas de segurança?


CDL de Gaspar busca soluções junto dos associados

A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Gaspar, junto das entidades empresariais, está em busca de soluções para ajudar os comerciantes do município. Nos próximos dias, vai ser lançada uma cartilha com dicas referentes ao retorno das atividades. A princípio, a orientação é de que os empresários mantenham o atendimento apenas virtual e, no caso de entregas, sigam as recomendações de higiene e segurança do Ministério da Saúde.

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