Na manhã desta terça-feira, 13, os motivos que atrasam a construção da ponte de Ilhota foram discutidos na sede do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Dnit, em Brasília.
O secretário de Articulação Nacional, João Matos, autor da emenda parlamentar que destinou os recursos para a obra em 2005, acompanhou as duas reuniões e deu encaminhamento ao assunto. ?Queremos que os senhores analisem e resolvam as pendências com a maior racionalidade possível, eliminando procedimentos desnecessários?, comentou.
Todos os questionamentos feitos pelo Dnit foram respondidos com brevidade para acelerar o processo, uma vez que a empreiteira contratada está com recurso de aproximadamente R$ 4 milhões em conta para continuar os trabalhos. Os itens questionados, e dos quais dependem a liberação do projeto executivo, referem-se aos valores de estaqueamento e apoio náutico.
O assessor da Direção, André Kuhn, afirmou que a Ponte de Ilhota é uma prioridade. Como encaminhamento do encontro, ficou agendada reunião entre os técnicos do Dnit e da Sotepa para a parte da tarde. Participaram dos encontros o secretário de Estado de Infraestrutura, Valdir Cobalchini, o prefeito de Ilhota, Ademar Felisky, os representantes da empreiteira responsável e a equipe técnica do Dnit.
Atualmente, os trabalhos de terraplanagem estão concluídos. A próxima etapa prevê instalação das vigas que formarão as cabeceiras da ponte. Ao todo, a estrutura terá 2,4 quilômetros de extensão e receberá fluxo estimado de 5 mil veículos por dia após sua conclusão, garantindo a travessia do Rio Itajaí-Açu.
A Ponte de Ilhota, que ligará a rodovia Jorge Lacerda à BR-470, é com certeza uma das obras mais esperadas pela população da cidade e até mesmo do Vale do Itajaí. Porém as complicações para que o acesso finalmente seja concluído estão diminuindo a esperança da comunidade.
O dinheiro para a obra existe e foi liberado, os serviços iniciaram e pararam por diversas vezes, devido a problemas no projeto. Agora, a construção está parada desde o ano passado, desta vez por falta de negativas de documentos. A ponte deveria trazer soluções e desenvolvimento para a cidade, mas acabou se transformando em mais um problema sem soluções previstas.
A expectativa era de que as obras reiniciassem até o fim de fevereiro, para que fosse concluída até dezembro de deste ano, porém a construção ainda está parada, e agora sem data para retorno.
Segundo informações da assessoria de imprensa do Departamento Estadual de Infraestrutura de Santa Catarina, Deinfra, a retomada da construção da ponte depende de autorização do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes, Dnit, sendo que os recursos já estão disponíveis. A demora seria em decorrência da troca de comando deste departamento. Ainda segundo a assessoria de imprensa, depois que reiniciarem as obras, o tempo para conclusão do trabalho está estimado em cerca de oito meses.
A equipe do jornal Cruzeiro do Vale tentou entrar em contato com o prefeito de Ilhota, Ademar Felisky, porém não conseguiu encontrá-lo. Segundo informações da assessoria de imprensa do município, Ademar viajou nesta segunda-feira, 12, para Brasília para tentar resolver o problema. O secretário de Agricultura, Almir César Paul, não quis passar informações sobre o assunto até o prefeito retornar à cidade, com novas informações.
Para os mais de 12 mil ilhotenses, a ponte ainda é uma das obras mais importantes e esperadas. Samir César diz que a ponte será uma obra excelente para a cidade e espera que saia logo, assim como foi prometida. ?Eu sei que a verba veio, então tenho fé que a ponte seja feita logo. Com certeza a cidade de Ilhota irá ganhar muito com isso, já que a quantidade de veículos circulando por aqui será maior, ou seja, mais público para os serviços daqui?, explica Samir, dizendo ainda que as vendas na cidade aumentariam, pois mais pessoas passariam por Ilhota. Otávio Maciel dos Santos acha que a ponte é indispensável para a cidade. ?Nós pagamos impostos, então esperamos do município algo que nos beneficie. A ponte seria um ótimo benefício?, garante. A obra está orçada em R$ 32,5 milhões e ainda não há previsão de ser reiniciada.
Entenda o caso
Em agosto de 2008 o edital da licitação da obra da Ponte foi publicado no Diário Oficial do Estado. Em junho de 2009, na reunião de apresentação do projeto Apenas sete das 83 empresas que retiraram o edital para participar da licitação compareceram a visita técnica. Já em agosto do mesmo ano, o projeto apresentado pela empresa JM Terraplanagens e Construções, de Brasília, vence a licitação para construção da ponte por apresentar o menor valor.
No dia 22 de novembro de 2009, foi assinada a ordem de serviço para a construção da Ponte de Ilhota, e em fevereiro de 2010 as obras começaram. Em julho de 2011 a construção da ponte foi interrompida devido a um impasse jurídico entre o Departamento Estadual de Infraestrutura de Santa Catarina, Deinfra, e o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes, Dnit. A empresa contratada, JM Terraplanagem e Construção Ltda, finalizou os trabalhos de terraplenagem.
A balsa é uma opção para quem precisa atravessar o rio Itajaí-Açu, mas muitas vezes acaba se tornando uma travessia muito demorada. Muitos ilhotenses veem a falta da ponte como uma situação complicada para toda a população e esperam que ela fique pronta o quanto antes. ?Eu moro no bairro Pedra de Amolar, e todo dia tenho que pegar a balsa, pois trabalho na Bunge. Se tivéssemos a ponte, seria muito mais fácil para mim, já que eu poderia sair de casa com menos pressa e até mais tarde?, comenta José Adalto da Silva.
Quanto maior a dificuldade, maior o transtorno. James Simon trabalha próximo à balsa e diz que depois que a reforma da ponte Hercílio Deeke, no Centro de Gaspar, começou, a quantidade de veículos que passam pela balsa de Ilhota aumentou bastante. ?As filas que estão se formando aqui por causa da balsa são bem maiores agora, pois muita gente prefere passar por aqui para não pegar tanto trânsito em Gaspar?, comenta. James diz também que acredita que a aqueles que utilizam a balsa e não são de Ilhota deveriam começar a pagar. ?A gente é quem mantém a balsa, e quando ela estraga somos nós que mais sofremos. Acho que é sensato que o pessoal das outras cidades pague?, sugere.
Luiz Antônio Konick trabalha na balsa há aproximadamente seis anos, e confirma que o movimento de veículos na balsa aumentou muito nas últimas semanas. ?Nessas horas realmente seria muito importante uma ponte. Estamos fazendo em torno de 115 balsadas por dia e trabalhando até mais tarde. Agora estamos também transportando caminhões, o que não fazíamos antes, mas é necessário, o movimento ficou muito intenso?, conta. Para Luiz, por mais que a ponte demore para ficar pronta, este é um dos melhores investimentos para a cidade e para os motoristas.
Orsulano Mathias da Rocha fala que a construção da ponte é realmente uma obra complicada, porém deve ser feita o quanto antes, pois a balsa está utilizando muito óleo e por isso as despesas são grandes. ?Acho que a prefeitura está gastando muito com a balsa e não está ganhando nada em troca, e esse dinheiro poderia até ser investido na ponte, não poderia??, questiona.
Edição 1369
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