Extração de areia no Rio Itajaí-Açu é tema de reunião em Gaspar - Jornal Cruzeiro do Vale

Extração de areia no Rio Itajaí-Açu é tema de reunião em Gaspar

20/02/2018
Extração de areia no Rio Itajaí-Açu é tema de reunião em Gaspar

Não é de hoje que os assuntos que envolvem a extração de areia no Rio Itajaí-Açu geram grande preocupação para as autoridades e para a comunidade. Pensando em esclarecer dúvidas e resolver questões pontuais, geólogos e extratores de areia se reuniram com as autoridades de Gaspar, Blumenau e Ilhota na noite de segunda-feira, dia 19 de fevereiro, para debater o assunto. O encontro aconteceu no auditório do Raul´s Hotel e teve início por volta das 19h30.

Para abrir a reunião, o Gerente de Projetos da Geologia Geotécnica Engenharia Sondagem (GGES) fez uma explanação sobre a atuação junto aos extratores de areia da região. Ele afirmou que é monitorado o comportamento dos peixes com a retirada da areia do rio e que é feito um programa de estabilidade das margens, para garantir que as margens do rio não são atingidas de forma negativa com a extração de areia. Além disso, ele explicou o processo de recuperação da mata ciliar, o plano de gerenciamento de resíduos sólidos e o programa de comunicação social, que contempla a apresentação e respostas aos questionamentos dos moradores das áreas onde são realizadas as extrações de areia.

Representando os moradores do bairro Poço Grande, em Gaspar, Fabiana da Silva, presidente da Associação de Moradores, usou o microfone para falar sobre a preocupação que gira em torno de possíveis desbarrancamentos às margens do rio. “Vejo quase todos os dias a lancha tirando areia do rio. Atrás da minha casa, por exemplo, não temos mais verde. Só capim seco”, afirmou.

Após a fala da presidente da Associação de Moradores, o presidente do Sindicato da Indústria e Extração de Areia do Estado de Santa Catarina, Lauro Fröhlich, afirmou que questões como esta serão debatidas e analisadas com atenção. “Aceitamos participar deste encontro justamente porque queremos resolver questões pontuais como a apresentada pela presidente da Associação de Moradores. Num primeiro momento, nossas reuniões serão técnicas. Vamos discutir com quem entende do assunto os pontos a serem acertados. Depois, não está descartada a possibilidade de uma reunião aberta com a comunidade para debatermos o assunto”, garantiu.

Reclamações dos moradores

Quase 70% do leito do Rio Itajaí-Açu em Gaspar é destinado à extração de areia. Segundo o Superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Gaspar, Rafael Weber, esta grande porcentagem faz com que o município receba diversas reclamações da comunidade, que se mostra preocupada com a situação das margens do rio. “O estado é o responsável por este tipo de fiscalização, não o município. Em alguns casos, conseguimos realizar algumas vistorias. Mas sempre repassamos aos responsáveis legais. É importante deixar claro que nem sempre as denúncias recebidas são verdadeiras”.

O Engenheiro Florestal Giovani Silveira participou da reunião representando a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável de Ilhota. Ele afirma que a problemática em Gaspar e Ilhota é a mesma e que é preciso, em conjunto, encontrar um meio termo para atender a comunidade e também os extratores de areia. O presidente da Câmara de Vereadores de Gaspar, Sílvio Cleffi, e os vereadores Francisco Hostins Júnior, Francisco Anhais, Rui Deschamps e Mariluci Deschamps Rosa também participaram da reunião que contou também com a presença do Vice-prefeito Luis Carlos Spengler Filho.

O diretor da Fatma de Blumenau, Perci João de Borba Neto afirma que a fundação também recebe muitas reclamações sobre desbarrancamentos. “Queremos alinhar estes pontos. Nosso objetivo é aproximar mineradores e a comunidade. Nos colocamos à disposição dos extratores de areia e da população e vamos trabalhar em conjunto para resolver essas questões”, disse.

Extração de Areia

A área compreendida entre Blumenau e Navegantes conta com 13 extratores de areia. Em Gaspar, 4 empresas fazem este serviço. Em Ilhota, o número é o mesmo.

Para retirar areia do rio, o extrator deve colocar a lancha no meio do rio. Ou seja, no terço central. Se a distância entre as duas margens for de 90 metros, por exemplo, a retirada da areia deve ser feita nos 30 metros centrais do rio, respeitando mais 30 metros de cada margem. Os extratores de areia subtraem do rio as areias, fina, média e grossa que são utilizadas para a construção civil.

Hoje, grande parte da areia utilizada na construção civil vem do fundo do rio. Após a extração, o material colhido passa por peneiras e se transforma em areia fina, média ou grossa.

 

 

Edição 1839

 

 
 

Comentários

Miguel José Teixeira
20/02/2018 13:23
Senhores,

Parabéns! Louvável a iniciativa e o debate deve ser ampliado.

O tema é extremamente complexo e pode redundar no bem-estar da sociedade ou. . .

. . .bom. . .o que mais temos assistido são desastres naturais que poderiam ter sidos evitados.

Como já dizia o saudoso sociólogo e jornalista Joelmir Bettting:

"A natureza não se defende, ela se vinga"

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