Família viveu 50 anos na casa destruída pelas chamas - Jornal Cruzeiro do Vale

A emoção toma conta de Alexandre Faria da Costa ao relembrar os mais de 50 anos que viveu com a esposa Frida Pawlowsky da Costa e os quatro filhos em um casarão na entrada do bairro Gasparinho.

A antiga moradia da família Costa foi alvo da ação de delinquentes na fria tarde deste domingo, 15, e as lembranças guardadas nas quatro paredes foram destruída pelas chamas. Restos de móveis, roupas e parte do telhado foram consumidos pelo fogo, que precisou de duas horas para ser controlado pela equipe do Corpo de Bombeiros.

A causa do incêndio ainda não foi identificada pela perícia, porém, como a casa estava interditada desde 2010, ano em que seu Costinha deixou a única casa em que havia morado desde que chegou em Gaspar,  não tinha energia elétrica e a suspeita da família é de que os andarilhos que desde o início do ano estavam morando na casa tenham ateado fogo no local. ?Sabíamos que havia andarilhos dormindo lá. Tentamos retirá-los, mas nenhum órgão onde pedimos ajuda conseguiu impedir que eles ficassem por lá. Fomos até com a polícia.?, conta a filha de seu Costinha, Rosangela.

Assim que a família foi comunicada sobre o incêndio, Rosangela e um dos irmãos foram até o casarão para verificar de perto os estragos. Seu Costinha preferiu ficar em casa. ?Não quero ir, não estou preparado?, afirma tentando segurar as lágrimas.

Patrimônio histórico

A casa onde a família Costa construiu todos os seus sonhos foi erguida no início do século XX, pela Igreja de Confissão Luterana de Gaspar. É mais um patrimônio histórico que agora acabará dando lugar a modernos empreendimentos. Ali, muitos casais celebraram suas festas de casamento - inclusive seu Costinha, muitos jovens apresentaram peças teatrais, muitas senhoras organizaram cafés e muitas famílias velaram seus entes queridos.

A casa era a sede do Centro Evangélico. No início, as atividades funcionavam nos dois andares do casarão. Depois, seu Costinha alugou o andar debaixo e sua esposa Frida cuidava da parte superior, onde continuavam acontecendo os encontros dos evangélicos de Gaspar. Como o espaço estava pequeno, a igreja propôs que a família Costa trocasse o terreno herdado por Frida, que ficava bem ao lado, pela casa. ?Eu não sabia quando poderia construir uma casa, por isso aceitamos a proposta e demos nosso terreno, onde hoje está o Centro Evangélico, em troca daquela bela casa?, relembra Costinha.

Muitas enchentes atingiram a grande moradia, que foi ficando frágil com o passar dos anos e, em 2010, depois de uma enxurrada que levou grande parte do terreno, a casa ficou ameaçada. ?Por ordem da Defesa Civil deixei o local. Eu já estava viúvo e não quis arriscar minha vida. Foi difícil sair de lá?. A família pretendia vender o imóvel até o final deste ano. Agora, com a casa destruída pelas chamas, seu Costinha e os filhos ainda não definiram o que irão fazer com o terreno onde viveram por mais de cinco décadas.

Casa incendiada era frequentada por andarilhos

Informações repassadas pela equipe do Corpo de Bombeiros revelam que a casa que pegou fogo no início da tarde deste domingo, 15, no bairro Gasparinho, era frequentada por andarilhos. A moradia pertencia a um senhor de 78 anos e possuía poucos móveis dentro, apenas quatro balcões de cozinha, um sofá e uma mesa de madeira. A rede  elétrica e a rede de água  estavam desativadas.

O genro do proprietário do imóvel, em depoimento aos Bombeiros, revelou que o local era utilizado por andarilhos e frequentemente os familiares tinham que pedir para os grupos saírem do local.

Incêndio atinge casa interditada no Gasparinho

Um incêndio em uma residência interditada movimentou os trabalhos da equipe do Corpo de Bombeiros na tarde deste domingo, 15.

Por volta das 15h, a fumaça que se espalhava próximo a casa, localizada na rua Frei Solano, bairro Gasparinho, assustou alguns moradores e pessoas que passavam pelo local.

A casa de alvenaria ficou destruída e ninguém se feriu. Segundo informações repassadas pelos bombeiros, após duas horas as chamas foram contidas, porém, às 18h, a equipe precisou retornar à residência para conter um novo princípio de incêndio. Foram gastos 5,5 mil litros de água durante a operação. 

Edição 1406