Gaspar está em pleno desenvolvimento. Mas, ao olhar para trás, podemos nos conectar com as raízes dessa trajetória. Quais famílias foram pioneiras na ocupação de cada bairro? Quais atividades econômicas predominavam no passado? De que forma as escolhas feitas há décadas moldaram a cidade que conhecemos atualmente? Essas e outras questões podem ser respondidas através de pesquisas e registros históricos.
O livro ‘Gaspar’ é uma valiosa fonte de conhecimento para as novas gerações. Organizada por Dário Deschamps e contando com pesquisas de Leda Maria Baptista, Maria Bernadete Silvino da Silva e Maria Zilene Cardoso, a obra foi redigida por Alfredo Scottini e Maristela Pereira. Por meio deste material, é possível resgatar os passos das localidades do município, preservando memórias e valorizando sua história.
Augusto Schramm foi o primeiro a ocupar as terras do Poço Grande. Conforme documentado no livro ‘Gaspar’, sua família estabeleceu os limites entre os colonos alemães e os imigrantes de origem portuguesa e italiana. Os alemães, representados por famílias como Schmitt, Spengler e Zimmermann, fixaram residência nas proximidades do rio Itajaí-Açu. Já os portugueses (Cardoso, Pereira, Miranda, Elias, Luz e Ferreira) e os italianos (Censi, Bendini, Maraschi, Andrietti e Roncaglio) se instalaram em terras que se estendiam em direção a Brusque.
Na mesma região, áreas como Óleo Grande e Barracão recebiam forte influência de Tijucas, com a extração de madeira desempenhando um papel crucial na economia local. Barracão, por sua vez, consolidou-se como um importante centro comercial da época, onde os moradores realizavam suas trocas e vendas. Além disso, o livro relata que famílias oriundas do litoral norte, como Rangel, Rodrigues, Nogueira, Novaes, Souza e Silva, também se estabeleceram ali. Já os imigrantes vindos de Tijucas incluíam sobrenomes como Lemos, Neves, Reis, Siqueira e Cunha.
A exploração da madeira foi, durante anos, a principal atividade econômica em Gaspar Grande. Devido à umidade do solo, culturas como cana-de-açúcar, aipim e milho não prosperavam, tornando a região menos propícia para a agricultura tradicional. Entre os primeiros habitantes, destacam-se nomes que permanecem conhecidos até hoje, como Próspero Laurindo de Aguiar, Antônio de Souza Souares, João Custódio da Rocha, Diogo Roque da Silva, Claudio de Oliveira, João Benigno de Oliveira e Francisco Conceição.
Segundo o livro ‘Gaspar’, a ocupação das margens dos ribeirões Saltinho e Belchior Baixo foi impulsionada pela exploração de madeira, especialmente voltada para a construção naval. Nessa região, destacavam-se as famílias Deschamps, Waltrick, Binz, Trierweiler, Krauss e Zimmermann.
No Belchior Central, antes mesmo da emancipação de Gaspar, José André Soares foi um dos primeiros colonizadores. De origem açoriana, ele possuía extensas terras e mão de obra escravizada, dedicando-se ao cultivo de café. A obra também menciona a chegada de colonos alemães evangélicos, que praticavam a agricultura de subsistência, com plantações de cana-de-açúcar, milho e aipim.
Já no Belchior Alto, Antônio Bernardo Haendchen foi um dos primeiros colonizadores. Conforme descrito no livro, ele sustentava-se pela extração de madeira e pela agricultura em pequena escala. Posteriormente, chegaram imigrantes vindos de Biguaçu e São Pedro de Alcântara, incluindo as famílias Jansen, Stein, Oeschler, Schmitt, Zoz, Klock, Zimmermann, Gesser, Ulrich, Krause, Kramer, Bugmann, Theiss, Schmitz e Tilmann.
Os primeiros habitantes da região onde hoje se encontram Arraial, Pocinho, Lagoa e Morro Grande foram as famílias Sabel, Pitz, Junkes e Werner. Esses pequenos proprietários, de origem alemã, migraram de São Pedro de Alcântara e dedicaram-se à agricultura. O livro relata que, devido à umidade excessiva nas áreas mais próximas aos rios, o cultivo enfrentava desafios, embora a pesca e a caça fossem abundantes. Com o tempo, a região passou a investir no cultivo de arroz irrigado, aproveitando as condições climáticas favoráveis.
As regiões de Alto Gasparinho e Gaspar Mirim foram povoadas por imigrantes italianos e suíços. Eles procuravam áreas de baixada entre os morros, conhecidas como ‘buchas’, e aproveitaram a abundância de córregos para construir represas que impulsionavam engenhos de farinha e açúcar, além de moinhos de fubá e café.
No chamado ‘Gasparinho Baixo’, serrarias foram instaladas próximas ao Morro Pelado, atualmente conhecido como Arraial dos Claudinos. Já em Gaspar Mirim, os colonizadores, em sua maioria descendentes de portugueses vindos de Porto Belo e Camboriú, eram conhecidos por suas habilidades em domar cavalos e por manterem uma cultura vibrante, marcada por caçadas, danças e hospitalidade. A produção de farinha, polvilho, açúcar, melado e cachaça também se destacou na economia local.
A influência das famílias italianas e alemãs é perceptível nos sobrenomes que marcaram a região, como Dagnoni, Cegatti, Nicoletti, Wilbert, Stühler e Wirth. No Gasparinho Central, destacam-se as famílias Zimmermann, Bornhausen, Theiss, Goedert, Wegner e Kostetzer.
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