A grande demanda de pacientes que se veem obrigados a buscar socorro no Centro de Acolhimento de Risco, CAR, está diretamente ligada à falta de atendimento para casos de urgência e emergência no Pronto Atendimento do Hospital de Gaspar. Essa situação vem trazendo algumas dificuldades para a população, que nem sempre é atendida de imediato.
Um caso fatal foi relatado na manhã desta quinta-feira, 15, por Maria Tereza dos Santos, moradora do bairro Gaspar Mirim, em entrevista à Rádio 89,7 FM. Maria contou que seu vizinho, Adão, morreu na madrugada desta quinta-feira após sofrer um infarto. Segundo a vizinha, Adão teria ido ao CAR, o posto de saúde central, pela manhã, e um funcionário do posto não quis atendê-lo, dizendo que ele deveria ir ao Posto de Saúde do bairro Santa Terezinha.
O morador do bairro Gaspar Mirim foi ao posto, e ao chegar no local o médico disse que o estado dele era grave e por isso encaminhou Adão novamente ao CAR. ?O pessoal do CAR ainda não queria atendê-lo, mas os familiares pediram por favor, então foram feitos exames e falaram que não tinha sido constatado nada, por isso lhe deram alguns remédios e mandaram para casa?, afirma Maria. A vizinha diz também que o filho de Adão implorou para que a equipe encaminhasse o paciente a algum hospital de Blumenau, mas que nada foi feito. ?Se tivessem encaminhado ele ao hospital, acredito que ele teria se salvado?, comenta emocionada. Adão chegou em casa próximo da meia noite e faleceu às 2h, após sofrer um infarto. ?Por que não atenderam ele bem? Já que não tinha recursos aqui, por que não mandaram ele para onde tinha?? questiona Maria.
A diretora de saúde, Elisabete Cecília de Souza, explica outra situação. Segundo ela, Adão e o filho teriam ido na segunda-feira, 12, ao posto de saúde central, onde ambos queriam ser atendidos. A enfermeira disse que o caso de Adão poderia ser atendido ali, porém o filho poderia ser atendido na unidade de saúde do bairro Santa Terezinha e o filho não aceitou, dessa maneira os dois foram para casa.
Na terça-feira, 14, eles teriam ido ao posto do Santa Terezinha às 13h e apenas Adão foi consultado. Ele estava com vômito e diarréia há dois dias. ?Às 21h45 ele chegou ao CAR, onde foi atendido, apresentando vômito e diarréia. Como o plantão foi calmo, o médico deu muita atenção e orientação a ele. Foi feito um eletrocardiograma, pois ele era fumante, mas nada foi apresentado, estava normal, por isso é que foi descartada a possibilidade de infarto?, explica. Adão foi clinicado de acordo com a sintomatologia que estava apresentando, diarréia e vomito. ?Não podemos afirmar se ele faleceu, porque teve um infarto, já que no momento em que foi consultado não foi constatado nada desse tipo?, relembra. A secretaria de saúde, Honorina da Silva, diz que o CAR é um serviço ambulatorial, que não substitui os serviços de urgência e emergência do Hospital, porém tenta ajudar ao máximo a população. ?Nossos serviços realmente têm qualidade, mas às vezes somos pegos por situações que lutamos para que nunca aconteçam?, finaliza Honorina.
Edição 1370
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