Inclusão muda rotina de quem tem Sindrome de Down - Jornal Cruzeiro do Vale

Inclusão muda rotina de quem tem Sindrome de Down

24/03/2012

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Por Indianara Schmitt

Acordar cedo, tomar banho, se vestir e ir para o trabalho. Apesar de comum para muitas pessoas, a rotina do dia a dia de trabalho muitas vezes é motivo de descontentamento e cansaço. Porém, para Ricardo Cesar Ayroso, 38 anos, as tarefas diárias são realizadas com muita alegria e entusiasmo todos os dias.

Portador da Síndrome de Down, Ricardo trabalha como empacotador em um supermercado da cidade e já está na função há nove anos. O emprego é motivo de orgulho para a mãe, Amabile Ayroso.  ?Mesmo sem trabalhar no mercado, ele ia para lá e ficava ajudando. Quando recebemos a notícia de que ele seria contratado foi uma alegria?. De acordo com a mãe, o dinheiro que ele recebe pelo trabalho é usado para comprar as coisas que precisa. ?Não falta nada para o Ricardo. O que ele precisa, compramos?.

No Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado nesta quarta-feira, 21, Amabile diz que sente orgulho do filho que tem. ?Apesar de tudo o que passamos, meu filho é um guerreiro. Ele estar independente, trabalhando, é uma vitória. Tenho muito orgulho de poder estar ao lado dele em todos os momentos?, declara a mãe.

Dificuldades

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Receber a notícia de que um dos 14 filhos nasceria com uma alteração genética foi, inicialmente, um choque para a família Ayroso. ?Inicialmente ficamos desesperados, mas nunca me entreguei. Sempre fiz tudo o que o médico falou e o resultado está aí?.  A mãe afirma que, apesar da adaptação do filho nos lugares ter sido sempre uma dificuldade, as pessoas nunca deixaram de tratá-lo com educação e respeito. ?Nem por isso as pessoas nos tratavam mal. Eu nunca tive vergonha do meu filho. Sempre o levei para todos os lugares comigo?.

Educação

A maior herança que um pai pode deixar ao filho é a educação. A partir deste dito popular, Amabile diz que juntou todas as suas forças e foi em busca do futuro do herdeiro. Quando o filho tinha cinco anos, ela foi atrás de recursos para a instalação da Apae em Gaspar.  ?Na época, Gaspar não tinha uma Apae. Então, eu fiz de tudo para que uma escola para excepcionais se instalasse na cidade. Cheguei a ir de casa em casa perguntando às famílias se tinham alguém com deficiência?. Assim como todas as crianças da cidade, Ricardo também tinha o direito de ir à escola e assim que a Apae foi fundada em Gaspar, Cado, como gosta de ser chamado, passou a frequentar a escola.

Independência

A independência, que é muito esperada pela família de pessoas portadoras da Síndrome de Down, teve sua primeira aparição na vida de Ricardo aos seis anos. ?Logo nessa idade meu filho tomou seu primeiro banho sozinho. Isso foi ótimo para a independência dele. Depois, aos 15 anos, quando a barba começou a aparecer, ele se barbeou sozinho?, lembra a mãe. Para Amabile, ser mãe de um filho como Ricardo é uma alegria. ?Minha maior felicidade é tê-lo como filho. Temos dificuldades como todas as famílias têm, mas não posso reclamar de nada?, finaliza.


?Independência é possível?

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Conquistar o próprio espaço no meio em que vive é o objetivo de todas as pessoas. Para o psicólogo Sérgio Murilo Batista, a condição de ser independente também deve ser destinada às pessoas com síndrome de Down. ?Eles têm condições de ter uma vida normal. Mas, para isso a família também tem um papel importante. Ela precisa olhar para os portadores com olhos de quem acredita na sua independência?.

Para que a independência seja conquistada, é necessário que, desde criança, sejam feitos trabalhos de estimulações. ?Alguns são mais dependentes, outros menos. Mas todos podem se tornar independentes, dentro dos seus limites?, diz o psicólogo, enfatizando que as pessoas com down têm uma grande capacidade de estar cada vez mais próximas da realidade.

Psicólogo da Apae há 12 anos, Sérgio diz que as famílias que chegam até a escola geralmente estão mais tranquilas com a situação. ?O choque inicial sempre é grande, claro. Mas, a síndrome de Down ganhou muita visibilidade. Existe uma rede muito grande de apoio às famílias e aos portadores, que já começa na saída do hospital?. Ele diz ainda que as famílias estão aceitando cada vez mais a realidade com facilidade. ?As pessoas não ficam mais trancadas dentro de casa, com vergonha. O Down está cada vez mais sendo mostrado para a sociedade?. 

Comentários

marli
26/03/2012 18:19
tenho uma sobrinha quando nasceu foi um choque
a mae dela minha cunhada passou mal eu e meu irmao
tinhamos que levar ao medico pra fazer exames
e ter certeza que realmente ela tinha essa diferenca e eu
nao queria fazer falei pro meu irmao mentir mas ele naao
aceitou ainda bem porque assim ela esta tendo todos os tratamento e ela esta otima adoro ela uma linda
Aldair Marcos
25/03/2012 21:00
Só há uma resposta para todos aqueles que perguntam sobre o limite profissional e pessoal de uma pessoa portadora da Síndrome de Down: não há limites.
Rosa Regina Ayroso
25/03/2012 14:03
Ola sou irma do Ricardo Cesar Ayroso portador da Sindrome de Down, moro em Cascavel-Pr.Quero dizer que li a reportagem e fiquei muito feliz ele e merecedor dessa homenagem.Era muito jovem na epoca mas lembro da minha mae batalhando pela abertura da Apae em Gaspar, e reforçando o que ela disse ele realmente e muito amado e respeitado por todos os amigos e conhecidos e especialmente pela familia, irmaos , cunhados, sobrinhos, tios e emfim.Sou chamada por ele de Paxão assim como cada um dos irmãos e irmãs tem seu apelido carinhoso dado por ele.E a pessoa mais pura, sincera e divertida que ja conheci em toda minha vida.Aliás todo portador da Sindrome de Down tem essas caracteristicas, so precisam ser amados e respeitados.
Obrigada ao Jornal Cruzeiro do Vale por ter feito essa homenagem tao merecida ao meu irmao e aos demais portadores da Sindrome.
Um grande abraço a todos do Jornal, a Indianara reporter em nome de toda minha familia.Rosa Regina Ayroso

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