Desde novembro do ano passado, algumas famílias começaram a se mudar para as casas doadas pela Arábia Saudita para aqueles que perderam tudo na catástrofe de novembro de 2008 e que foram construídas no loteamento às margens da BR-470.
As primeiras famílias chegaram ao local após receber as chaves da Prefeitura e se depararam com a falta de infraestrutura, mas nem por isso saíram do único lugar que lhes pertencia. Hoje, passados três meses desde que as duas famílias se mudaram para o local, cerca de 20 casas já estão ocupadas. O loteamento conta com energia elétrica e água potável em algumas casas, porém ainda não há saneamento básico. O diretor de habitação da Prefeitura diz que não há impedimento para que as famílias se mudem para o loteamento, porém, todas são avisadas de que ainda falta infraestrutura no local. ?Estamos trabalhando para resolver o problema da falta de infraestrutura o mais breve possível?, garante Heriberto Kuntz.
A moradora Ucilene da Silva Bento está na nova casa há cinco dias e fala que teve que se mudar, pois sua casa foi interditada em 2008 e até então estava morando com o sogro. ?A gente improvisou uma fossa para se virar por enquanto, mas é difícil. Quem vive sem esgoto??, questiona. Ucilene também reclama das instalações elétricas que, segundo a moradora, foram feitas de forma errada. ?Todos que já estão aqui têm que se juntar para reclamar, senão a Prefeitura não vai se mexer?, diz.
Para Maria Tereza Campanhari Vieira, que está no local desde janeiro, a falta de saneamento básico não é um problema tão grande quanto o medo de morar na antiga casa que estava em risco desde 2008. ?Não posso culpar, nem cobrar nada. A gente sabia que as casas não estavam prontas, mas pedimos pra vir pra cá. É melhor ter uma coisa que é nossa e não correr risco?, relata. Maria Tereza e o marido, Augusto Roberto Vieira, dizem que gostariam de poder aumentar o espaço para poder guardar o resto dos móveis. ?A casa é pequena e a gente ainda tem tantas coisas para trazer. Um puxadinho ia ajudar muito?, explica Maria.
Os moradores que por necessidade fazem a instalação de esgoto têm que arcar com as despesas da construção. Sueli Maria Ocksler e Jucimara Ocksler se mudaram há 14 dias e contam que no início tinham que ir até a casa dos parentes para usar o banheiro. Para elas, ainda existem outros grandes problemas. ?Quando vamos tomar banho, a água corre pela casa, por isso temos que ficar de olho. Também tivemos que comprar uma caixa d?água nova. Não está bom mesmo, mas é a necessidade, não temos como escolher. Continuar pagando aluguel não dá?, relata Jucimara.
O loteamento
O loteamento erguido às margens da BR-470 contempla 89 casas em PVC, com 36 metros quadrados cada, doadas pelo reino da Arábia Saudita e foi projetado para se tornar um bairro modelo.
Ao todo, serão investidos R$ 2 milhões nas obras de drenagem, rede de esgoto, pavimentação das vias, construção de calçadas, ciclovias, entre outras especificações do projeto de urbanização. A escola Angélica Costa, que ficava no Sertão Verde e foi destruída na tragédia de 2008, também será reconstruída no local.
Saiu no Cruzeiro
A mudança das primeiras famílias para o loteamento construído às margens da BR-470 foi manchete da edição 1341 do Jornal Cruzeiro do Vale, em novembro do ano passado.
Na época, apenas duas famílias foram para o local, logo após receber as chaves entregues pela Prefeitura. Na época, os moradores não estavam autorizados a mudar para o local antes que as obras de infraestrutura fossem executadas. As primeiras famílias chegaram a ficar no local sem energia elétrica e sem o abastecimento de água, serviços que já estão a disposição dos moradores.
Edição 1360
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