Ministério da Saúde prevê 50 mil novos casos de câncer de mama - Jornal Cruzeiro do Vale

Ministério da Saúde prevê 50 mil novos casos de câncer de mama

27/03/2012


Por Indianara Schmitt

?Não tenha pena de ti, e também não deixe que os outros tenham. Pena é um sentimento muito egoísta. A única pessoa que pode te ajudar é você mesmo?. Esta é a frase usada por Rosalena Wanzuitt da Costa, de 51 anos, quando interrogada sobre como se sente sabendo que possui um ducto mamário. Para a moradora do bairro Sete de Setembro, o diagnóstico saiu há três anos, porém, desde mais nova ela convive com problemas na mama. Ela é uma entre as 50 mil mulheres que se descobrem com o câncer de mama todos os anos no Brasil. O problema está na pauta do Ministério da Saúde e das Secretarias Estaduais em 2012 e será lembrado no dia 8 de abril, quando se comemora o Dia Mundial Contra o Câncer.

fotopg7secundriacolorMD.jpg?Aos 28 anos eu fui ao médico para colocar silicone. Lá, descobri que eu tinha nódulos mamários. O câncer de mama faz parte do histórico da minha família, mas isso não nos deixa abater?. Rosalena explica que todas as mulheres possuem 15 ductos, que podem ou não se apresentar através de sintomas. ?No meu caso, os sintomas foram sangramento e secreção em forma de pus?, explica.

A descoberta do ductor veio acompanhada do choque, mas também do apoio familiar. ?Só posso agradecer a toda a minha família, que sempre me apoiou em tudo. Faz vinte dias que tirei a mama esquerda e em dezembro ou janeiro, no máximo, vou voltar para tirar a direita. Nunca tive medo. Acredito muito em Deus e na força que ele tem?, declara a mulher, dizendo que enfrenta tudo o que a vida coloca em seu caminho de cabeça erguida. Vaidosa e de bem com a vida, Roselane diz que, após a segunda cirurgia, vai colocar duas novas próteses de silicone. ?Eu gosto de me arrumar, sou muito vaidosa. Tanto é que não sei se suportaria passar por tudo isso se não tivesse o silicone, para poder me olhar no banho e ver que tenho seio?. Após passar por tudo, Rosalena aconselha ainda todas as mulheres a fazerem sempre a mamografia. ?Câncer de mama não tem idade. É preciso que todas, sem exceção, façam o exame?.

Ivete Hammes, de 47 anos, passou pela mesma situação de Rosalena. Seu diagnóstico se deu após passar uma noite com febre. ?No dia seguinte à febre, amanheci com o seio inchado. Logo consegui um encaixe para fazer a mamografia. Inicialmente, o câncer não apareceu. Mas, pelo estado do meu seio, os médicos ficaram em dúvida sobre o resultado e logo o câncer foi descoberto?. Ivete diz que ela e a família ficaram desesperados com a notícia. ?Todos ficaram bem assustados. Não esperávamos por isso, até porque eu não fumo, amamentei meus três filhos e não tenho histórico de câncer na família. Mas todos eles foram fundamentais no meu tratamento?, afirma.

Diferente do primeiro caso, Ivete teve que tirar apenas o seio esquerdo. ?Logo após a cirurgia coloquei um expansor, e a cada 15 dias ia injetar soro fisiológico. Isso tudo para dar elasticidade para, um ano depois, colocar uma prótese?. A moradora do bairro Coloninha diz ainda que durante e depois da cirurgia, sua vida continuou a mesma. ?Não deixei de fazer minhas coisas. Continuei a fazer tudo normalmente?, afirma. O acompanhamento médico fará parte da vida de Ivete ainda nos próximos dois anos. Ela, que fez a cirurgia há quase três anos, também aconselha a todas as mulheres a fazerem o preventivo sempre. ?Hoje temos várias opções. É possível fazer pelo SUS. Até pode demorar, mas não importa. O importante é não deixar de fazer?, finaliza.

Como surge?

O câncer de mama ocorre quando as células deste órgão passam a se dividir e se reproduzir muito rápido e de forma desordenada. A maioria dos cânceres de mama acomete as células dos ductos das mamas. Por isso, o mais comum se chama Carcinoma Ductal. Ele pode ser in situ, quando não passa das primeiras camadas de célula destes ductos, ou invasor, quando invade os tecidos em volta. Os cânceres que começam nos lóbulos da mama são chamados de Carcinoma Lobular e são menos comuns que o primeiro. Este tipo de câncer muito frequentemente acomete as duas mamas. O Carcinoma Inflamatório de mama é um câncer mais raro e normalmente se apresenta de forma agressiva, comprometendo toda a mama, deixando-a vermelha, inchada e quente.

O câncer de mama, como muitos dos cânceres, tem fatores de risco conhecidos. Alguns destes fatores são modificáveis, ou seja, pode-se alterar a exposição que uma pessoa tem a este determinado fator, diminuindo a sua chance de desenvolver este câncer.
Existem também os fatores de proteção. Estes são fatores que, se a pessoa está exposta, a sua chance de desenvolver este câncer é menor. Fonte: Ministério da Saúde

Prevenção é a alternativa mais eficaz contra a doença

Prevenção: ato de antecipar as consequências; precaução; sobreaviso. O significado desta palavra deve estar nítido na cabeça de todas as mulheres. Por meio de campanhas com flyers e cartazes, a mamografia é cada vez mais divulgada pelos órgãos públicos. Porém, mesmo com diversas ações sendo realizadas, o câncer de mama ainda é uma das principais causas de morte entre as mulheres.

Em Gaspar, cerca de 1440 mulheres fazem o preventivo todos os anos. Segundo o diretor de Controle, avaliações e auditoria da Secretaria da Saúde, Evandro Schneider Imhof, após o câncer ser diagnosticado, o passo seguinte é o encaminhamento do resultado do exame ao ginecologista que fez o pedido do mesmo. ?Se é preciso fazer a cirurgia de retirada da mama, a mulher é encaminhada ao Hospital Santo Antônio. Durante todo esse processo, o ginecologista da paciente está sempre por dentro de tudo o que está acontecendo com a mulher?, afirma Evandro.

Para este ano, a previsão é de que cerca de 50 mil novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados no Brasil. Para que este número diminua, é recomendado que as mulheres tenham alguns cuidados. ?Uso excessivo de bebidas alcoólicas e tabagismo são fatores de risco que contribuem para o aumento desta estatística?, afirma o Dr. Sérgio Masili, médico do setor de mastologia do Instituto de Câncer de São Paulo.

Além dos cuidados, a realização dos exames de rotina é fundamental para a boa saúde da mulher. ?No caso de mulheres entre 20 e 40 anos, submeter-se a consultas anuais evitam o aumento do número de casos?, acrescenta.  Mulheres acima de 40 anos também devem fazer o exame de mamografia anualmente.

Entre os vários tipos de câncer de mama existentes, o mais comum é o Carcinoma Ductal. Já o menos comum é o Carcinoma Inflamatório. Segundo o especialista, o último se apresenta de forma mais agressiva, comprometendo toda a mama, se manifestando em forma de inflamações.

Edição 1374

Comentários

Tânia Regina Foppa
27/03/2012 13:06
Faço o controle a cada seis meses. É um choque você ter o diagnóstico nas mãos, mas devemos levantar a cabeça e ter fé em Deus. Ele sabe o tanto que podemos suportar, e acredito que somos vencedoras e jamais devemos desistir. Força e que Deus abençoe a todas nós. Rosalena, Ivete, um beijo no coração de cada uma.

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