Morre Vilardino da Cunha, ex-vereador de Gaspar e ex-presidente do Sitrug - Jornal Cruzeiro do Vale

Morre Vilardino da Cunha, ex-vereador de Gaspar e ex-presidente do Sitrug

21/11/2024

Faleceu na madrugada desta quinta-feira, dia 21 de novembro, aos 90 anos, Vilardino da Cunha, ex-vereador de Gaspar e ex-presidente do Sindicato Rural (Sitrug). Ele sofreu um AVC há cerca de três meses, o que prejudicou ainda mais o seu pulmão.

Vilardino morava há 26 anos em Bombas. Familiares e amigos farão a última homenagem na Capela Nossa Senhora do Carmo, em Itajaí. Ainda não há informações sobre o horário do velório.


Quem foi Vilardino:

Vilardino é filho de Luiz Silvino da Cunha e Maria Zendron da Cunha. Junto com os irmãos Zeni, Antonino, Elsa, Anita e José, formou o conjunto musical ‘Irmãos Cunha’, que animou muitas festas da família e de amigos em Gaspar e região. Tocou gaita desde muito pequeno e, junto do irmão Antonino, viajou por muitos estados fazendo shows. Seus filhos Beto [Beto Bailanta] e Jorge se tornaram músicos e seguiram seus passos.

Vilardino também foi vereador em Gaspar, sendo um dos mais votados da época; e foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (Sitrug), fazendo a diferença na vida de muitos agricultores. Sempre de bem com a vida, alegre, atuante na comunidade e disposto a ajudar, foi um grande companheiro, pai, avô e amigo. “Que o Pai Celestial e o Divino Espírito Santo te recebam de braços abertos e com acolhida. Você voou partindo para o paraíso no descanso onde não há maldade nem guerra, só alegria e amor. Agradecemos a Deus pela sua vida e por tudo que fizesses por nós. Quem dera nós termos um pouco da sua bondade e do seu bom humor, que é o segredo da longevidade. Amamos você”, escreveu a família.


O responsável pelos primeiros passos do Sitrug

Em 2018, quando o Sindicato Rural de Gaspar completou 50 anos, o Cruzeiro do Vale produziu uma revista especial comemorativa à data e entrevistou Vilardino. Confira abaixo a publicação da época:

 

Toda história tem começo, meio e fim. O Sitrug acaba de completar 50 anos com os olhos em um futuro ainda mais promissor, o que indica que a trajetória do sindicato está longe de ter um ponto final. Antes de falar sobre o presente, é preciso voltar no tempo e relembrar a trajetória que fez com que o Sitrug chegasse ao patamar em que se encontra hoje.
Os direitos dos agricultores começaram a ser reivindicados no ano de 1968, por Vilardino da Cunha, hoje com 84 anos. Ele, que foi o fundador e primeiro presidente, lembra do início do sindicato. “Comecei sozinho. Eu e a minha bicicleta. Todos os dias eu percorria cerca de 15 quilômetros para ir ao Centro participar de reuniões e planejar um futuro melhor aos colonos gasparenses. Não era fácil, mas foi muito gratificante representar pessoas trabalhadoras e tão comprometidas”.

Segundo Vilardino, a união de forças fez com que fosse dado o pontapé inicial nas atividades do Sitrug. “Fui sócio de uma cooperativa, me destaquei como conselheiro fiscal e algumas pessoas perceberam em mim a capacidade de liderança. Um dos meus maiores incentivadores foi o senhor Valdemiro Bellini, que era o presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santa Catarina”.

O reconhecimento de uma personalidade tão influente estimulou Vilardino a procurar parceiros igualmente competentes para se juntarem nesta luta. “O primeiro que visitei foi Francisco Moser. Também contei com o apoio de Modesto Mitterstein, Alfredo Schneider, José de Andrade, Laurentino Schmitt, Afonso Baader e tantos outros”, lembra. E foi a partir deste grande passo que a história do Sitrug passou a ter mais personagens.


“Me desenvolvi como ser humano. Estava sempre envolvido em grandes projetos e isso me fez crescer intelectualmente”

Vilardino da Cunha ficou na presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Gaspar entre 1968 e 1978. Nesses dez anos, uma de suas prioridades foi adquirir um terreno para a construção de uma sede própria para realizar os atendimentos e receber os associados para reuniões. “Quando fundei o Sitrug, usávamos uma sala do seu Cuca Schmitt. Ficamos lá por uns seis anos e sou muito grato por toda a parceria com ele. Mas, o espaço não era nosso”.

Diante do sonho da sede própria, em 1975 Vilardino foi para Brasília com o objetivo de trazer uma boa notícia aos produtores gasparenses. “A minha maior felicidade enquanto presidente do Sitrug foi levar a solicitação da liberação do terreno para o Ministro da Agricultura. Aproveitei que na época eu também representava Santa Catarina na Confederação Nacional e fiz questão de entregar o ofício em mãos”.

Quem sempre esteve ao lado de Vilardino e vivenciou todo o progresso do sindicato em Gaspar foi Lídia Moser da Cunha, sua esposa. Ela relembra que o marido recebeu sábios conselhos durante a busca pela sede própria. “Em uma conversa com Dom Gregório Warmeling, arcebispo de Joinville, entendemos o que era preciso fazer para facilitar o processo. Ele dizia que um palito, quando pressionado, era fácil de quebrar. Mas, se juntássemos vários palitos, eles não se romperiam”.

E foi junto da esposa que Vilardino aprendeu que, quanto maior o número de associados, maiores eram as chances do plano dar certo. “Apesar de Gaspar ter uma população bem pequena naquela época, precisávamos expandir nossos serviços para mais trabalhadores e trabalhadoras. De fato, nos tornamos mais fortes. Me recordo dessa história com muito carinho”, disse Lídia, emocionada.


Aprendizado

“Sabe, nasci em 1933. Era outro tempo. Não havia a tecnologia que hoje temos na palma de nossas mãos. Quando assumi o compromisso de liderar o sindicato, havia poucos avanços nesse sentido. Tudo era feito de forma manual. Me lembro que planejar a abertura dos canais de um ribeirão para a região do Poço Grande e outros bairros. Demandava muito mais dos funcionários”, conta Vilardino.

A experiência frente ao Sitrug rendeu muitos pontos positivos à sua carreira e também à vida pessoal. O primeiro presidente destaca que se tornou um homem mais comunicativo e ágil. “Me desenvolvi como ser humano. Estava sempre envolvido em grandes projetos e isso, com certeza, me fez crescer intelectualmente”.

Vilardino também lembra com carinho das amizades conquistadas dentro do sindicato. “Ah, como é bom ter amigos. Graças a Deus, pessoas muito boas passaram pela minha vida. Enquanto presidente, me tornei também um pouco parte da família de cada trabalhador que eu ajudava. É gratificante olhar para trás e ver que cumpri meu papel da melhor forma possível”.


Sitrug: Há 50 anos, o assunto predileto

Passaram-se 50 anos, mas falar sobre a trajetória do Sitrug ainda é um dos assuntos prediletos de Vilardino. “Me sinto muito honrado de poder vivenciar essa comemoração. Agradeço a Deus por ter me dado saúde; aos meus saudosos pais que me apoiaram na época; a minha amada esposa e filhos”.

Vilardino também parabeniza Ivanilde Rampelotti, atual presidente do Sitrug. “Ela desempenha a função com muita competência e dedicação. Desejo a ela, a secretária Liane e as futuras gerações, que continuem vencendo os desafios com muita honestidade. Reconheço a importância de todos que fizeram parte deste sindicato, pois hoje somos referência nacional”.

 

 

Edição 2180

 

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