O Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira, 20 de novembro, é um momento de reflexão sobre a história e a cultura do povo negro no Brasil. Em Gaspar, o desenvolvimento de dois projetos do Movimento Afro Raízes do Vale, viabilizado com recursos da lei complementar n° 195/2022, da Lei Paulo Gustavo, busca resgatar e valorizar as memórias de negros e negras que contribuíram para a construção da cidade, mas cujas histórias muitas vezes foram esquecidas ou marginalizadas.
Um dos projetos, chamado ‘Pretas Memórias’, tem como objetivo resgatar a história e as experiências de vida das pessoas mais velhas da comunidade negra de Gaspar. Por meio de entrevistas e registros audiovisuais, o projeto visa preservar essas memórias e disponibilizá-las ao público, tanto nas redes sociais quanto no arquivo histórico do município. Segundo as historiadoras envolvidas, Débora Fernandes e Marilda Spengler, essas histórias são fundamentais para devolver à comunidade negra o protagonismo de sua própria narrativa.
A iniciativa ainda se propõe desafiar a falta de representação negra nas narrativas históricas oficiais, que por muito tempo omitiram ou distorceram a importância da contribuição do povo negro. Ao resgatar essas memórias, o projeto não só valoriza a cultura afro-brasileira, mas também promove um senso de identidade e pertencimento para as futuras gerações.
Outro projeto de suma importância é o ‘Pérola Negra’, que destaca mulheres negras que fizeram história em Gaspar nas décadas de 1940 e 1950. Através de um desfile registrado em vídeo e compartilhado nas redes sociais, o projeto quer enaltecer o papel dessas mulheres na cidade, muitas das quais, apesar de sua dedicação e força, permaneceram invisíveis para a sociedade. O material gerado também será usado em rodas de conversa nas escolas, promovendo a discussão sobre a contribuição dessas mulheres e a importância do protagonismo negro.
O ‘Pérola Negra’ traz à tona as histórias de mulheres que, embora tenham sido marginalizadas, desempenharam papéis essenciais, como cuidadoras de famílias abastadas, enquanto seus próprios filhos ficavam à margem. Ao destacar essas histórias de resistência, o projeto oferece uma homenagem singela, mas significativa, a essas mulheres que, ao longo dos anos, se dedicaram ao trabalho duro e à construção de uma cidade, muitas vezes sem o reconhecimento devido.
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