Por Fernanda Pereira
Prisão, apreensão de armas, tráfico de drogas, assassinato, tiroteio, esfaqueamento. As notícias sobre a localidade do Jardim Primavera, no bairro Bela Vista, são sempre as mesmas e revelam o alto índice de criminalidade que atinge as mais de mil famílias que residem no local.
Assustada, a comunidade já não sabe mais para quem recorrer e espera uma solução imediata por parte do Poder Público Municipal, responsável pelas políticas públicas para a promoção de uma vida digna à população, e por parte da Polícia, responsável por manter a segurança das milhares de pessoas que encontraram no Jardim Primavera um lugar para construir suas vidas.
O problema do Jardim Primavera é antigo. O bairro surgiu a partir de uma invasão, no início da década de 90, em áreas que pertenciam à Marinha, e foi crescendo com o passar dos anos e conforme o aumento da desigualdade social. Famílias inteiras que não têm condições de adquirir um imóvel em área nobre ou segura acabam indo morar no local, pagando preços mais acessíveis pelos imóveis ou pelo aluguel e enfrentando situações que remetem aos problemas de grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo.
Além da falta de infraestrutura ? as ruas são de barro, não há saneamento básico e não há área de lazer para as crianças ? a comunidade enfrenta a omissão das autoridades diante da criminalidade.
?A maioria dos moradores daqui são cidadãos de bem. Apenas uns 20% é que estão envolvidos com a criminalidade e a polícia conhece estas pessoas, mas não age. Não sabemos o porquê. E enquanto nada é feito nós vivemos com medo?, relata a única moradora que aceitou dar entrevista ao Jornal Cruzeiro sob a condição de manter em sigilo a sua identidade.
Medo
O medo faz parte da rotina dos moradores do Jardim Primavera. Todos conhecem quem são os criminosos, mas se calam diante das ameaças. E assim como os baixos custos da moradia atraem os moradores, é o medo que os manda embora. Muitas famílias colocaram suas casas à venda no início deste ano, que começou com ações audaciosas dos bandidos como tiroteios, assassinatos e tentativas de homicídio. ?Eu mesma estou vendendo minha casa. Não quero mais ficar neste lugar?, afirma a moradora que, apesar do medo, acredita que é possível mudar a cruel realidade que atinge o Jardim Primavera.
Para a entrevistada, se a polícia agisse de forma efetiva, retirando os bandidos do local e montado um posto policial no bairro, e se o Município oferecesse um espaço para que os jovens se mantivessem ocupados e longe das drogas, a realidade do local poderia ser diferente e, quem sabe, os moradores poderiam ver as flores brotarem neste jardim destruído pelo inverno do medo. CRAS é a solução do Poder Público
Segundo a diretora geral de Assistência Social, Giana Cristine Wagner, o Centro de Referência em Assistência Social, CRAS, é o principal equipamento de proteção social básica que o Poder Público possui para ofertar aos moradores do Jardim Primavera serviços socioassistenciais que promovam a qualidade de vida.
O CRAS atende 80 famílias e conta com uma equipe composta por assistente social, psicóloga, educadora social e administrativo. ?As atividades desenvolvidas são destinadas a várias faixas etárias da população. No processo de escolha do local a ser implantado o CRAS, foram levados em consideração os aspectos de vulnerabilidade daquela comunidade, em especial a criminalidade e violência contra crianças, adolescentes e suas famílias?, explica.
Além do CRAS, o município possui um projeto que está inserido no PAC2 e aguarda pela aprovação final, para uma grande obra de urbanização para o Jardim Primavera, orçada no valor de R$7milhões.
O prefeito Pedro Celso Zuchi afirma que o Município tem feito o possível para atender toda a situação da localidade do Jardim Primavera. ?Para tanto, a Prefeitura conta com um programa de Combate as Drogas ? Centro de Acolhimento á Drogadição, coordenado pelo profissional Ricardo Ramos, que tem uma atuação direta no atendimento às famílias. Além do projeto já citado do PAC2?, afirma o gestor municipal.Megaoperação retirou criminosos da localidade
Uma operação especial, formada por policiais de toda a região, invadiu residências na localidade do Jardim Primavera na madrugada da última sexta-feira, 11. A operação foi formada após a ocorrência de dois assassinados e uma tentativa de homicídio, registrados na localidade, e que estariam relacionados à disputa de traficantes por pontos de drogas. Diversas pessoas foram presas, entre elas alguns adolescentes, e retiradas de circulação. A operação virou notícia estadual e mais uma vez colocou o Jardim Primavera nas manchetes policiais das redes de televisão.
Polícia garante atenção especial no combate ao tráfico
O problema enfrentado pela comunidade do Jardim Primavera é apontado pela polícia como sendo um problema social e que só terá solução quando o Estado cumprir seu papel de fornecer condições dignas de vida para a sociedade.
Para o delegado Christian Siqueira, responsável pela operação que invadiu residências e prendeu diversos criminosos da localidade na última sexta-feira, somente quando o Estado agir com responsabilidade é que a situação poderá melhorar no bairro. ?Com a operação que efetuamos na semana passada a tendência é diminuir os índices de crimes cometidos no local, porém, se a Administração Pública não agir não será possível manter a situação sob controle?, alerta.
O policial destaca que todo o trabalho da polícia, aliado à ajuda da comunidade, poderá amenizar a situação no local. ?Em todas as situações que exigem a nossa atuação nós vamos agir, mas precisamos do apoio da comunidade. São os moradores que conhecem o local e precisam denunciar os criminosos?, destaca.
Segundo o delegado, o combate ao tráfico terá atenção especial da polícia sempre. ?Este tipo de crime sempre tem muitos envolvidos, além disso, ele desencadeia em outros crimes como furtos, roubos e violência doméstica?, garante o policial.
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11/02/2011
Mega operação das Polícias Civil e Militar prende criminosos na Marinha
Uma mega operação das polícias Civil e Militar de Gaspar na madrugada desta sexta-feira, dia 11, na Marinha, Bela Vista, envolveu 64 policiais, 15 viaturas, duas motocicletas, um helicóptero e uma Delegacia Móvel. A operação denominada Timoneiro conduziu 10 pessoas à Delegacia, apreensão de drogas e duas armas de fogo.
A operação iniciou às 6h da manhã. Christian Siqueira, Delegado da Polícia Civil de Gaspar relatou que a operação tinha como objetivo cumprir sete mandados de busca e apreensão em residências, dois mandados de busca de adolescente e prender criminosos foragidos da Justiça.
O delegado ainda relatou que a operação aconteceu na Marinha devido às inúmeras denúncias de populares envolvendo crimes ligados ao tráfico de entorpecentes e porte e disparos de armas de fogo. Na localidade da Marinha, nos últimos 30 dias duas pessoas foram assassinadas e também houve uma tentativa de homicídio. A operação Timoneiro também visou conter o avanço da criminalidade na região.
O Comandante da Polícia Militar de Gaspar, Adair Pimentel, relatou que foi uma das maiores operações que aconteceu na cidade. Não houve nenhum disparo de arma, ninguém ficou ferido e toda a operação foi planejada com antecedência.
Os criminosos conduzidos à Delegacia estão prestando depoimentos na manhã desta sexta-feira e a quantidade de drogas apreendida ainda não foi divulgada.
A operação Timoneiro contou com o apoio dos delegados e agentes policiais da Central de Polícia de Blumenau, Diretoria de Inteligência da PC, do Núcleo de Inteligência da PC, Delegacia Regional de Blumenau, Delegacia de Polícia de Proteção à Mulher, à Criança e Adolescente, Central de Operações Policiais de Rio do Sul e Jaraguá do Sul, Policiais Militares e o Pelotão de Patrulhamento Tático de Brusque.
FOTOS: Rafael Godoy
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