Por Ana Carolina Bernardes
Caos. Essa é a palavra escolhida pela maioria dos motoristas para definir o trânsito de Gaspar nesta semana. Desde quarta-feira, 29, todos que trafegam pela cidade têm que enfrentar longas filas devido à interdição de uma das pistas da ponte Hercílio Deeke.
Por causa das obras, dois semáforos foram colocados nas cabeceiras da ponte, que deve permanecer interditada por pelo menos quatro meses.
Jackson dos Santos, diretor de Trânsito, explica que a interdição é necessária para que a empreiteira responsável pelas obras possa fazer a recuperação da pista e reconstrução dos passeios da ponte.
Confusão
Muitos motoristas ficaram confusos ao chegar perto da ponte Hercílio Deeke na manhã desta quarta-feira e ver que o semáforo estava funcionando. Para Adilson Martins, o semáforo fez com que o trânsito ficasse mais lento do lado direito da ponte, além de trazer uma fila desnecessária. ?Eu já sabia que o semáforo ia começar a funcionar, mas nunca imaginei que causaria todo esse transtorno, além de causar a maior confusão nos motoristas porque ninguém sabe se pode furar ou não. Tá ficando muito tempo fechado, e acho que essa não é a solução correta, eles deveriam pensar em algo que beneficiasse mais a comunidade, e não o contrário?, conta. Segundo o diretor de Trânsito, o sinal verde do semáforo fica aberto por dois minutos.
Danis Ogliari precisou passar pela rua Coronel Aristiliano Ramos, no centro, para ir à rodovia BR-470. ?Eu não sou daqui, então não sabia que teria todo esse trânsito na cidade hoje. Eu to há 40 minutos nessa rua e tá bem complicado. Quem não tem ar-condicionado no carro praticamente morre sufocado?, registra Danis.
Já Walfrido dos Santos diz que não se incomodou com a mudança no trânsito. ?Eu sabia que hoje ia ficar mais complicado para andar aqui na cidade, mas não tenho porque reclamar. Nós precisávamos de uma solução, e se é dessa maneira que eles pensaram, tem que ser feito mesmo. Uma hora ou outra teria que acontecer?, destaca.
O que diz a população?
?Não imaginei que o trânsito estaria desse jeito. Tá horrível, esse semáforo tá atrapalhando e deixando o pessoal confuso. Acho que eles deveriam feito da rua Coronel Aristiliano Ramos uma via de mão dupla. Ia melhorar muito?. Evandro Tarter, 35 anos.
?Eu não sabia que ia estar esse caos na cidade hoje. Fiquei parada mais de 30 minutos. Acho que deveria ter outra solução, porque desse jeito vai ficar muito difícil transitar por Gaspar?.
Eliane Petry, 37 anos
?Não sei como descrever essa situação, tá um terror. Começaram essa obra da ponte sem ter terminado a do viaduto, desse jeito eles querem transformar a cidade num lugar impossível de sair de carro?.
Álvaro Assini, 59 anos.
Tráfego menos intenso na quinta
A quinta-feira amanheceu com pequenas filas nas ruas da área central. O congestionamento se concentrou na Coronel Aristiliano Ramos e nas ruas da Margem Esquerda ? Pedro Simon, Luiz Franzói e Hercílio Fides Zimmermann.
No decorrer do dia, apesar da ponte continuar com meia pista interditada e com os semáforos em funcionamento, o trânsito fluiu normalmente até na Coronel Aristiliano Ramos, com pequenos congestionamentos em momentos pontuais. O problema se concentrou nos horários de maior trânsito, como início do dia, final da manhã e início da tarde.
Ao final do dia, por volta das 17 horas, as filas voltaram a incomodar os motoristas que passavam pela cidade. O final das aulas vespertinas, final do expediente de trabalho e início das aulas nas universidades da região levaram muitos motoristas para a estrada, causando novamente os longos congestionamentos como os registrados durante toda a quarta-feira. Por todas as ruas da área central era possível ouvir o som da buzina dos carros dirigidos por motoristas mais impacientes. A diretoria de Trânsito pede paciência aos condutores e indica que utilizem rotas alternativas, para evitar os congestionamentos na área central de Gaspar.
Trânsito engarrafado e confusão sobre a ponte
Paciência para aguentar as longas filas que se formaram por toda a cidade tornou-se artigo de luxo para os gasparenses que precisam transitar pelo município. Não bastasse a lentidão no trânsito, no fim da tarde de quarta-feira, 29, o tráfego na ponte Hercílio Deeke ficou totalmente parado após uma discussão entre os motoristas do lado esquerdo e direito da cidade.
Ivanir Vanzella é dono de uma lanchonete que fica próximo à ponte e por isso acompanha a situação do trânsito durante todo o dia. Ivanir viu a discussão e conta que os motoristas que estavam no Centro da cidade e precisavam atravessar a ponte ficaram muito tempo parados, pois quem estava dirigindo da Margem Esquerda não respeitou o sinal vermelho, já que não havia nenhum guarda de trânsito no local. ?A fila aqui na margem direita estava gigante porque o sinal abriu duas vezes e eles não conseguiram passar por causa dos motoristas do lado esquerdo, que continuaram passando mesmo com o sinal vermelho. Um homem que estava desse lado da ponte colocou o carro atravessado no meio da rua e interditou as passagens, tanto do lado de lá quanto do lado de cá?, descreve.
Ivanir ainda diz que a maioria dos motoristas que estavam parados na rua Coronel Aristiliano Ramos ficaram a favor do homem que interditou a passagem. ?Quando ele trancou a passagem, outras pessoas desceram do carro e vieram colocar cones para que ninguém passasse mesmo. Não houve briga, mas o trânsito parou por uns 30 minutos?, acrescenta Ivanir.
Sem agentes
O diretor de trânsito da cidade, Jackson dos Santos, explica que nesse momento não havia nenhum guarda da Ditran no local, pois eles estavam jantando. ?A comunidade tem que entender que os guardas de trânsito também são pessoas e precisam de um horário para comer. Não dá para trabalhar direto?, destaca, salientando a importância da educação no trânsito. ?O que está acontecendo é falta de humanismo no trânsito da cidade. Temos o apoio da Policia Civil e Militar, e queremos contar também com o apoio da comunidade?, observa Jackson.
O responsável por tomar a decisão de trancar a passagem na ponte, Luiz Carlos Muller, conta que fez isso porque o trânsito estava um caos e foi uma grande falta de respeito o que alguns motoristas da margem esquerda fizeram, furando o sinal. ?Da Avenida das Comunidades até a cabeceira da ponte eu demorei uma hora e dez minutos. O trânsito estava muito caótico e quando os guardas da Ditran saíram então, virou uma loucura?, revela.
Luiz completa dizendo que assim que interditou a passagem, ele ligou para a Polícia Militar, já que ninguém da Ditran atendeu, e os policiais chegaram rapidamente e colocaram ordem no trânsito novamente.
O comandante da Polícia Militar, major Moacir Gomes, diz que a equipe da Polícia Militar ficou até as 20h30 para conseguir fazer com o que trânsito fluísse novamente. ?Quando chegamos ao local, o trânsito estava totalmente parado. Levamos mais ou menos uma hora para organizá-lo, e acabar com a fila. É complicado esse tipo de situação, pois a Polícia Militar não tem disponibilidade para cuidar do trânsito de Gaspar todos os dias?, revela o major.
ObrDitran sugere rotas alternativas
Jackson dos Santos, diretor da Ditran, destaca a importância de a comunidade tomar muito cuidado ao sair de casa devido às mudanças no trânsito. Para evitar tantas filas, o diretor de trânsito recomenda que os motoristas que vêm de Blumenau passem pelo Sesi, entrem no Belchior Baixo, e venham pela Rodovia BR-470, onde o fluxo de carros é menor. ?Pedimos que a comunidade respeite a sinalização na cidade, pelo contrário, as filas tendem a ficar cada vez maiores?, conclui.
Atrasos e transtornos
Muitos estudantes também foram prejudicados pelo trânsito de Gaspar e não conseguiram chegar em tempo na aula, na quarta-feira, 29. Sidnei Soares é motorista de uma van que leva alguns estudantes para a Furb ? Universidade Regional de Blumenau. Segundo Sidnei, a van saiu de Gaspar às 17h30 e chegou em Blumenau às 19h45. ?O maior problema está na Avenida das Comunidades. Do bairro Sete de Setembro até o Gascic eu levei uma hora.
É cansativo e estressante?, lamenta. Sidnei conta também que está pensando em conversar com os estudantes para sair uma hora mais cedo de Gaspar e conseguir chegar em tempo à Universidade. A estudante de nutrição Aline Andrade diz que desistiu de ir para a aula, em Blumenau, também por causa das longas filas no trânsito. ?Eu sabia que ia chegar muito tarde, por isso decidi não ir, mas tive que pegar um ônibus para ir para casa, no bairro Figueira. Eu levei uma hora para ir do Supermercado Zoni Mais até lá?, finaliza.
Edição 1366
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