Pensar no futuro, elaborar estratégias, agir em prol do desenvolvimento municipal e marcar aqueles que vivem ou passam por seu território.
Enquanto Brusque se mantém como berço da fiação catarinense, Blumenau ganha cada vez mais visibilidade pela produção de cerveja artesanal e Ilhota atrai uma multidão de visitantes através do vestuário íntimo que comercializa, as pessoas se questionam sobre o que Gaspar tem a oferecer.
Com grande potencial têxtil, a cidade Coração do Vale vai além de um simples acesso aos munícipios citados. Ela trabalha para tornar-se Capital Nacional da Moda Infantil e, mais do que isso: comportar todas as responsabilidades que esse título acarreta.
De acordo com Douglas Junkes, coordenador no Núcleo Têxtil da Associação Empresarial de Gaspar, a hora de fazer acontecer é agora. “Nós temos capacidade. Existem dados que comprovam isso. Mas há uma série de adequações que devem ser feitas para que consigamos usar isso a nosso favor. Não é apenas uma singela nomeação. Trata-se de um projeto que precisa ser incorporado”, enfatiza.
Segundo o profissional que trabalha há mais de 40 anos na área têxtil e já dirigiu grandes empresas na região, o projeto engloba cinco desafios principais: ratificação do arranjo produtivo da moda infantil e seu reposicionamento voltado à indústria 4.0; qualificação profissional dos empregados e empresários; estudo das possibilidades relativas ao turismo de compras, de eventos e de negócios; ampliação de mercado pelo Brasil e no exterior; e desenvolvimento sustentável, econômico, social e ambiental.
Junkes garante que o objetivo é beneficiar a comunidade, a classe empresarial, o poder público e também os turistas. “Vamos ter um aumento na qualificação da mão de obra; abertura de pequenas empresas; geração de mais impostos; redução de custos e prazos aos empresários; produtos ofertados com qualidade, preço baixo e através de um bom atendimento... São muitas mudanças positivas e todos saem ganhando”.
O pedido pelo título de Capital Nacional da Moda Infantil ganhou grande repercussão quando foi protocolado na Câmara dos Deputados, em Brasília, no mês de agosto. A ação contou com total apoio da administração municipal, que acompanha de perto esse processo. Além do prefeito Kleber Wan-Dall, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Renda e Turismo de Gaspar, Celso de Oliveira, também auxilia no andamento do projeto.
Conforme explica Oliveira, a proposta foi apadrinhada pelo deputado federal Rogério Mendonça (MDB), o Peninha. Agora, ela segue em análise pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, além da Comissão de Cultura. “Temos representantes de Santa Catarina envolvidos. O projeto é sério e foi bem elaborado. Acredito que tudo deva transcorrer da melhor forma possível”. O resultado pode levar entre 10 e 12 meses para ser divulgado.
O secretário ainda afirma que trabalha fortemente no fortalecimento da classe empresarial para que Gaspar saia na frente e evite que os novos polos têxteis gerem grande competitividade. “Esse setor merece atenção. Por isso, prestamos suporte na medida em que somos convocados. Geralmente, em processos burocráticos, como agilização de processos”, detalha.
Enquanto espera pelo documento oficial, o Núcleo Têxtil de Gaspar une forças com outras entidades. Junto do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a entidade executa o projeto ‘Qualifica Gaspar’. A intenção é, assim como o nome sugere, instruir, habilitar e preparar jovens e adultos para que assumam as vagas de empregos disponíveis na área e, consequentemente, tenham consciência de que também podem empreender.
Através dos cursos ofertados pelas unidades de ensino e com ainda mais oportunidades no mercado de trabalho, Gaspar dá um importante passo. “O IFSC, o Senai e as demais escolas da cidade fazem um trabalho excelente. Nossa Gaspar conta com uma Educação em constante crescimento. É imprescindível o acesso do povo às noções de fluxo de caixa, formação de preço, Recursos Humanos, impostos, por exemplo”, afirma Douglas Junkes, coordenador do Núcleo Têxtil de Gaspar.
Futuramente, ao IFSC será dada a responsabilidade de auditar as indústrias têxteis da cidade. As empresas que realizarem o treinamento de sua equipe, respeitarem a natureza, produzirem com qualidade e valorizarem os funcionários vão ganhar um selo. “Assim, os visitantes vão saber quais estabelecimentos estão melhor preparados para receber suas demandas”, exemplifica.
Um levantamento feito pelo Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vesturário (Sintex), divulgado em 2018, aponta que Gaspar soma aproximadamente 1.500 indústrias têxteis. Destas, cerca de 600 são especializadas em moda infantil. Os números, apesar de contemplar oficinas de costura e pequenos negócios, excluem as unidades informais. Ou seja, a estatística pode ser ainda maior.
1500 indústrias têxteis em Gaspar
600 especializadas em moda infantil
Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o Brasil é a quinta maior potência do mundo nesse setor. Já a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia, aponta a cadeia têxtil como a segunda maior geradora de empregos no país.
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