Uma criança de 3 anos* foi abusada sexualmente em uma creche no bairro Figueira, em Gaspar. Na sexta-feira, dia 8, por volta das 13h30, um auxiliar de professor de cerca de 20 anos foi flagrado por uma servente acariciando as partes íntimas da menina. No momento do abuso havia mais crianças na sala e o professor estava sozinho com os alunos. O auxiliar de professor é concursado pelo município e trabalhava na unidade de ensino desde fevereiro.
Diante da situação, a servente procurou a diretora da instituição. O professor foi chamado à sala para prestar esclarecimentos e teria confessado o abuso. Alguns pais afirmam que haveria uma gravação com essa confissão, mas o município não confirma o fato. A direção do CDI, então, consultou a Secretaria de Educação sobre os procedimentos que deveriam ser tomados. Os pais da menina foram informados por volta das 16h e o professor foi comunicado que estava afastado.
No entanto, a principal queixa dos pais é o fato de a polícia não ter sido alertada sobre o caso. Se isso tivesse acontecido, o professor poderia ter sido autuado em flagrante. Apenas no fim da tarde é que uma equipe do CDI registrou um boletim de ocorrência. Horas depois os pais também foram registrar a ocorrência na Delegacia de Polícia Civil. Agora, os pais torcem para que seja expedido um mandado de prisão preventiva, que precisa ser solicitado pela Polícia Civil e autorizado por um juiz da Comarca.
Manifestação
Revoltados com o caso, dezenas de pais foram até o portão da instituição na manhã desta segunda-feira, 11, para protestar. A secretária de Educação, Marlene Almeida, esteve reunida até as 10h30 com a direção da instituição. A Polícia Militar de Gaspar e a equipe tática da PM foi chamada. A secretária e mais duas funcionárias do CDI saíram escoltadas em direção ao Conselho Tutelar, onde a reunião que discutiu os próximos passos teve sequência.
Vídeo: "Foi horrível", conta merendeira que flagrou a cena
Quem flagrou o ato do auxiliar de professor na sexta-feira foi a servente Eliete da Rosa. Ainda abalada com o caso, ela contou que havia retornado do almoço e estava estendendo roupas quando flagrou o professor através da janela. “Ele estava acariciando as partes íntimas da menina por baixo do short”, descreve.
Ela afirma que, imediatamente, informou o caso à diretora e a outras professoras. Então, uma reunião com o auxiliar de professor foi realizada, em que ele teria confessado o abuso em uma gravação. “Pensei que depois da confirmação ela (diretora) ia chamar a polícia, mas ela não fez. Mas ela fez isso tudo porque a Marlene (secretária de Educação) estava orientando. Estou com um pouco de medo, mas com a consciência tranquila”, conta a servente.
Família cobra punição e outros pais apresentam novas suspeitas
O pai da criança abusada sexualmente em uma creche de Gaspar, J. D.* diz que quer justiça e pede pela prisão do suspeito.“Nossa maior revolta é não saber por que não foi chamada a polícia. A partir do momento em que acontece um crime, o procedimento interno da Secretaria não pode prevalecer, deveria ter sido acionada a polícia. Agora ele (suspeito) ganhou tempo, pode ficar livre”, critica o pai.
Levada na manhã desta segunda à creche, a pequena não quis sequer passar pelo portão do CDI. A mãe, M. S. S. S.*, cobra a divulgação da gravação em que o professor teria admitido o abuso. “Eles disseram que não quiseram expor a criança, mas acabaram protegendo ele”, relata.
‘Erramos ao não ter chamado a polícia’, admite secretária
Por volta das 11h, já na sede do Conselho Tutelar, a secretária de Educação, Marlene Almeida, prestou esclarecimentos sobre a postura da Secretaria de Educação no caso. Ela informou que o auxiliar de professor é concursado, foi afastado do cargo e responderá a uma sindicância. Além disso, a Secretaria está fornecendo as informações que possui sobre o caso à Polícia Civil e Militar.]
“Erramos ao não ter chamado a polícia, mas no momento pensamos em preservar a identidade da criança. Agora, a polícia está olhando o caso com o delegado, eles vão poder dizer o que vai ser possível fazer. Todos os relatos têm que vir à tona, se houver gravação, será colocada nos autos. Se tivermos que responder por não ter acionado a polícia, com certeza ninguém vai se eximir dessa responsabilidade”, afirma a secretária.
Em nota, a Secretaria de Educação afirmou que o professor costumava trabalhar acompanhado de uma professora na sala, mas que ela teria se ausentado no momento da situação, e que uma sindicância foi instaurada. A nota afirma ainda que o município está prestando serviços de acompanhamento emocional à família.
* Os nomes não foram revelados para proteger a identidade da vítima e da família, conforme recomendações do Estatuto da Criança e do Adolescente, ECA.
Edição 1745
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