Por Ana Carolina Bernardes
De acordo com o entendimento coletivo, calçada é lugar de pedestres, e por este motivo é necessário que ela esteja em boas condições e seja de fácil acesso a todas as pessoas. Isso era o que deveria acontecer, porém a falta de acessibilidade nas calçadas de vários bairros do município é uma triste realidade enfrentada pela comunidade.
Seja pela falta de limpeza e manutenção, seja por serem muito estreitas, ou até mesmo pela inexistência delas em muitos locais, os pedestres seguidamente ficam sem local para transitar e se arriscam nas vias públicas, dividindo espaço com automóveis, bicicletas e motocicletas. Como falta conscientização por parte de alguns moradores, o poder público responsável deve fiscalizar e notificar as calçadas que não estão acessíveis aos pedestres. As principais vítimas desse descaso dos proprietários acabam sendo as crianças, idosos e deficientes físicos e visuais que precisam passar por locais precários em manutenção e nem sempre conseguem.
Conforme explica o diretor de Fiscalização de Gaspar, Emerson Barth, é de responsabilidade dos moradores cuidar da limpeza e manutenção das suas calçadas. ?A comunidade também pode denunciar, pois assim podemos ir até o local e conversar com o proprietário, solicitando que ele arrume ou limpe a sua calçada?, destaca. O diretor lembra também que se o proprietário não respeitar o pedido, ele poderá ser multado.
Na rua Luiz Franzói, na Margem Esquerda, muitas calçadas precisam de manutenção. O principal problema são os buracos e a grande quantidade de mato que dificultam a passagem dos pedestres. Helena Franco, 52 anos, moradora do local há 12 anos, avalia que a situação das calçadas em seu bairro e em toda a cidade é péssima. ?Na maioria dos lugares em que passo, ou falta espaço nas calçadas ou elas estão cheias de buraco?, fala. Para Helena, a situação mostra o descaso e o abandono por parte dos moradores e do poder público. ?Falta manutenção, e nós que acabamos sofrendo com isso?.
Portadores de necessidades sofrem mais com problema
As calçadas sem qualidade e os locais inacessíveis inibem a circulação de pessoas com alguma deficiência física. Estreitas e cheias de obstáculos, elas muitas vezes escondem armadilhas para deficientes físicos que têm as calçadas como as maiores inimigas. Antônio Beumer, 59 anos, teve que aprender a lidar com essas dificuldades há alguns anos, quando sofreu um derrame que o obrigou a andar de muleta. ?Sinto bastante dificuldade para andar em algumas calçadas. Os buracos são a pior parte na minha opinião, eles atrapalham muito e as vezes me obrigam a andar pela rua mesmo. Tive que me acostumar?, relata.
A presidente da Associação Blumenauense de Deficientes Físicos ? Abludef, Maria Helena Mabba, diz que a manutenção e a limpeza das calçadas são essenciais e devem partir dos proprietários. ?As calçadas podem se tornar um grande risco para os deficientes físicos se não estão de acordo. É necessário que elas estejam acessíveis à essas pessoas também?, fala. Maria Helena diz ainda que as calçadas ideais que atendem à necessidade dos deficientes físicos devem ter rampas de acesso, e em seu espaço placas e árvores são proibidas.
Infelizmente, não é o que se vê na maioria áreas destinadas aos passeios públicos da cidade, principalmente nos bairros. Rampas inexistentes, além de uma sinalização inadequada são verificadas com frequência. A presença de placas, postes e árvores em local impróprio aumenta o verdadeiro contorcionismo que os pedestres com limitação motora precisam fazer no cotidiano de Gaspar.
Comunidade reclama com razão
No bairro Coloninha, a situação é semelhante às demais localidades visitadas pela equipe de reportagem. Os buracos e o mato atrapalham os pedestres, que precisam andar pelas ruas, disputando espaço com os carros. Marlene dos Santos, 64 anos, mora no bairro há quase 22 anos. Ela sofre com problemas para caminhar, e por este motivo a falta de manutenção e de limpeza nos passeios de pedestres tornam-se um grande problema para ela. ?Eu já caí nessas calçadas por serem estreitas e cheias de lixo e mato. As pessoas precisam cuidar mais, pois é muito perigoso para pessoas da minha idade, principalmente?, conta.
Mário dos Santos, 60 anos, mora na rua Prefeito Leopoldo Schramm, bairro Gaspar Grande, há quase seis décadas. Para o morador, as más condições das calçadas do bairro são reflexo de um grande descaso dos proprietários. ?Para mim, a manutenção delas tem que partir dos donos. Chega a ser vergonhosa a quantidade de entulhos, mato e buracos que a gente encontra?, diz. Um dos principais problemas quanto à acessibilidade no bairro são as calçadas muito estreitas na via principal, além de várias rachaduras. ?É muito perigoso em alguns locais. As pessoas podem tropeçar facilmente e acabar se machucando?.
Em muitos locais do bairro Santa Terezinha, as calçadas são bastante irregulares, sendo umas com largura adequada, outras estreitas demais ou com algum declínio. Salete Godoy, 45 anos, já vive no bairro há 40 anos, e teve que aprender a conviver com esta precariedade. ?Tenho duas filhas pequenas, e preciso levá-las e buscá-las na escola, pois tenho medo que aconteça algo, já que em muitos trechos elas precisam andar na rua pela falta de calçadas boas?, relata. Para a moradora, a falta de segurança em consequência da má conservação é um problema muito sério enfrentado por toda a comunidade.
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?Chega a ser vergonhosa a quantidade de entulhos, mato e buracos que a gente encontra nas calçadas? Mário dos Santos, 60 anos, mora no Gaspar Grande |
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?Tenho medo que aconteça algo com minhas filhas, já que em muitos trechos elas precisam andar na rua pela falta de calçadas? Salete Godoy, 45 anos, mora no Santa Terezinha |
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?Na maioria dos lugares em que eu passo, ou falta espaço nas calçadas ou elas estão cheias de buraco? Helena Franco, 42 anos, mora na Margem Esquerda |
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?Eu já caí nessas calçadas por serem estreitas e cheias de lixo e mato. As pessoas precisam cuidar mais? Marlene dos Santos, 64 anos, mora no bairro Coloninha |
Edição 1384
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