Há 11 anos, José Carlos Pereira da Silva teve um Acidente Vascular Cerebral e até hoje apresenta sequelas da doença. Para ajudar a reduzir o número de brasileiros que todos os anos sofrem um AVC, o Ministério da Saúde anunciou nesta semana que vai ampliar a assistência às vítimas da doença.
Entre as novidades, está a criação de Centros de Atendimento de Urgência, que desempenharão um papel de referência no tratamento aos pacientes com AVC. A criação dos centros será articulada entre governo federal, estados e municípios.
Quando teve o AVC, José Carlos estava dirigindo na BR-470. ?Eu senti um choque na perna e parei o carro. Esperei por uns instantes, e como não passou, pedi ajuda de vizinhos. Chamei minha esposa e fui levado para o Hospital, onde fui rapidamente atendido?, conta o senhor que hoje, aos 52 anos, mudou completamente o hábito de vida, deixou de fumar e cuida mais da saúde.
Para ele, a disponibilização de centros para o atendimento de pessoas com AVC irá ajudar a evitar novos casos e socorrer mais pessoas. ?Acho que é importante também trabalhar na prevenção?, sugere.
Em 2011, 32 gasparenses sofreram um Acidente Vascular Cerebral. Os dados são do Data SUS, um sistema de dados e serviços prestados pelo SUS em todo o país. Para o coordenador dos Postos de Saúde de Gaspar, enfermeiro Arnaldo Munhoz, o número é considerado bom, mas pode ser reduzido. ?Para isso trabalhamos a prevenção do AVC por meio dos grupos de hipertensão, que funcionam nas Unidades de Saúde e também pelo fornecimento de medicamentos para a hipertensão, que evitam o AVC?, explica. Para os gasparenses que já sofreram o AVC, a Secretaria de Saúde fornece a reabilitação, através de sessões de fisioterapia.
O projeto
Alexandre Padilha, ministro da Saúde, explica que o esforço do Ministério é para ampliar a rede de atenção básica, de prevenção e de tratamento com o objetivo de reduzir casos e óbitos. ?A linha de cuidado do AVC é uma das nossas prioridades e a incorporação tecnológica de qualquer procedimento ou medicamentos tem padrões para ser realizada?, explica o ministro.
Até 2014, serão investidos R$ 437 milhões para ampliar a assistência a vítimas de AVC. Do total de recursos, R$ 370 milhões vão financiar leitos hospitalares. Outra parcela, R$ 96 milhões, será aplicada na oferta do tratamento com o uso de alteplase, um medicamento que percorre a circulação até chegar ao vaso sanguíneo cerebral que está obstruído por um coágulo.
Medicamento será fornecido
O uso do alteplase, somente em casos de AVC isquêmico agudo, consiste na aplicação de uma medicação por via endovenosa, que percorre a circulação até chegar ao vaso sanguíneo cerebral que está obstruído por um coágulo. Esta medicação desfaz o coágulo, desentupindo a circulação e normalizando o fluxo sanguíneo que chega ao cérebro.
O medicamento será fornecido pelos hospitais habilitados e ajudará a reduzir os riscos de sequelas e de mortalidade. O alteplase diminui em 31% o risco de sequelas do AVC, isso significa a recuperação do quadro neurológico de mais pacientes comparando com aqueles que não recebem o tratamento com alteplase.
O atendimento em Unidade de AVC com o uso do alteplase poderá reduzir em até 18% a mortalidade e 29% a chance do paciente ficar dependente de outra pessoa para as atividades diárias.
Entenda mais sobre a doença
O AVC é uma das mais importantes causas de mortes no mundo. Popularmente conhecido como derrame, a doença atinge 16 milhões de pessoas no mundo a cada ano. Destes, seis milhões morrem.
Para enfrentar a epidemia silenciosa que ocorre no mundo, a Organização Mundial de Saúde recomenda a adoção de medidas urgentes para a prevenção e tratamento da doença, com o objetivo de colocar o tema em destaque na agenda global de saúde.
No Brasil, em 2011, foram realizadas 172.298 internações por em AVC (isquêmico e hemorrágico). Em 2010, foram registrados 99.159 óbitos por AVC. De acordo com o documento, a Linha do Cuidado do AVC deve incluir, necessariamente, a rede básica de saúde, SAMU, unidades hospitalares de emergência e leitos de retaguarda, reabilitação ambulatorial, ambulatório especializado, programas de atenção domiciliar, entre outros aspectos.
Edição 1382
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