O enfermeiro da Secretaria Municipal de Saúde, Arnaldo Munhoz, explica que o senhor Nelson Eufrázio é usuário do Posto de Saúde do bairro Gasparinho Quadro, onde segundo dados levantados pela Secretaria teve sua última consulta no ano de 2006 sendo encaminhado para o dermatologista da rede.
?Em acompanhamento com dermatologista da rede SUS, na Unidade de Referência Central, o usuário foi orientado ainda este ano pela farmacêutica Jeane que as medicações à ele prescritas não eram padronizadas e teria que retornar ao médico para verificar a possibilidade de utilizar os medicamentos padronizados pelo Estado, sendo eles Acitretina, Metotrexato e Ciclosporina disponíveis em nossa Farmácia Básica?, explica o enfermeiro.
Segundo Arnaldo, a doença de Nelson tem tratamento pelo SUS, com protocolo específico dentro do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica da DIAF. ?Se o profissional médico dermatologista prescrever outra medicação sem ser o padronizado, o mesmo deve relatar no formulário específico o porque do impedimento de ser utilizado a medicação disponível na Farmácia Básica?, justifica. A Secretaria de Saúde afirma que possui outros pacientes em tratamento para Psoríase e que estão recebendo os medicamentos padronizados pelo Estado para esta Patologia.
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?Não é mais com a gente. O Estado tem que dar o remédio?. Estas pequenas frases tiveram um grande impacto na vida de Nelson Eufrázio. Há cerca de um ano, esta foi a resposta que o senhor de 57 anos recebeu sobre a doação do remédio que não tem condições de comprar.
Nelson é portador da doença crônica Psoríase e diz que durante seis anos sempre conseguiu a receita médica para adquirir a pomada e o xampu necessários para o tratamento na Farmácia Básica. Porém, de um dia para o outro, a receita e a entrega do medicamento foi negada. ?No dia 20 de maio do ano passado eu consegui a última receita. Desde então, estou sem fazer o tratamento necessário para melhorar a doença?, revela.
Nelson diz ainda que o farmacêutico da Farmácia Básica afirmou que em 45 dias viria uma resposta do governo sobre a liberação do medicamento. ?Estou esperando, mas até agora essa resposta não veio. Eu sei que ela pode vir negativa, e se isso acontecer eu vou entrar na Justiça. Eu preciso dessa pomada e eles precisam ter consciência do que está acontecendo comigo. Eu não posso ficar mais tempo sem tratamento?. O tratamento com o dermatologista municipal teve início no ano de 2006, quando Nelson notou que as manchas, que já estavam presentes em seu corpo há dois anos, estavam aumentando. ?Naquele ano eu fiquei muito preocupado e fui procurar ajuda com um médico particular. Na consulta, ele me disse que o tratamento para a doença seria muito demorado e caro. Foi então que eu fui procurar ajuda com o dermatologista que atende no posto de saúde?, explica.
Sem condições
Nelson diz não possuir condições de custear um médico particular e comprar os medicamentos necessários. ?Cada tubo de pomada custa em torno de R$65, e cada xampu cerca de R$75. É muito caro. Eu ganhava do município, mas agora não sei o que fazer?. Ele diz ainda que, no estado em que as manchas estão, seria necessário utilizar de dois a quatro tubos de pomada por dia para melhorar o machucado.
Há quase um ano nelson está sem fazer o tratamento para amenizar as manchas. Ele está encostado e sobrevive com o salário mínimo. A esposa também está encostada, e recebe o mesmo salário. Nelson enfatiza que o medicamento é um direito seu e que vai lutar por ele. ?A saúde é uma coisa muito importante, não se pode brincar. Ter o tratamento é um direito meu, não estou pedindo favor a ninguém?, afirma.
A doença
Vermelhão, coceira, dor. Estes sintomas, característicos da doença Psoríase, fazem parte da vida de Nelson Eufrázio há alguns anos. A doença crônica, que faz com que manchas apareçam por todo o corpo, foi detectada no organismo do senhor há oito anos, porém, há cerca de seis anos, ele vem sofrendo a fundo as consequências da doença. Além dos sintomas já citados, Nelson diz que as manchas soltam cascas e que machucam conforme pega na roupa.
A esposa, Odelia Eufrazio, diz que, por diversas vezes, já pegou a roupa do marido para lavar e encontrou sangue.
A história com a doença teve início no ano de 2004, quando pequenas manchas vermelhas começaram a aparecer pelo corpo de Nelson. A princípio, ele tomava apenas um remédio para amenizar as manchas. Porém, não foi suficiente e, dois anos depois, um tratamento mais intensivo foi iniciado e agora precisa de continuidade.
O que diz a Prefeitura
A Reportagem do Cruzeiro do Vale procurou a secretária de Saúde, Honorina da Silva, para esclarecer o motivo pelo qual Nelson Eufrázio não recebe mais os medicamentos do Município. Por meio da Assessoria de Imprensa da Prefeitura, a secretária pediu para que a enfermeira responsável pelo posto de saúde procurasse o prontuário do paciente para as devidas explicações. Porém, até o fechamento desta edição, nenhum esclarecimento foi repassado.
Edição 1386
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