Aos 59 anos e com um currículo que envolve vereança, presidência de sindicato, atuações na iniciativa privada, carreira como servidor público e a formação em psicologia, Sérgio Almeida coloca seu nome à disposição para concorrer ao cargo de prefeito de Gaspar. Faltando poucos dias para a confirmação da data das eleições, ele fala sobre o partido escolhido, PSL, a estrutura da campanha, os pré-candidatos a vereador e temas polêmicos na cidade, como o auxílio alimentação dos servidores e a área da Saúde.
Cruzeiro do Vale: Por que o senhor colocou seu nome à disposição como pré-candidato a prefeito de Gaspar?
Sérgio Almeida: Na realidade, não tinha mais pretensão de disputar eleições. As nuances que envolvem o mundo político afastam quase todas as pessoas de bem de qualquer pretensão a algum cargo. Logo, aqueles que não comungam com as artimanhas nesta seara da política se afastam e abrem espaços para os políticos de carreira, que em sua maioria são forjados desde sua juventude a serem políticos profissionais. Desta forma, se concretiza a famosa frase atribuída ao pastor norte-americano Martin Luther King: ‘O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons’.
Cruzeiro: Já podemos citar algum nome como pré-candidato a vice?
Sérgio: Após a vitória do Presidente Jair Bolsonaro, fomos convidados por Marciano Silva, escolhido na época pelo deputado estadual mais votado em SC, Ricardo Alba, para dar início à estruturação do partido em Gaspar. Criamos o partido e como em toda estrutura grupal passamos por grandes turbulências em todas as esferas: municipal, estadual e nacional. Mas, conseguimos filiar um bom número de pessoas. Ainda não definimos nenhum nome, embora tenhamos qualidade entre nossos filiados a fim de compor a majoritária, se assim for necessário.
Cruzeiro: Como será a estrutura da sua campanha?
Sérgio: Modesta. Nada que se compare a estrutura do poder que hoje governa Gaspar. Afinal, já são seis partidos e um batalhão com cerca de 160 comissionados. Fora os demais agregados, literalmente à disposição da administração, bancada, diga-se, verdadeiramente às custas do dinheiro público. Tenho dito: quando olhares 200 do lado de lá e 20 do lado de cá, não esqueçam que aqueles 200 estão sendo pagos com teu dinheiro. Dinheiro que vai fazer falta, principalmente, para a Saúde.
Cruzeiro: Como está a lista de pré-candidatos a vereador do partido?
Sérgio: Estamos com a lista praticamente fechada, buscamos ainda lideranças filiadas ao partido que tenham o desejo de colocar seus nomes à disposição a fim de disputar as eleições. Vale ressaltar que é um time, renovado, sem estrelas ou medalhões tradicionais de nossa política.
Cruzeiro: O senhor foi vereador pelo PSDB e candidato a vice pelo PR. Por que escolheu o PSL?
Sérgio: Tenho orgulho de dizer que não fui eu quem escolheu o PSL, mas sim o PSL me escolheu. Pois, conforme anteriormente dito, já havia desistido da política partidária.
Cruzeiro: Como servidor público, o senhor acredita que é mais viável o pagamento do auxílio alimentação em cartão ou direto em folha?
Sérgio: Um dos grandes equívocos da atual administração foi sacanear e atrapalhar a vida dos servidores com esta mudança. Exemplo é a Câmara municipal, que continua a pagar o auxílio em folha. Poderia ir muito além, com conhecimento profundo de causa, mas o espaço não me é permitido. Prefeito eleito, reverto esta situação, pois se é economia que se quer, diminua-se salários, secretarias e cargos comissionados. Mas, mexer no bolso das pessoas mais simples, a maioria com salários na ordem de mil a dois mil, onde os R$450,00 fazem uma diferença significativa, é uma economia nada inteligente.
Cruzeiro: Por muitos anos, o senhor trabalhou na área da saúde como motorista de ambulância. Como o senhor avalia a Saúde de Gaspar?
Sérgio: Comecei meu trabalho no socorro em época em que não havia Samu nem Bombeiros em Gaspar. Estudei Psicologia, fiz especialização em Família e isto, além da vivencia, me trouxe conhecimento técnico e cientifico na área. A Saúde de Gaspar vem há muito tempo penando e, literalmente, na UTI. Ela vive hoje um conto de fadas e uma ficção digna dos filmes de Steven Spielberg: esconde-se atrás da pandemia para maquiar seus reais problemas.
Cruzeiro: Membros da Igreja Evangélica tem a tendência de se apoiarem durante uma campanha eleitoral. Com a possibilidade de o atual prefeito Kleber Wan-Dall concorrer à reeleição, o senhor acredita que o pastor vai se posicionar e apoiar um candidato ou vai distribuir o apoio aos dois?
Sérgio: Sou evangélico há quase quarenta anos. Aprendi a respeitar nossas lideranças. Todavia, biblicamente, entendo que pastores foram dados à igreja a fim de pastoreá-las. Votar é um direito constitucional de todo cidadão. Portanto, interferir em sua escolha ou querer induzi-lo ao voto é um ato totalmente arbitrário ao processo eleitoral, passível, inclusive, de penalidades via legislação. Creio que nosso pastor é sábio a fim de compreender e agir neste momento delicado e ao mesmo tempo honroso, onde dois membros de nossa igreja vão disputar o cargo maior do executivo gasparense.
Cruzeiro: O que o atual prefeito de Gaspar deixou de realizar que o senhor acredita ter condições de colocar em prática?
Sérgio: Para ser bastante objetivo, entendo que, além da deficiência na área da Saúde, sem adentrar na questão ainda do hospital, temos ainda o problema da Educação, com índices de desenvolvimento baixos, além da deficiência nas vagas dos CDIs, pois mesmo reduzindo para meio período, as filas de espera parecem intermináveis. Temos também o endividamento da máquina pública, reclamado por todas as lideranças deste município, que comprometeu a gestão dos próximos cinco mandatos. Não posso deixar de citar o empreguismo, que mesmo na pandemia não reduziu e nem se diminui cargos comissionados. Ao contrário: continuou-se a nomear a fim de ter cabos eleitorais nas ruas para a reeleição.
Cruzeiro: Como o senhor avalia o cenário político de Gaspar?
Sérgio: Um cenário inegavelmente difícil, pois nos últimos 25 anos apenas dois partidos se revezaram no governo de Gaspar. E o discurso é sempre o mesmo: vote no fulano pra não deixar o ciclano se eleger. São paradigmas que precisam ser derrubados. Espero que esta eleição seja diferente, pois a mudança é sempre saudável para o bem da democracia.
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