O presidente venezuelano Nicolás Maduro entregou nesta quarta-feira (3) ao poder eleitoral o decreto de convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que modificará a Constituição do país e a oposição considera uma "fraude constitucional" para evitar eleições antecipadas.
"Convoco uma Assembleia Nacional Constituinte cidadã e de profunda participação popular para que nosso povo, como depositário do poder constituinte originário, com sua voz possa decidir o destino da pátria", afirmou Maduro, acompanhado da presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena.
A eleição para a Assembleia Constituinte será realizada nas próximas semanas, segundo disse Maduro em discurso transmitido pela televisão.
O presidente socialista assegurou que a escolha dos membros da assembleia ocorrerá "livremente através do voto universal e secreto nas próximas semanas".
"Os integrantes da Assembleia Nacional Constituinte serão eleito nos âmbitos setoriais e territoriais sob reitoria do CNE (...) com o interesse supremo de preservar e aprofundar valores constitucionais de liberdade, igualdade, justica", assinala um dos artigos do decreto de convocação.
No mesmo ato, a chefe do órgão eleitoral - acusada de servir ao governo - manifestou que o processo de Constituinte "levará à paz do país, que todos merecemos".
Nesta quarta, a oposição voltou às ruas, desta vez para protestar contra a convocação da Assembleia Constituinte. Mais uma vez houve confronto entre manifestantes e a polícia.
As forças de segurança lançaram bombas de gás lacrimogêneo, jatos de água e balas de borracha contra uma grande manifestação em uma estrada estratégica do leste de Caracas, e jóveis respondiam com pedras e coqueteis molotov, segundo um repórter da agência France Presse no local.
Três pessoas morreram na terça-feira (2) durante protestos em Carabobo, no centro da Venezuela, onde também foram registrados saques e danos a alguns imóveis, segundo informações divulgadas pelas autoridades através das redes sociais.
Antes dessas novas mortes, o saldo relacionado aos distúrbios desde abril já era de 29 mortos, quase 500 feridos e mais de mil detidos.
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