O Parlamento escocês votou nesta terça-feira (28) a realização de um novo referendo sobre a independência do país, descontente com a saída do Reino Unido, do qual faz parte, da União Europeia. O referendo, que recebeu 69 votos a favor e 59 votos contra, representará um teste para a solidez do Reino Unido.
Com a aprovação, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, poderá pedir permissão ao parlamento britânico para avançar nos preparativos para a realização da consulta popular no fim de 2018 ou 2019.
A decisão do parlamento escocês é tomada um dia antes de a primeira-ministra britânica, Theresa May, notificar oficialmente a saída de Reino Unido da União Europeia.
Pouco depois da votação, o governo britânico declarou que não vai entrar em negociações com a Escócia sobre a realização do novo referendo. A manobra é uma tentativa de bloquear da realização da consulta até a conclusão do processo de afastamento do Reino Unido da União Europeia - o que está previsto para demorar dois anos.
"Seria injusto para o povo da Escócia pedir-lhes para tomar uma decisão crucial sem as informações necessárias sobre o nosso futuro relacionamento com a Europa ou como seria uma Escócia independente", afirmou o comunicado.
A chefe de governo britânica já chamou o novo referendo de "inaceitável", porém não há um artigo na Constituição que proíba a sua realização, segundo a France Presse. May só teria como opção tentar adiar o referendo o máximo possível para que não coincida com os dois anos de negociações com Bruxelas sobre os termos do divórcio UE-Reino Unido.
May viajou a Escócia na segunda-feira (27) para uma reunião com Sturgeon, em uma última tentativa de dissuadir a colega, mas nenhuma das duas mudou de opinião.
No referendo de 2014, a permanência no Reino Unido venceu por 55% a 45%. A votação aconteceu com o compromisso de definir o tema por pelo menos uma geração.
Mas os defensores da independência da Escócia alegam que em seu programa eleitoral constava que no caso de "uma mudança material das circunstâncias" eles solicitariam um novo plebiscito.
A mudança aconteceu com a aprovação do Brexit, em junho de 2015. Os escoceses votaram majoritariamente a favor da permanência na UE, mas seu voto se viu diluído a nível nacional. Sturgeon acusa May de não ter levado a Escócia em consideração nos preparativos para as negociações com Bruxelas, ao descartar, por exemplo, a permanência no mercado único europeu.
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