Dia de Finados: as fases do luto e como lidar com a perda - Jornal Cruzeiro do Vale

Dia de Finados: as fases do luto e como lidar com a perda

02/11/2023

Cada ser humano possui uma maneira de reagir à perda de um ente querido. Algumas pessoas se expressam através do choro, outras pela seriedade e praticidade ao resolver as questões burocráticas, e assim por diante. Mas, independentemente da maneira com que a notícia chega e a reação que ela causa, é preciso que quem está ao redor tenha empatia. Afinal, nunca estaremos 100% preparados para este momento.

Para entender melhor o processo de lidar com a dor do luto, o Parapsicólogo Clínico Daniel Pereira Souza, que atua desde 2016 em Gaspar, traz informações importantes que podem auxiliar nesta fase. Primeiro, ele cita o acolhimento e o respeito com a família enlutada. É preciso ter delicadeza nas palavras e falar sobre o tema ‘falecimento’ somente se a pessoa expressar a vontade de conversar sobre isso. Alguns processos fúnebres são longos e cansativos no sentido emocional e a família deve descansar. “É muito importante os mecanismos naturais da consciência lidarem e processarem o evento o corrido para, daí sim, em outro momento, trabalhar terapeuticamente. Claro que em alguns casos de estado emocional muito alterado é preciso procurar um médico para indicação de medicamento”, diz Daniel, ao afirmar que o processo terapêutico não é indicado nos primeiros 15 dias.

Evitar julgamentos é outro ponto importante. Isso porque existem pessoas que não expressam o sofrimento, mas isso não significa que não estão sofrendo pela perda. Em outros casos, pode acontecer de a pessoa querer ficar sozinha e em silêncio. É importante respeitar o espaço para não causar mais dor. “Lembre-se de que cada pessoa tem o seu jeito de lidar com a morte. Então julgar ou rotular alguém vai na contramão do acolhimento que a família precisa”.


Fases do luto

Segundo o parapsicólogo, a grande maioria das pessoas passa por seis fases do luto. O que muda de pessoa para pessoa é o tempo que essas fases vão fazer parte das suas vidas:


1º - choque: tende a ser a fase mais rápida. Nesse caso, existe uma preocupação para pessoas mais idosas ou com problemas de saúde como pressão alta ou cardíacos.


2º - negação: é a falta de aceitar a situação. Nessa fase, existe muita comoção e o estado emocional fica muito alterado.


3º - revolta: é o momento em que existe um questionamento em relação a fé, dentro de cada doutrina. Por exemplo: ‘porque Deus o levou?’


4ª – barganha: é quando a pessoa negocia com sua fé, falando, por exemplo, ‘por que não levou aquele bandido, ladrão, a pessoa ruim...’ É uma forma frustrada de negociar a morte do ente querido.


5ª – depressão: é preciso ter muito cuidado para avaliar essa situação porque, em alguns casos, a depressão no luto é um processo ‘bom’. Ela faz com que a pessoa faça uma reflexão e, o olhar para dentro de si, crie um processo de balança existencial, gerando uma motivação para a continuidade da vida. A depressão do luto não pode ser estendida por mais de três meses e, nesse caso, é de extrema importância a procura de ajuda profissional. Familiares e amigos próximos devem observar e aconselhar a busca pela ajuda.


6ª – aceitação: é a fase onde existe uma compreensão sobre a perda do ente querido. Sempre vai existir a saudade e as lembranças, mas, nesse momento, o sofrimento é muito menor. “O luto é um processo natural. Quanto mais a gente viver, mais vamos aprender a lidar com a morte. Não podemos deixar de lado a questão religiosa ou filosófica, pois são fatores determinantes na compreensão sobre a morte, já que em algumas doutrinas a morte é um mistério a ser revelado e em outras é uma transcendência espiritual. O que observamos é que quanto maior o conhecimento sobre o assunto, menor é o sofrimento. Porém, a morte é um assunto que assusta e traz medo em muitas pessoas, tanto é que o medo da morte é um dos maiores aceleradores da ansiedade. Podemos analisar ainda que o sofrimento é longo em pessoas com características de comportamento como ser protetor, controlador, possesivo, emotivo, apegado ou vitimista”.


Cuidados especiais

Ainda segundo Daniel, a atenção deve ser maior às pessoas idosas ou com problemas de pressão alta, cárdicos ou sensibilidade emocional. “Não existe uma forma de bolo pronta para os cuidados que devemos ter ao passar por esse momento. Muito porque cada pessoa está em um processo de entendimento ou compreensão sobre a morte. Mas, pode-se dizer que alguns cuidados são importantes, como observar a terceira fase do luto, que pode gerar pensamentos suicidas ou de vingança. Essa etapa tem a tendência de ser momentâneo, mas em alguns caso pode se agravar e as pessoas próximas precisam ter atenção. Caso fique difícil lidar com a dor da perda, procure ajuda de um profissional. Afinal, a vida precisar seguir dentro do novo normal e quem partiu com certeza não gostaria de ver o seu sofrimento”.

 

 

Edição 2127
 

 

Comentários

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.