Uma manifestação está marcada para acontecer às 19h desta terça-feira, dia 20 de agosto, no mesmo local em que um grupo de ciganos espancou um ciclista no último fim de semana (Avenida Frei Godofredo, nas proximidades do mercado Otto). O ato está sendo organizado por familiares e amigos e acontece com o objetivo de pedir que o caso seja investigado e os responsáveis, punidos. “Não queremos deixar isso pra lá. Os ciganos já estão em outra cidade e isso pode acontecer lá também. Não foi uma simples lesão corporal, foi uma tentativa de homicídio. Eles fizeram isso pelo mal. Hoje você é preso se chutar um cachorro. Então porque não está sendo feito nada com o que aconteceu? Ele vale menos que um cachorro? Essa é a nossa indignação”, disse uma amiga da vítima.
A intenção do grupo é realizar uma manifestação pacífica e fechar a rodovia. Porém, detalhes de como o ato vai acontecer ainda estão sendo estudados e tudo vai depender da quantidade de participantes.
[publicação da foto autorizada pela vítima]
Vilson Oneda Junior, de 37 anos, é o ciclista que foi espancado por um grupo de ciganos no último fim de semana em Gaspar. Ele está internado em estado grave no Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, onde aguarda melhora no quadro para passar por uma cirurgia. Isso porque ele teve todos os ossos da face quebrados durante a agressão sofrida no sábado, dia 17 de agosto, no bairro Santa Terezinha.
Ainda na cama do hospital, Juninho, como é conhecido, gravou um vídeo curto onde disse: “Parei pra filmar rapidinho e os rapazes vieram para cima de mim com socos. Obrigado a quem tá me ajudando. Se Deus quiser, logo estarei recuperado”.
Viviane Oneda Fogaça de Lima, irmã de Juninho, conta que o irmão estava a caminho de casa no início da tarde de sábado, dia 17 de agosto, quando passou em frente a um acampamento de ciganos e se deparou com uma briga. “Hoje em dia, a maioria das pessoas anda com o celular na mão e passa por alguma situação e grava. Só que ele fez a filmagem errada, na hora errada. Quando os ciganos viram, jogaram uma pedra e não acertaram. Então foram pra cima dele. Esse foi o motivo do espancamento: ele parou para filmar uma briga”.
Imagens gravadas por pessoas que presenciaram o espancamento e também por câmera de estabelecimento comercial mostram o momento do crime. “Os ciganos falaram que ele assediou crianças e que por isso bateram. Mas é mentira. Quem o conhece sabe que ele não fez e não faria nada. Os ciganos saíram ilesos. Levantaram acampamento e apenas foram embora, deixando a sujeira”.
Depois de ser espancado, Juninho, foi levado ao Hospital de Gaspar, onde permanece internado. Ele não pode ser submetido a uma cirurgia devido ao inchaço na face e risco de hemorragia.
O acampamento cigano foi desmobilizado do local.
Juninho é morador do bairro Santa Terezinha, local próximo onde aconteceu o crime.
Conforme informações da Polícia Militar, os autores são pessoas que estavam alojadas no acampamento cigano. O caso foi repassado para a Polícia Civil, que abriu um inquérito para apurar os fatos.
Na manhã desta terça-feira, dia 20 de agosto, a Polícia Militar emitiu uma nota oficia sobre o caso. Leia na íntegra:
"O comando da 2ª Companhia do 18º Batalhão de Polícia Militar esclarece através da presente nota as circunstâncias do atendimento de ocorrência de lesão corporal neste sábado, 17, no bairro Santa Terezinha.
Primeiro, cumpre esclarecer que assim que a PM foi acionada fez o deslocamento para o local da ocorrência. Que ao chegar ao local já não estavam mais havendo agressões, sendo prestados os primeiros atendimentos pré-hospitalares e acionamento do Corpo de Bombeiros Militar para atendimento da vítima.
A vítima, que estava consciente, relatou que estava passando pelo local e foi agredido por alguns homens. Em seguida, foi identificado o suposto autor dos fatos, tendo relatado que a vítima teria urinado em frente à sua filha, motivo pelo qual iniciaram as discussões que evoluiu para agressão física. Tais circunstâncias serão esclarecidas por oportunidade de inquérito policial já instaurado pela Delegacia de Polícia Civil de Gaspar.
Ainda, destaca-se que o crime de lesão corporal está inserido no capitulo dos crimes contra a vida, no artigo 129 do Código Penal, que pune a conduta de alguém ofender a integridade física ou a saúde de outra pessoa, e se divide em leve, grave, gravíssima e seguida de morte.
A pena para a lesão leve é de detenção de três meses a um ano e, por opção do legislador é considerado um crime de menor potencial ofensivo, não cabendo auto de prisão em flagrante, mas termo circunstanciado de ocorrência. O texto legal define que só existe lesão corporal grave se há a consequência de incapacitar as ocupações comuns da vítima por mais de trinta dias, se há perigo de vida como resultado da lesão, se há redução permanente de alguma das capacidades da vítima ou se há aceleração do parto, situações que, via de regra, necessitam de comprovação médica o que somente foi possível após o encaminhamento ao hospital.
No entanto, diante da rápida resposta da PM, foi possível qualificar e identificar o suposto autor dos fatos, que foi devidamente compromissado, conforme procedimento operacional padrão, sendo devidamente informado à central de flagrantes em Blumenau.
Por fim, esclarece-se que houve atrito verbal entre os populares e os supostos autores do fato, mas que foram mediadas pelas guarnições da Polícia Militar, não havendo necessidade de emprego de força, não ocorrendo nenhuma alteração significativa."
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