Aconteceu em 1984 em Gaspar: queda de avião mata cinco pessoas - Jornal Cruzeiro do Vale

Aconteceu em 1984 em Gaspar: queda de avião mata cinco pessoas

31/08/2018

Por Geraldo Genovez

Em 21 de janeiro de 1984, um acontecimento uniu Gaspar, localizada no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, ao município de Erechim, situado na região Norte do Rio Grande do Sul. Ambas as cidades, conhecidas pela boa receptividade e grande instinto de humanidade, ficaram interligadas pela comoção decorrente de um triste acontecimento. Naquele dia, a madrugada amanheceu em tempo fechado. A manhã cinza e sem vento foi cenário para a queda de um avião de pequeno porte nas terras gasparenses. Ao todo, cinco pessoas faleceram.
Esta história é contada pela versão de três personagens: Claudette Bohn, proprietária do sítio em que a aeronave sucumbiu; Paulo César Maba, bombeiro que atuou no resgate; e Gilberto Salomoni, irmão de dois passageiros do avião. Em respeito às vítimas, suas respectivas famílias e também aos leitores, não serão expostos detalhes sobre os corpos.

Gasparense lembra como tudo aconteceu

Claudette continua morando no mesmo endereço, no bairro Gaspar Mirim, no interior da cidade. “Minha casa ficava bem pertinho do local onde tudo aconteceu. Meu falecido marido, Egon Bohn, assistiu de perto o triste episódio. Ele ouviu o barulho do avião e percebeu que o mesmo voava baixo. Foi muito rápido... A aeronave perdeu as asas e, quando Egon deu por si, havia uma tragédia na sua frente”. De acordo com a senhora, a queda ocorreu entre dois morros, em um ambiente forrado por samambaias e um capoeirão.
Por conta da violência do acidente, as pessoas que residiam nas proximidades foram até o local averiguar o que havia acontecido. “Apesar de estarmos falando de 34 anos atrás, uma época em que as notícias não corriam tão rápido, a rádio chegou a anunciar a ocorrência e isso gerou ainda mais repercussão. Lotou de gente ao redor dos destroços”, conta Claudete. Ela relembra do caso, emocionada, e o define como uma fatalidade. Um momento que nunca vai esquecer justamente pelo peso que essa história carrega.
Para Claudette, a cena se tornou ainda mais triste com a confirmação das mortes. “Ah, foi tão doloroso. Até hoje, não sei exatamente quem foram essas pessoas, mas as guardo no coração. Imagino que fossem da mesma família. Lembro com muita clareza do desespero do Egon ao relatar o que presenciou. Ele entrou em estado de choque e demorou a se recuperar. Afinal de contas, ninguém espera assistir algo desse gênero”.

Bombeiro fala do resgate

Um acidente aéreo, nunca antes registrado em Gaspar, causou tumulto na cidade. Mesmo estando de folga no dia da tragédia, Paulo César Maba possui papel fundamental no desfecho dessa história. “Foi um sábado incomum, o tempo estava seco. Eu não trabalhei na oportunidade, mas me inteirei do assunto no dia seguinte, quando fui escalado para serviços internos no quartel”, recorda o ex-militar.
Com a queda do avião, três homens adultos morreram na hora e um menino permaneceu vivo. Porém, a criança não resistiu aos ferimentos e faleceu no caminho para o hospital. “O que mais me intrigou nessa história toda é que havia uma mulher na aeronave e ela não havia sido encontrada. Assim que descoberta a presença de mais uma passageira, começaram as buscas pelo corpo. Chegou segunda-feira e eu fui até o sítio para reforçar a equipe na averiguação”, diz Maba.
A mulher foi encontrada a aproximadamente 100 metros dos destroços, conforme conta o bombeiro. “O dia mal tinha clareado e nós já estávamos lá. Fizemos uma procura minuciosa, detalhada e bastante árdua. Demorou cerca de uma hora até que achássemos a jovem. Tomamos as devidas providências, dentro do protocolo, para dar encaminhamento ao corpo”. Além de Maba, estavam escalados para trabalhar naquele dia os soldados Korc, Luiz Antônio, Borges e Rodrigues.
Outra recordação de Maba diz respeito a retirada das peças do avião do lugar onde ocorreu o acidente. “Passaram-se alguns dias e a carcaça da aeronave foi levada para a antiga oficina da prefeitura, na usina São Pedro”, recorda.

Irmão fala da tragédia

Se em Gaspar a queda do avião gerou tristeza, o sentimento de perda foi ainda maior em Erechim. Quem guarda essa história na memória e conta sobre o pós-acidente é Gilberto Salomoni, irmão de Henrique e Ivan Salomoni, dois dos cinco passageiros vítimas do acidente com aeronave. Segundo ele, outro familiar faleceu na ocasião: o sobrinho Jeremias Salomoni, de apenas dois anos de idade, filho de Henrique. Também estavam no meio de transporte aéreo Rochelle Elídia Anzanelo, babá do menino; e o seu irmão, Roberto Anzanelo.
O avião saiu de Erechim e seguia rumo ao aeroporto de Navegantes, no litoral catarinense. O motivo da viagem era a participação dos irmãos Salomoni em uma competição de tiro ao alvo. Porém, não foi possível chegar ao destino final. Ainda hoje, o acidente traz dores e lembranças tristes para os moradores da Gaspar e Erechim.

Vítimas

Henrique Ângelo Salomoni – 38 anos
Ivan Carlos Salomoni – 36 anos
Jeremias Salomoni – 2 anos
Roberto Anzanelo – 18 anos
Rochelle Elídia Anzanelo – 16 anos

Aconteceu em Gaspar

O Jornal Cruzeiro do Vale produz, esporadicamente, reportagens especiais com fatos históricos ocorridos em Gaspar. O intuito do material jornalístico é relembrar esses acontecimentos, narra-los sob a perspectiva de personagens que os vivenciaram e também contribuir com o acesso a informações que não puderam ser noticiadas pela falta de tecnologia e número reduzido de veículos de comunicação existentes na época.

Edição 1866

 

Comentários

Onivaldo Ignaczuk
03/09/2018 22:05
Lembro bem deste acontecimento. Na época trabalhava na empresa Artex, atual Coteminas. Os colegas de trabalho comentaram muito sobre o ocorrido. Alguns de meus colegas eram gasparenses e conheciam o local.
Na época eu não conhecia Gaspar. Em 1987 vim trabalhar no Gaspar Alto e atualmente resido neste bairro.

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